O QUE REALMENTE AVANÇOU NA COP 23
POR – ELENI LOPES, DIRETORA DE REDAÇÃO
Alguns participantes da conferência declararam na imprensa que as negociações na conferência ainda estão muito aquém do necessário para enfrentar o desafio climático. No entanto, avanços importantes foram feitos. NEO MONDO prefere sempre ver o copo meio cheio e elenca as principais conquistas
Quase 200 países se reuniram, em novembro, em Bonn, na Alemanha, para a Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP23). O objetivo principal do encontro era o desenvolvimento de uma “cartilha” para implementar o Acordo de Paris e atingir a meta mundial de limitar o aquecimento do Planeta a no máximo 2 graus Celsius (ºC) — e preferencialmente a 1,5 ºC — até o final do século. Apesar de ter avançado na construção desse material, que será finalizado na próxima reunião do clima que acontece ano que vem na Polônia, participantes da
COP 23 apontaram que as negociações ainda estão muito aquém do necessário para enfrentar o desafio climático.
O Brasil, inclusive, ganhou o prêmio “Fóssil do Dia” na conferência por causa da Medida Provisória enviada pelo presidente Michel Temer ao Congresso – a MP 795/2017 – que reduz os tributos das empresas envolvidas nas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural.
Combustíveis que emitem 50% menos CO2
Foi lançada na COP 23 a iniciativa Bellow50 (abaixo de 50), que reúne toda a cadeia de valor para combustíveis sustentáveis - isto é, que emitem 50% menos CO2 do que os combustíveis fósseis convencionais. O objetivo é criar a demanda e o mercado para ampliar a implantação.
O transporte representa cerca de 18% de todas as emissões em todo o mundo, e mais de 90% do setor ainda depende de materiais fósseis intensivos em carbono. Hoje, apenas 3% dos combustíveis para transporte são de baixa emissão de carbono.
De acordo com a Agência Internacional de Energia, se quisermos satisfazer o crescimento econômico e limitar o aquecimento global a menos de 2 ° C, 10% de todos os combustíveis para transporte devem ser baixos em 2030 e 30% em 2050.
“Estamos diante de uma nova revolução industrial. As empresas voltadas para o futuro estão excedendo seus objetivos climáticos usando a inovação para ajudá-los a reduzir sua pegada de carbono”, afirma Freya Burton, Diretora de Sustentabilidade e Pessoas da LanzaTech.
Avanços
Apesar das altas expectativas, avanços importantes foram feitos na COP 23. NEO MONDO elenca abaixo as principais, com base em informações da ONU:
- Fundo de Adaptação excede o objetivo de 2017 – A contribuição da Alemanha de 50 milhões de euros e a da Itália de 7 milhões de euros significa que o Fundo já superou seu objetivo de 2017 em mais de US$ 13 milhões e representa um equivalente total de US$ 93,3 milhões de dólares.
- Noruega e Unilever anunciaram US$ 400 milhões para investimento público e privado em desenvolvimento socioeconômico, em especial para investir em modelos de negócios que combinam investimentos em agricultura de alta produtividade, inclusão de pequenos agricultores e proteção florestal.
- Alemanha e Grã-Bretanha fornecerão US$ 153 milhões para expandir programas para combater as mudanças climáticas e o desmatamento na floresta amazônica.
- Green Climate Fund e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento assinaram acordo de US$ 37,6 milhões para financiamento do projeto de conservação de água no Marrocos.
- O Instituto de Recursos Mundiais anunciou um marco de US$ 2,1 bilhões de investimento privado destinado a restaurar terras degradadas na América Latina e no Caribe através da Iniciativa 20×20.
- O PNUD, a Alemanha, a Espanha e a UE lançam um programa de apoio no valor de 42 milhões de euros para ajudar os países a cumprir o Acordo de Paris.
- Equador se comprometeu a reduzir 15 milhões de toneladas de emissões de CO2 no setor florestal.
- Mars Inc. se comprometeu a reduzir a pegada de carbono em 27% até 2025 e em 67% em 2050.
- Microsoft reduzirá as emissões de carbono em 75% até 2030
- Walmart se comprometeu a adquirir produtos que não aumentam o desmatamento.