“Empregos verdes” começam a superar as ofertas disponíveis no mercado – Imagem: Freepik
ARTIGO
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Por – Amanda Stelitano, pesquisadora do Instituto Propague, especial para Neo Mondo
O mercado de trabalho está passando por uma transformação significativa à medida que as preocupações ambientais, sociais e de governança se tornam cada vez mais importantes para empresas, investidores e a sociedade. Com o avanço da transição energética, novas metas de descarbonização são estipuladas e novas iniciativas sustentáveis entram na agenda dos setores, o que faz com que a demanda por profissionais capacitados para atuar nos chamados “empregos verdes” comece a superar a oferta disponível no mercado.
Empregos verdes, que envolvem a aplicação de habilidades voltadas para a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente, são aqueles que desempenham funções relacionadas à redução do impacto de empresas e setores econômicos em geral, adaptando e acelerando a transição dos modelos de produção para os padrões ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa). De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), essa modalidade representa os empregos do futuro, desempenhando um papel fundamental no processo de tornar a economia mais sustentável e contribuindo para os esforços globais de redução das emissões de carbono e mitigação das mudanças climáticas.
O LinkedIn realizou uma pesquisa com mais de 900 milhões de usuários de sua rede para identificar a tendência de crescimento das habilidades verdes no mercado de trabalho. Os resultados revelaram que, entre 2022 e 2023, os anúncios de emprego que exigem pelo menos uma habilidade verde cresceram cerca de 15,2%, contrariando a tendência de contratação e atração de novos profissionais com outras habilidades essenciais. Além disso, constatou-se que 7 em cada 8 trabalhadores não possuem sequer uma habilidade relacionada ao meio ambiente.
Esses números indicam que, à medida que a demanda por esses profissionais cresce, a disponibilidade de especialistas capacitados não acompanha a tendência. Portanto, é crucial que as empresas e instituições financeiras reconheçam essa lacuna no mercado e empenhem-se em promover a capacitação em habilidades verdes e sustentáveis no mercado de trabalho.
Empregos verdes: em que áreas estão as principais oportunidades?
Considerando que a redução das emissões de carbono e a transição energética são pilares fundamentais da agenda global para combater os efeitos das mudanças climáticas, é possível observar um aumento na demanda por profissionais com habilidades verdes em setores que, historicamente, têm sido grandes emissores de carbono e poluentes, como é o caso do setor de transportes, petróleo e gás. Devido à crescente regulamentação e políticas mais restritivas aplicadas a esses setores, novas estratégias de produção estão sendo implementadas, o que requer a contratação de profissionais com habilidades verdes para auxiliar na transição e na conformidade com os padrões ESG exigidos.
Outro setor de suma importância é o de energia, à medida que ocorre uma transição da indústria de energia, movendo-se dos combustíveis fósseis para a produção de energia limpa e renovável. Ao longo desse processo, têm surgido novas oportunidades de carreira. No Brasil, que representou 10% dos empregos verdes no mundo em 2022, o país conquistou a segunda posição global em termos de oferta de empregos na área de energia limpa, registrando um notável crescimento nas indústrias de energia solar, hidrelétrica e de biocombustíveis.
Por fim, o setor financeiro também apresenta um grande potencial de expansão na demanda por profissionais com habilidades verdes, desempenhando um papel fundamental no processo de transição sustentável. Especialmente no financiamento desse processo e no incentivo a outros setores a seguirem na mesma direção, ao incluir critérios ESG na definição da alocação de recursos. De acordo com a pesquisa, o setor financeiro projeta um crescimento de quase 15% ao ano na contratação de “profissionais verdes”, representando o maior crescimento em meio à transição sustentável da indústria. Isso ocorre porque o setor financeiro tem o potencial de alocar recursos e financiar programas de capacitação e formação de especialistas na área, integrando essas habilidades em suas atividades sustentáveis.
Seu papel como financiador da transição também coloca o setor financeiro no centro do crescimento da disponibilidade de profissionais com habilidades verdes. Atuando como elo entre os recursos financeiros e os agentes transformadores, o setor financeiro está bem posicionado para promover, direta ou indiretamente por meio da alocação de recursos, programas de capacitação e desenvolvimento de habilidades voltados para o mercado verde. Isso auxilia a suprir a escassez de profissionais qualificados, incentivando empresas e indústrias a investirem na especialização de seus funcionários e a se adaptarem às metas de sustentabilidade globais.
Em meio ao cenário desafiador no mercado de trabalho global, com muitos setores enfrentando demissões em larga escala e sofrendo com a baixa contratação, o mercado de empregos verdes continua a crescer. Nesse contexto, investir na capacitação e orientação de profissionais para adquirirem essas habilidades não apenas pode acelerar a transição para uma economia sustentável, mas também ter um impacto positivo tanto no mercado de trabalho quanto na economia como um todo.