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ARTIGO
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Por – Rafael Segrera*, para Neo Mondo
Garantir os compromissos dos países em relação à sustentabilidade e, principalmente, no quesito descarbonização também deve fazer parte dos objetivos principais das empresas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ao menos 18 países já estão implementando medidas efetivas para a descarbonização nos últimos dez anos.
O levantamento apontou, ainda, que é possível limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. No entanto, para que isso dê certo, o atual nível de emissões deve ser reduzido pela metade ainda nesta década. O que acontecerá somente se todos, empresas, governos e sociedade, desempenharem seus papéis e entenderem sua responsabilidade em relação ao meio ambiente.
Diante desse cenário de mudanças – considerando ainda o compromisso estabelecido pelo Brasil durante a Cúpula do Clima, organizada pelos Estados Unidos em 2021, o qual prometeu o alcance da neutralidade de carbono até 2050 –, é preciso colocar as ações sustentáveis em prática.
Uma pesquisa feita pela consultoria Bain & Company, que considerou as 20 maiores empresas de bens de consumo do Brasil, revelou que 66% dos consumidores comprariam mais ou se tornariam mais leais às marcas comprometidas com o meio ambiente. Além disso, outro fator que comprova a relevância do assunto é que, em uma escala de 0 a 5, o nível de importância do tema para os brasileiros é de 4,6.
Tendo em vista toda essa movimentação de mercado e essas alterações no planeta, as empresas precisam se mobilizar e se modificar cada vez mais para integrar a sustentabilidade como parte do negócio.
Entretanto, a escolha sobre qual será o primeiro passo ainda é um grande desafio para as companhias. Fatores como onde e quanto investir, o que adaptar e quais mudanças são mais importantes tendem a se tornar grandes obstáculos para as organizações que querem se tornar mais sustentáveis.
Mas, quando focamos em desacelerar as mudanças climáticas, não há dúvidas: a descarbonização é o primeiro passo. Com isso em mente, é fundamental que elas entendam como é estruturado o processo de redução gradual das emissões de gases de efeito estufa, e os patamares que são atingidos ao longo desta jornada, com atenção especial para os conceitos carbono neutro e net-zero
Diferenças entre carbono neutro e net-zero
À primeira vista, as definições de carbono neutro e net-zero soam semelhantes. No entanto, os resultados para o meio ambiente e o nível de liderança são bem diferentes. Sendo assim, qual dessas opções faz mais sentido e, principalmente, qual é mais viável para sua empresa investir em um primeiro momento?
Começando pela definição de carbono neutro, as empresas que se comprometem com essa questão precisam desenvolver projetos efetivos de redução de suas emissões de carbono e garantir que emissões residuais oriundas de processos cuja otimização ainda não seja viável técnica e economicamente sejam compensadas através de um volume equivalente de remoção desses gases da atmosfera. Isso é chamado no mercado como “compensação de carbono (carbon-offsets)”, que pode ser feito através da aquisição de créditos de carbono oriundos de soluções baseadas na natureza, como o reflorestamento, ou soluções técnicas como a remoção física de gases de efeito estufa da atmosfera.
Tornar-se net-zero, em contrapartida, significa que haverá a total eliminação das emissões de carbono, seja de forma direta ou indireta – o que envolve os gases gerados por toda a cadeia de valor, incluindo fornecedores e clientes.
Limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, como preconiza o IPCC, por exemplo, exigiria que os países se tornem net-zero até 2050.
Descarbonização como ponto-chave em todas as jornadas sustentáveis
Por mais que sejam ações cruciais para o bom andamento dos negócios e, principalmente, para um futuro social mais próspero, no Brasil ainda é preciso avançar na diminuição de emissões.
De acordo com uma pesquisa da KPMG, que ouviu empresas nacionais de tecnologia, 53% delas não têm estratégia de descarbonização em vigor, o que inclui a redução ou compensação das emissões de gases do efeito estufa nas operações. As duas principais razões apontadas são a falta de engajamento da administração (18%) e o foco em objetivos de curto prazo quando o assunto é investimento (17%).
Por isso, ao entender as principais diferenças entre carbono neutro e net-zero, fica mais claro para as empresas que os objetivos são excludentes e o que está ao seu alcance para ser concretizado ao longo do tempo. Isso ajuda a perder o medo de investir, priorizar ação e romper a inércia necessária para desencadear o processo de mudança. Afinal, conhecer o próprio negócio e o lugar a que se pode chegar é parte fundamental de qualquer estratégia.
Atingir o nível net-zero, por exemplo, acaba sendo mais complexo para quem está começando a estruturar sua jornada ESG. Já para aquelas que estão mais avançadas no assunto, a ideia passa a ser mais tangível e menos complexa de realizar.
Fato é: a descarbonização é um fator-chave em toda jornada sustentável que seja bem construída. Por isso, a compreensão sobre quais são os pontos a melhorar em relação à sustentabilidade é um fator crucial para avançar nesse caminho. Além disso, definir metas ambiciosas – cabíveis em cada negócio – validando cenários-alvo e indicadores-chave é fundamental para qualquer estratégia e planejamento.
Outro ponto importante é adotar soluções com propostas sustentáveis e que possam gerir da melhor maneira possível o uso de recursos naturais. A combinação da digitalização com uma série de tecnologias existentes são excelentes opções para acelerar todos este processo. Por fim, é importante que as empresas acompanhem o andamento e desenvolvimento de cada ação e projeto em andamento, para corrigir rumos e divulgar de forma transparente os resultados atingidos e os desafios a serem superados. Com isso, é preciso que as estratégias sejam abrangentes, adaptadas ao contexto de cada companhia, para vencer de forma definitiva o receio de investir na descarbonização.