POR – SÍVIA SIBALDE, PARA COALIZÃO VERDE (1 PAPO RETO, CENÁRIO AGRO e NEO MONDO)
Como as transformações do ambiente têm influenciado a política de empresas privadas e por que isso hoje é tão fundamental
“A sustentabilidade é parte da nossa maneira de fazer negócio. Desde 2012, temos nossa plataforma de sustentabilidade com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e aumentar o social”. Foi assim que Isabella Vianna W., vice-presidente de novos canais do Grupo Boticário, abriu sua participação no painel “Nova Economia Verde: Um Negócio que Gera Negócio”, realizado ontem (5) no HSM Expo 2018. “Nosso programa de logística-reversa conta hoje com mais de 4 mil pontos e são responsáveis pelo destino correto das embalagens; gera renda para mais de mil trabalhadores”, contou Isabella. “Na Bahia, temos um projeto de um centro de estética gratuita, que trabalha com mulheres em situação de vulnerabilidade e, que agora, começam a ter renda também. É desta forma que vamos mudar a dinâmica da sociedade”, disse. “Nós acreditamos no poder mobilizador da sustentabilidade”, reforçou Isabella.
Almoço descontraído durante o HSM Expo 2018. Da esquerda para a direita: Isabella Vianna W.(vice-presidente de novos canais do Grupo Boticário), André Trigueiro convidado deste painel e Malu Nunes (diretora executiva da Fundação Grupo Boticário)
“Gostaria de destacar aqui três pontos que deveriam estar nos radares dos formadores de opinião e não estão. E isso me preocupa”, confessou o jornalista André Trigueiro, convidado deste painel. “O primeiro tem o nome de Antropoceno”, diz. Trigueiro explicou que diversos especialistas afirmam que entramos em uma nova época geológica, sem a qual não é possível mais explicar nosso planeta sem a ação humana. “E isso não é bom. Alteramos drasticamente o funcionamento, os fluxos naturais do planeta”, disse.
“A outra é o ecocídio. E o que seria? Temos hoje inúmeras informações de colapso sistêmico em relação à água, à energia, ao solo etc, e isso não é determinante para nenhum tipo de mudança”, disse. “Mas, há também certos movimentos acontecendo que as pesquisas não foram capazes de mapear – entre os jovens há uma nova cultura de consumo, que atinge os negócios de forma direta. Há uma progressão de consciência”, disse o jornalista. Como exemplo, Trigueiro destacou o interesse do jovem hoje em ter uma bicicleta e não mais um carro, e de não ter nenhum problema com isso e/ou de não se importar em compartilhar veículo; falou também sobre o veganismo. “Essa é uma escolha que tem como viés a pegada ecológica de proteína animal”; “E nas escolas públicas, já se fala em coleta seletiva, em consumo racional de energia e de água. Por isso, digo que grandes transformações estão em curso. Vocês, executivos, estão preparados para isso?, pergunta o convidado à plateia.
Divisor de águas
Para Trigueiro, 2015 foi um divisor de águas na modificação deste cenário por conta de três eventos. “O primeiro deles se chama Papa Francisco porque rompeu com as instituições ditas cristãs, com uma Igreja corrupta e opulenta. Como chefe de Estado de Roma, ele afirmou – ‘o atual modelo de desenvolvimento não está comprometido com o fim da fome, com o social e ainda prejudica o meio ambiente’”.
“O segundo são os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável, que estão modificando a realidade nos âmbitos público e corporativo. Estamos perseguindo objetivos, dos quais muitas empresas esperam alcançar até 2030. Creiam, o mundo será outro em 2030!”, disse Trigueiro.
“O terceiro foi o Acordo do Clima de Paris, que trabalha para a redução das emissões de gás de efeito estufa. (…) Economia de baixo carbono – quem não estiver com esse objetivo, vai perder. (…) Estamos vivendo um novo paradigma; com uma nova forma de fazer as coisas. O setor privado precisa enxergar além e ser protagonista. As oportunidades estão postas; é preciso investir em uma nova direção – não importa se por conveniência ou por convicção”, afirmou o jornalista.
“É preciso ter coragem para mudar e para empreender com valores e com ética. Proteger o meio ambiente e a vida são a mesma coisa – no micro e no macro”, finalizou.