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ARTIGO: ÁGUA, NATUREZA E ALIMENTO
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POR – MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES ESPECIAL PARA NEO MONDO
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]O 8º Fórum Mundial da Água trouxe para Brasília uma discussão difícil e premente: o uso competitivo da água, recurso natural mais importante para a humanidade, infelizmente escasso em quantidade e em qualidade. Foi por isso que o fórum destacou na sua primeira edição no Hemisfério Sul o tema “compartilhando água”. Nas palavras do presidente honorário do Conselho Mundial da Água, Loïc Fauchon, “compartilhar água é um conceito muito fácil de formular e difícil de cumprir”, daí a grande dificuldade de se assegurar a disponibilidade de água em todos os lugares, em especial num mundo repleto de crises, muitas delas causadas pela escassez desse precioso líquido.
Por isso se justifica a grandiosidade do Fórum Mundial da Água, com mais de duas centenas de painéis de discussão e debates e cerca de 40 mil participantes de todos os cantos do planeta. O Fórum foi palco de discussão das variadas e complexas funções que a água cumpre em nossas vidas, sendo a mais nobre prover condições para uma enormidade de reações químicas e processos biológicos que sustentam a teia da vida. [/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]Além disso, a água é componente fundamental da paisagem e do meio ambiente, com impactos sobre o nosso bem-estar espiritual e físico. Além de cumprir a função essencial de limpar o nosso corpo, nossas casas e cidades dos resíduos que geramos.
Ao enfatizar a necessidade de “compartilhar água”, o Fórum coloca em discussão as crescentes preocupações com a competição entre os inúmeros usos da água pela sociedade, com destaque para abastecimento doméstico e industrial, produção de alimentos e fibras, dessedentação de animais, geração de energia, transporte de pessoas e cargas, recreação, turismo, preservação da biodiversidade, dentre outros. Os recursos hídricos fazem parte de uma rede de interdependências nem sempre percebida ou valorizada. Sua escassez impacta a oferta de alimentos, de energia, de saúde, de mobilidade e põe em risco os recursos biológicos. E como é recurso finito, o aumento de sua demanda pela sociedade provoca, inevitavelmente, crescimento proporcional da competição por seu uso.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_empty_space][vc_single_image image=”8225″ img_size=”full” alignment=”center”][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]O diálogo e a negociação necessários para a consolidação de um paradigma de “compartilhamento de água” que nos permita avançar na universalização dos recursos hídricos passa, necessariamente, pela compreensão da relação entre água, natureza e alimento, todos fundamentais para a manutenção da vida no planeta. A natureza, com suas grandes malhas coletoras, que compõem as bacias hidrográficas, que alimentam córregos, riachos, rios e lagos, é que determina vazões hídricas que sustentam a biodiversidade e todos os demais usos da água no campo e nas cidades. Ao manter recarregadas as reservas de superfície, os lençóis subterrâneos e a umidade que permite aos solos sustentar lavouras e criações, a natureza sustenta a agricultura, provedora de alimentos para a humanidade.
O Brasil tem características que o colocam em posição de grande evidência na discussão das relações entre água, natureza e alimento. Quinta maior nação do mundo, com 8,5 milhões de km², seu território cobre 1,6% de toda a superfície do planeta e 5,6% de suas terras, além de 48% da América do Sul. Fazendo fronteira com nada menos que dez países sul-americanos,[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]nossa vasta superfície de terra contínua é agraciada por cerca de 12% das reservas globais de água, em uma das mais extensas e diversificadas redes fluviais do mundo, além de dispor de grandes aquíferos. Os seis biomas brasileiros são reserva da maior biodiversidade do planeta, uma riqueza biológica moldada por ampla gama de condições físicas e clima que varia desde o temperado até o tropical.
