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ARTIGO
POR – MARCEL BOFF*, PARA NEO MONDO
Nos últimos anos, o conceito de cidade inteligente entrou na agenda de um número crescente de países em todo o mundo, e no Brasil vem ganhando cada vez mais espaço e força, movido principalmente por ecossistemas de inovação. Não se tem uma visão clara ou conceito sobre o que efetivamente é uma cidade inteligente, contudo, o que se sabe é que ela implica em uma série de indústrias interconectadas e um esforço conjunto de cidadãos, autoridades centrais e locais, universidades e empresas privadas.
O que me agrada é ver os discursos de cidade inteligente com um visão não só tecnológica, mas sim de sustentabilidade para busca de uma melhor qualidade de vida para os que ali vão viver. Essa visão sustentável me faz refletir sobre uma mudança de visão do mundo antropocêntrico, que atribuiu ao ser humano uma posição de centralidade em relação ao universo, podendo este fazer o que bem entender por ter a natureza e demais elementos como um presente divino.
Felizmente, ao falarmos de cidades inteligentes sustentáveis, passamos a entender não ser mais o homem o elemento central e sim o ecossistema como um todo, cujo sistema de valores está centrado na natureza, tendo o homem como mais um elemento de todo o globo e ali funcionando em cooperação.
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No entanto, a mudança de visão frente a forma como as cidades devem conversar com o ecossistema sustentável que as desenvolve e a contribuição da sociedade são de suma importância para que isso possa acontecer de forma efetiva e eficaz. O mundo pandêmico trouxe experiências não antes vividas, quebrou padrões, modificou profissões, trouxe novas tecnologias e mudou a forma como vivemos. À medida que emergimos da crise sanitária, há uma oportunidade de melhorar a conexão, incorporando infraestrutura digital e iniciativas de cidades inteligentes nesta transformação.
A pandemia sublinhou a necessidade de tecnologias na vida diária das pessoas, trazendo comunicação e conexões, mantendo as normas de distanciamento social. Mas não só isso, o mundo pandêmico também revelou realidades de uma sociedade sem qualquer amparo. Desta forma, há uma grande necessidade de combinar os dois mundos para criar um ecossistema holístico e autossustentável – o que tem sido o objetivo de economias em todo o mundo.
Da mesma forma que o homem deixa de estar no topo da pirâmide e passa a fazer parte de todo ecossistema, surgem oportunidades para transformações e dentro destas estão as cidades inteligentes, tecnológicas e sustentáveis. O modelo operacional de uma cidade inteligente combina tecnologia com interação com o cidadão, sendo este último analisado e compreendido com antecedência e nos seus detalhes de necessidades.
Os desafios para desenvolvimento de uma cidade inteligente, sustentável e tecnológica são inúmeros: infraestrutura, mobilidade urbana sustentável, acessos a informações, dados públicos compartilhados, proteção de dados pessoais, integração dos grandes centros urbanos, saúde, educação, inteligência artificial e etc…
Você deve estar pensando: ‘mas parece igual aos problemas de uma cidade qualquer’, e eu digo que sim. Contudo, o recorte é outro. O desenvolvimento nasce de forma organizada, por respeito às ODS, com estruturas sustentáveis previamente pensadas, com as necessidades dos cidadãos devidamente mapeadas. Tudo isso deve conversar de forma que funcione, trazendo bem estar e qualidade de vida para as presentes e futuras gerações, e não precisa começar como a cidade como um todo, pode começar com um bairro, uma comunidade, um distrito, o grande centro e assim aos poucos vai ganhando novos espaços na cidade até sua totalidade.