Violência contra a imprensa – Imagem: Freepik
Por – Carlos Eduardo Lins da Silva, Jornal da USP / Neo Mondo
Carlos Eduardo Lins da Silva lamenta que, no Brasil, apenas 13 veículos – todos sem muita expressão – participem de um projeto que incentiva a cobertura mais extensa dos problemas ligados às mudanças climáticas
Um relatório recente do Repórteres Sem Fronteiras revela que, nos 12 meses seguintes ao assassinato do jornalista Dom Phillips ocorreram 66 ataques à imprensa na Amazônia. Para o professor e jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, o documento é importante por mostrar as dificuldades existentes para o trabalho jornalístico naquela localidade do País, dada a própria geografia da região, à qual se acrescentam questões políticas, econômicas e de segurança. E o pior, na opinião do colunista, é que não se faz muito esforço para que essa situação mude. O relatório do Repórteres Sem Fronteiras sugere que as iniciativas jornalísticas possam ser elegíveis aos recursos do Fundo Amazônia, financiado por países da Europa para combate ao desmatamento e conservação das florestas, proposta com a qual concorda Lins da Silva, que acredita que “seria bom para todos os que estão tentando fazer esse trabalho difícil lá na Amazônia ter algum tipo tipo de auxílio material por meio dos recursos do Fundo Amazônia”.
E aqui o colunista toca num outro ponto que considera importante, que tem a ver com as questões ligadas às mudanças climáticas, as quais, em sua opinião, não merecem a importância que deveriam por parte das autoridades. Ele comenta uma iniciativa tomada, ainda em 2019, pela Columbia Journalism Review, uma revista da Universidade de Columbia (EUA), que prega uma cobertura mais extensiva das questões ligadas à mudança do clima em todo o planeta, algo que o colunista considera de extrema importância pela ameaça que representa para a humanidade. Por meio da Covering Climate Now (Cobrindo o Clima Agora), essa iniciativa conseguiu congregar mais de 500 veículos jornalísticos, os quais recebem auxílio para que possam aumentar a qualidade e a quantidade da cobertura dos problemas originários da questão climática na imprensa mundial.
Ele lamenta apenas serem poucos os veículos de imprensa brasileiros que fazem parte desse projeto – no total, são 13, todos eles pequenos, ao contrário do que ocorre com a imprensa de outros países, como na Argentina, onde grandes jornais participam da iniciativa. “Eu acho que seria muito importante que os veículos de imprensa de grande expressão no Brasil começassem a levar mais a sério também a sua responsabilidade de tratar a questão climática, que é uma questão de fato essencial para a humanidade e que não tem sido tratada pelos jornais, de modo geral, no mundo, de forma condizente com essa importância.”