Essa riqueza natural sustenta uma agricultura pujante, que no tempo recorde de pouco mais de quatro décadas não só tirou o Brasil da insegurança alimentar, mas também o projetou como importante provedor de alimentos para mais de um bilhão de pessoas ao redor do globo, além de garantir cerca de um quarto do PIB nacional. O campo produz anualmente um volume estimado de 1,6 bilhões de toneladas de alimentos e matérias-primas que, além de atenderem à população brasileira, compõem excedentes exportados para mais de 150 mercados ao redor do mundo. Isso ocupando apenas 30% do território, ajudando a manter intactos mais de 66% do nosso espaço geográfico, que é coberto por vegetação nativa.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_empty_space][vc_single_image image=”8253″ img_size=”full” alignment=”center”][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]Na equação água-natureza-alimento, a tecnologia jogou a favor do Brasil. O ritmo de ganho de produtividade na agricultura brasileira tem sido surpreendente. Milho, arroz, feijão, algodão e pecuária tiveram avanços na produtividade da terra que superaram 3,5% ao ano nas últimas duas décadas, devido à incorporação de conhecimento e tecnologia ao campo. Nos últimos 20 anos, a soja manteve uma taxa de crescimento na produtividade respeitável, de 1,80% ao ano. O efeito poupa-terra do avanço tecnológico brasileiro é, por isso, extremamente expressivo. Se tivéssemos mantido os níveis tecnológicos dos anos 50, deveríamos ter incorporado mais 220 e 687 milhões de ha para as lavouras e a pecuária, respectivamente, para alcançarmos a produção presente. Poupamos, ao longo das últimas décadas, mais de 900 milhões de ha! Mais de um Brasil!
Além de tecnologia, o Brasil tem buscado também aprimorar políticas públicas que integrem a gestão da produção de alimentos e da conservação dos nossos recursos naturais. O novo Código Florestal Brasileiro, estabelecido em 2012, representa um dos casos mais extraordinários de construção de diálogo e consenso para a proteção da vegetação nativa, das nascentes e das bordas dos cursos d´água nas propriedades rurais privadas.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]Mais de 4 milhões de produtores rurais já registraram seus imóveis no Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma base de conhecimento substanciado sobre a realidade ambiental brasileira que dará origem a Programas de Regularização Ambiental (PRAs) focados na gestão contemporânea e dinâmica da realidade ambiental das propriedades rurais brasileiras.
O Brasil tem, portanto, combinado desenvolvimento tecnológico e políticas públicas para fortalecer a adoção de processos mais sustentáveis de manejo e conservação da diversidade biológica e da água, respeitando a natureza e, ao mesmo tempo fortalecendo sua capacidade de produzir alimentos de forma segura. Mas, apesar desses avanços expressivos, é importante ter em mente que restam muitos desafios a superar e outros tantos surgirão no futuro. O mundo moderno seguirá demandando mudanças mais complexas nos sistemas naturais, de forma a garantir suporte a uma população crescente, que incorpora estilos de vida cada vez mais sofisticados e impactantes para o meio ambiente. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_empty_space][vc_single_image image=”8254″ img_size=”full” alignment=”center”][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]As mudanças climáticas, decorrentes de nossa grande dependência de energia fóssil, geradora de gases de efeito estufa, produzem eventos climáticos cada vez mais extremos. A diversidade biológica é vital para a segurança alimentar, a manutenção dos padrões de clima estável, o armazenamento de carbono e a regulação das chuvas.
Juntas, as alterações climáticas e a perda de biodiversidade poderão reduzir a resiliência dos ecossistemas e limitar nossa capacidade de adaptação[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]a mudanças abruptas nos sistemas naturais, com ameaças à agricultura e à alimentação, à saúde das populações, ao comércio e à paz entre as nações. Portanto, o bem-estar e o desenvolvimento no futuro irão depender, em grande medida, das decisões que tomarmos, no presente, para proteção do nosso capital natural e para estruturação das nossas economias.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”1/2″][vc_column_text][/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]
Maurício Antônio Lopes
Presidente da Embrapa[/vc_column_text][/vc_column][vc_column][/vc_column][/vc_row]