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POR – PAULO A. ZANARDI JR*., PARA NEO MONDO
As micros e pequenas empresas são aquelas com um faturamento anual de até 4,8 milhões de reais. Segundo dados do SEBRAE, estima-se que em 2022 o Brasil chegue na marca de aproximadamente 17 milhões de micro e pequenos empreendedores. Estamos falando de empresas dos mais variados setores da economia e que estão presentes no nosso dia a dia, como padarias, oficinas mecânicas, consultórios médicos, escritórios de advocacia, academias, entre diversos outros tipos de empresas.
Essas empresas geram um grande impacto social e econômico no Brasil, pois tem uma participação de cerca de 30% do PIB brasileiro e são responsáveis por aproximadamente 55% da geração dos empregos formais no país. Mas e no meio ambiente, ou mais especificamente no clima global, qual o impacto dessas empresas?
Essa é uma pergunta ainda muito difícil de ser respondida. Apesar de diversas empresas desse porte já contarem com uma gestão climática implementada, ainda é um número muito baixo comparado com o mercado como um todo. Em uma pesquisa em diferentes instituições e pela internet, não foi possível identificar o quanto essas micros e pequenas empresas impactam no clima. Realizando uma estimativa, sem uma metodologia científica aplicada, mas utilizando experiência de mercado e uma amostragem com um pequeno universo de empresas, foi estimado uma emissão anual de mais de 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano. Para demonstrar a relevância, é quase a emissão de um país no porte do Peru, anualmente. Mas e por que essas empresas não têm uma gestão climática?
Um estudo realizado na Europa com pequenas empresas elencou algumas barreiras para uma gestão climática corporativa. A primeira delas foi a falta de conhecimento. Apesar da internet ter muita informação disponível, ainda é muito difícil identificar material de qualidade para esse público específico. A segunda barreira é a dificuldade na contratação de uma consultoria especializada para realizar o trabalho. O alto custo de uma consultoria inviabiliza a contratação do serviço, sendo que o recurso no caixa dessas empresas geralmente é utilizado na sua operação. Por final, a falta de tempo e equipe dedicada para a elaboração de uma gestão climática. Pequenas empresas geralmente tem uma equipe enxuta e dedicada à geração do produto ou serviços que são oferecidos, com uma dedicação integral ao processo e com dificuldade em assumir novas demandas. Mas essas empresas podem realmente se beneficiar?
Apesar dessas dificuldades, está crescendo o número de empresas com a consciência climática e que incorporam serviços e produtos de baixo carbono para os seus diferentes públicos. Nelas estão, principalmente, as startups, que já entendem que uma marca com propósito e com um menor impacto ambiental, tem um diferencial no mercado e uma atratividade não só de clientes, mas também de investidores.
Uma pesquisa do grupo de comunicação Havas, demonstrou que as marcas de propósito geram 76% maior engajamento, fidelidade e promoção espontânea em clientes. Segundo uma pesquisa realizada pela Cone Comuniccation com um grupo de millennials e geração Z, 80% deles já demandam impacto positivo das empresas que consomem e 70% tem intenção de comprar novamente de uma marca de propósito. Isso demonstra, que sim, as empresas podem se beneficiar. Mas como podem fazer isso?
Pensando em ultrapassar as barreiras identificadas e possibilitar a entrada dessas empresas em uma economia mais sustentável, será lançado o Movimento Repenso. A Repenso chegou para democratizar o clima. É uma solução dedicada à construção de uma economia de baixo carbono, que facilita o acesso das micro e pequenas empresas as ferramentas técnicas de ação climática para que os empreendedores possam aprender, mensurar, compensar e engajar a sua ação no clima.
Na plataforma online do Movimento Repenso, os donos de micro e pequenos negócios poderão consumir um conteúdo especializado sobre gestão climática, realizar de forma guiada e intuitiva o seu inventário de emissões de gases de efeito estufa e assim entender o seu impacto no clima, para depois compensarem as suas emissões adquirindo crédito de carbono de projetos socioambientais certificados, tornando-se uma empresa carbono neutra. Depois de engajados, os usuários terão o perfil da sua empresa divulgado no sistema de registro da plataforma e terão acesso a diversos colaterais de marketing para realizar uma comunicação responsável das suas ações.
Segundo o CEO da Repenso, Fernando Mallmann, “O Movimento Repenso surgiu para democratizar a entrada de micro e pequenas empresas em uma economia de baixo carbono. Conseguimos criar diversas soluções para esses empreendedores, tudo por um custo anual de uma hora homem de uma consultoria tradicional. Desta maneira, acreditamos que faremos a diferença e juntos conseguiremos combater esse desafio global”.
Segundo Rogério Fagundes, proprietário de uma padaria na cidade de Curitiba e que participou dos testes da plataforma, “Nunca pensei que pudesse participar de um movimento como esse. Não é porque tenho um pequeno negócio que eu não tenha a preocupação com minhas ações e o com o nosso planeta. Mas pela falta de conhecimento sempre pensei que só as grandes empresas pudessem realizar esses trabalhos. Agora fico feliz em participar e ainda trazer uma boa imagem aos meus clientes e minha comunidade”.
O Movimento Repenso será lançado em abril deste ano e para quem quiser acompanhar basta apenas acessar o link e se cadastrar para maiores informações: www.repenso.eco.
E respondendo o questionamento inicial, SIM É POSSÍVEL!
*Paulo A. Zanardi Jr. – Sócio fundador da GSS Carbono e Bioinovação
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