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“A MORATÓRIA DA SOJA MOSTROU QUE O DESMATAMENTO ZERO É POSSÍVEL”
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Por – Eleni Lopes, diretora de redação
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Foto de banner – Fábio Nascimento – Greenpeace
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Em 5 de setembro comemora-se o Dia da Amazônia. Em homenagem à maior bacia hidrográfica e à maior floresta tropical do mundo, NEO MONDO entrevistou Danicley S. de Aguiar e Tica Minami (Coordenadora da Campanha Amazônia), ambos do GREENPEACE.
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– Quais são os projetos hoje desenvolvidos pelo Greenpeace na Amazônia?
Atualmente atuamos em três grandes frentes de trabalho na Amazônia: zerar o desmatamento na Amazônia, contra a exploração ilegal e predatória de madeira, contra a expansão de barragens nos rios amazônicos para a produção de energia, pois consideramos serem os principais vetores de destruição no bioma, com fortes impactos na sua estrutura social.
– Alguns especialistas alegam ser inviável implantar a proposta do Desmatamento Zero defendida por vocês. Como vocês veem a implantação e monitoramento dela?
Após intensa campanha do Greenpeace, os dois maiores setores responsáveis pelo desmatamento na Amazônia – o da pecuária e o da soja – assumiram compromissos de não comprar mais gado e soja provenientes de novos desmatamentos desde 2009 e 2006, respectivamente.
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Em vigor há dez anos, a Moratória da Soja na Amazônia mostrou que o Desmatamento Zero é possível na prática. O acordo garantiu que as traders de soja responsáveis por 90% da produção na Amazônia não comprassem soja cultivada em áreas desmatadas na Amazônia após 2008. Antes do compromisso, 30% da expansão de soja acontecia sobre áreas de floresta. Hoje esse número não passa de 1,4%. O plantio de soja em áreas desmatadas após 2008 é monitorado anualmente pelo Grupo de Trabalho da Soja, composto por organizações da sociedade civil, empresas e governo e que é responsável pela implementação do acordo. A partir deste monitoramento anual, as empresas que fazem parte da Moratória da Soja bloqueiam produtores que não cumprem com o critério do Desmatamento zero. É importante ressaltar que o monitoramento do acordo só é viável em virtude do acesso a dados como os de desmatamento e do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
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Créditos: Fábio Nascimento – Greenpeace
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A exemplo da Moratória da Soja, os três maiores frigoríficos operando na Amazônia – JBS, Marfrig e Minerva – também assumiram o compromisso de não mais comprar gado proveniente de áreas desmatadas na Amazônia a partir de 2009 ou de fazendas envolvidas com trabalho escravo e invasão de terras indígenas. Desde 2014, as empresas signatárias do Acordo Público da Pecuária passaram a tornar públicas verificações independentes que testam a efetividade do sistema de compra de gado em excluir fazendas envolvidas com desmatamento, trabalho escravo, invasão de terras indígenas e Unidades de Conservação. Apesar de tais avanços, os frigoríficos permanecem descumprindo alguns itens do Compromisso Público da Pecuária. Um deles, assumido há quase 7 anos, diz respeito ao controle sistemático de fazendas que fornecem INDIRETAMENTE para essas companhias.
Embora os acordos de mercado em torno do Desmatamento Zero tenham colaborado para a queda expressiva dos índices de desmatamento nos últimos anos, vale pontuar que o Desmatamento Zero requer uma repactuação do Brasil com a Amazônia, capaz de romper com a relação colonial que historicamente condenou a região a ser tratada como província mineral, energética e fonte inesgotável de terra barata para o agronegócio do país.
Promover cadeias produtivas mais justas e menos predatórias, é
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condição básica para que o Brasil mude o papel da Amazônia no desenvolvimento nacional e implemente de forma eficaz uma política pública que valorize a floresta em pé.
– Na visão do Greenpeace, qual o modelo econômico ideal para a preservação da Amazônia?
A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta e abriga não apenas uma biodiversidade inigualável, mas também uma diversidade cultural inestimável. Ao considerarmos essa rica sociobiodiversidade amazônica, não podemos falar em apenas um modelo, mas em arranjos econômicos adequados às especificidades regionais, capazes de gerar renda para a população regional, a partir do equilíbrio entre as cadeias baseadas em produtos para o mercado externo, e as cadeias curtas de valor para abastecimento do mercado regional. O atual modelo de desenvolvimento considera apenas a variável econômica para valorizar a Amazônia – isso significa desmatar para plantar monocultura ou pasto; barrar os rios para produzir energia; desmatar e poluir para extrair os minérios. Essa equação, simplista e predatória, destrói a floresta e seus povos, além de agravar as dinâmicas das mudanças climáticas, que vão afetar não apenas a floresta e seus habitantes, mas toda a humanidade.
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– Para o Greenpeace, existe alguma alternativa sustentável para a extração de minério na Amazônia? E para a geração de energia?
O problema não é o minério, mas o modelo de mineração atual que, além de extremamente predatório, é também concentrador de renda, que privatiza o lucro, mas divide sobretudo as chamadas externalidades da atividade mineral.
No que diz respeito a geração de energia, não se deve esquecer que a Amazônia é superavitária em termos de geração, cabendo-lhe o papel cruel de continuar recebendo projetos hidrelétricos fadados a comprometer a resiliência ambiental do bioma e aprofundar os já deteriorados índices sociais das cidades amazônicas.
O Brasil não pode continuar a ignorar a revolução energética em curso no mundo, sob pena de colocarmos em cheque nosso processo de evolução social. Assim, cabe à política energética nacional, a tarefa de promover a geração distribuída e a microgeração fotovoltaica (solar) e eólica, bem como viabilizar um amplo programa de eficiência energética que permita um uso mais racional de toda energia gerada pelo país.
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– O Greenpeace tem dialogado ou sentado na mesa com o governo (federal ou estadual) para dialogar com as medidas ou projetos para a Amazônia?
O Greenpeace está aberto para dialogar com todos os setores da sociedade preocupados em encontrar soluções que mantenham a floresta em pé e garantam os direitos dos povos indígenas e populações tradicionais que vivem na Amazônia. No entanto, reconhecemos o grave momento político que o país atravessa no atual governo Temer que, em conluio com a bancada ruralista do Congresso Nacional, vem promovendo um ataque sem precedentes sobre as terras públicas do país, sobretudo na Amazônia. Por isso, mais de 140 organizações e entidades ambientalistas, indígenas, de direitos humanos e do campo decidiram se unir em um movimento de resistência contra as medidas do governo Temer e da bancada ruralista que violam direitos humanos – especialmente de indígenas e de trabalhadores rurais – e colocam em risco a proteção do meio ambiente. O grupo lançou uma carta pública convocando outras entidades e a sociedade a aderirem ao movimento. Até o momento, cerca de 130 organizações já assinaram o documento.
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