A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, recebeu das Nações Unidas o Prêmio Campeões da Terra – Imagem: © Pnuma/Camila Morales
POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
A Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, foi agraciada com o Prêmio Campeões da Terra, o mais alto reconhecimento ambiental concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU). O anúncio foi feito nesta terça-feira, 10 de dezembro, na sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em Nairóbi, Quênia.
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Guajajara se junta a outros cinco defensores do meio ambiente de diferentes partes do mundo, sendo reconhecida por sua liderança na proteção da biodiversidade e promoção do conhecimento ancestral indígena. Os demais premiados incluem Amy Bowers Cordalis, dos Estados Unidos; Gabriel Paun, da Romênia; Lu Qi, da China; Madhav Gadgil, da Índia; e a iniciativa de agricultura sustentável Sekem, do Egito.
Em mensagem gravada para a ONU News, a ministra agradeceu pelo prêmio e destacou a importância da valorização das ações indígenas na preservação do meio ambiente. “Estamos vivendo um período de muitos desafios. Parte desses desafios resulta da exploração predatória da natureza e das relações desiguais de poder. A valorização da luta e do conhecimento ancestral dos povos indígenas pela manutenção da floresta em pé é essencial para conseguirmos mudar esse cenário e precisamos agir agora”, afirmou.
Reconhecimento da luta indígena e impacto ambiental
Sonia Guajajara é a primeira ministra dos Povos Indígenas no Brasil, um marco histórico para a representatividade dos povos originários. Sob sua liderança, 10 territórios indígenas foram demarcados, fortalecendo o combate ao desmatamento, à extração ilegal de madeira e ao tráfico de drogas. Esses avanços reforçam o papel crucial dos povos indígenas na manutenção dos ecossistemas e na mitigação das mudanças climáticas.
Guajajara destacou que os modos de vida indígenas estão profundamente alinhados com o conceito de “bem-viver”, que promove o respeito à terra, à natureza e à coletividade. “Nossos modos de vida são baseados no respeito à Mãe Terra e na prevalência dos interesses coletivos em relação aos individuais”, disse.
Impacto global do prêmio
O Prêmio Campeões da Terra é concedido desde 2005 e já reconheceu 122 pessoas e organizações que demonstraram liderança excepcional e implementaram soluções sustentáveis para enfrentar desafios ambientais globais. Este ano, o prêmio enfatizou a urgência de combater a degradação da terra, a seca e a desertificação. Segundo a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, até 2050, três quartos da população mundial poderão ser afetados por secas.
Ao lado dos outros vencedores, Sonia Guajajara eleva a luta dos povos indígenas ao cenário global, destacando a sabedoria ancestral como peça-chave para a sustentabilidade do planeta. “Reconhecimentos como este prêmio são fundamentais para valorizar e disseminar o nosso saber. É um incentivo para continuarmos na trajetória pela preservação da biodiversidade”, reforçou.
Trajetória de uma líder
Natural da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, e pertencente ao povo Guajajara-Tentehar, Sonia Guajajara tem uma longa história de ativismo em prol dos direitos indígenas e do meio ambiente. Antes de assumir a pasta dos Povos Indígenas, ela liderou a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e atuou em importantes organizações como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Reconhecida internacionalmente, Sonia foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes de 2022 pela revista TIME e uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo pela BBC em 2023. Seu trabalho e dedicação continuam a inspirar ações em defesa do planeta e das populações indígenas.
A premiação não só celebra a trajetória de Sonia Guajajara, mas também destaca a relevância dos povos indígenas na construção de um futuro sustentável, reafirmando o papel central do Brasil no enfrentamento dos desafios ambientais globais.