Pôr do sol no Elevador Lacerda – Imagem: Freepik
POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
No coração do Nordeste brasileiro, encontra-se uma cidade que não só testemunhou, mas também influenciou profundamente a trajetória cultural do país. Salvador, a primeira capital do Brasil, também conhecida como Capital da Alegria, completa, hoje (29), 475 anos. Esta cidade encantadora, com suas ruas de paralelepípedos, arquitetura colonial e vibrante cena cultural, é um tesouro vivo da história brasileira.
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Atualmente, é a maior cidade do nordeste brasileiro e conta com 2,4 milhões de habitantes. Salvador também é a capital mais negra do Brasil, com mais de 80% da população se considerando preta ou parda.
Salvador é muito mais do que apenas uma cidade costeira pitoresca; é um lugar onde as camadas da história brasileira se entrelaçam de maneira fascinante. Fundada em 1549 pelos portugueses, Salvador foi o coração do império colonial por muitos anos. Foi a partir daqui que a cultura brasileira começou a se formar, uma mistura única de influências europeias, africanas e indígenas que moldaram a identidade nacional.
Uma das características mais marcantes de Salvador é a sua diversidade cultural. É uma cidade onde o sincretismo religioso é evidente em cada esquina, com igrejas barrocas ao lado de terreiros de candomblé. O carnaval de Salvador é famoso em todo o mundo, atraindo milhões de visitantes todos os anos para celebrar a alegria e a diversidade da cultura brasileira. Além disso, a música e a dança estão enraizadas na vida cotidiana dos soteropolitanos, com o som do samba, axé e o batuque dos tambores ecoando pelas ruas.
O centro histórico de Salvador, o Pelourinho, é um Patrimônio Mundial da UNESCO e um testemunho vivo da rica herança arquitetônica da cidade. Suas ruas estreitas são adornadas com edifícios coloniais coloridos, muitos dos quais datam do século XVI. Cada esquina conta uma história, desde os tempos da escravidão até os dias de hoje.
É também um símbolo de resistência e luta pela igualdade. Como uma das cidades mais afetadas pelo comércio de escravos, sua história está profundamente ligada à história da diáspora africana nas Américas. Hoje, a cidade continua a ser um centro de empoderamento negro, com movimentos culturais e sociais que buscam preservar e promover a herança africana.
À medida que Salvador se prepara para comemorar mais um aniversário, é importante lembrar o papel vital que esta cidade desempenhou na formação da identidade brasileira. Sua cultura rica e diversa, sua história fascinante e sua beleza arquitetônica a tornam verdadeiramente única. Enquanto celebramos, também reconhecemos os desafios que enfrenta, desde a preservação de seu patrimônio histórico até a luta contínua pela igualdade e inclusão. Salvador não é apenas uma cidade; é um símbolo do Brasil em toda a sua complexidade e beleza.
Finalizo o texto com um lindo poema do mestre VINÍCIUS DE MORAES:
“A bênção, Bahia
Olorô, Bahia
Nós viemos pedir sua bênção, saravá!
Hepa hê, meu guia
Nós viemos dormir no colinho de lemanjá!
Nanã Borokô fazer um Bulandê
Efó, caruru e aluá
Pimenta bastante pra fazer sofrer
Bastante mulata para amar
Fazer juntó
Meu guia, hê
Seu guia, hê
Bahia!
Saravá, senhora
Nossa mãe foi-se embora pra sempre do Afojá
A rainha agora
É Oxum, é a mãe Menininha do Gantois
Pedir à mãe Olga do Alakêto, hê
Chamar Inhansã para dançar
Xangô, rei Xangô, Kabueci-elê
Meu pai! Oxalá, hepa babá!
A bênção, mãe
Senhora mãe
Menina mãe
Rainha!
Olorô, Bahia
Nós viemos pedir sua bênção, saravá!
Hepa hê, meu guia
Nós viemos dormir no colinho de lemanjá!”