Capa do livro – Imagem: Divulgação
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Fruto de dois anos de pesquisa, obra percorre cinco séculos de história e tem como fio condutor a descendência de pioneiros em Mato Grosso do Sul
“No projeto de país que se desenhou a partir da chegada dos europeus, o Pantanal foi um território inóspito a ser explorado e, sobretudo, arrebatado. Dos espanhóis, que se achavam seus donos; e dos guaranis, guaicurus, paiaguás, guanás, guatós, bororos e outras etnias, que o eram de fato. Difícil imaginar que, no processo de anexação do atual Mato Grosso do Sul a um Brasil que nascia, a sub-região do rio Negro inteira tenha pertencido a apenas dois homens”
Documentar, valorizar e difundir a cultura e a natureza pantaneiras com ações educativas e culturais – filmes, livros, reportagens – é o foco do Documenta Pantanal. Criado em 2019, reúne estudiosos, empresários, artistas e produtores, contribuindo para o desenvolvimento de ações em múltiplos meios e formatos (exposições, livros, vídeos e documentários, por exemplo) que, mais do que celebrarem a beleza e a biodiversidade desse ecossistema, pretendem chamar a atenção da sociedade para a urgência em conhecer e conservar este patrimônio da Humanidade abordando esse ecossistema por uma perspectiva cultural e social.
Em sua proposta editorial, o Documenta atua para contribuir para a construção de uma biblioteca de referência sobre a história, a cultura e a visualidade pantaneiras, seja resgatando conteúdos clássicos, seja criando ou apoiando obras novas. Nesse sentido, um novo título vem se integrar a seu portfólio “Memórias de Um Pantanal: Histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro”, escrito pela jornalista Teté Martinho.
A convite do Documenta ela fez uma imersão na história da família do pioneiro Cyriaco Rondon (tio-avô do marechal Candido Rondon), que, no começo do século 20, era dono de quase metade da sub-região pantaneira conhecida hoje como Nhecolândia. Para construir sua narrativa e contar a saga da família, a autora teve acesso a antigos diários, fotos de época, mapas e outros documentos herdados pelos descendentes. Em dois anos de pesquisa também entrevistou fazendeiros, empresários, historiadores e conservacionistas para ilustrar o início do povoamento e o desenvolvimento das terras às margens do Rio Negro.
Em versão bilíngue (português e inglês), o livro, em suas 296 páginas, sobrevoa a história de uma das nove sub-regiões do Pantanal, mostrando os movimentos que levaram à sua formação cultural. “O fato de ter sido uma grande propriedade, e a natureza, impiedosa, que forçou o homem a adaptar sua atividade ao regime de cheias, inclusive a pecuária, acabaram contribuindo para preservar o ecossistema”, afirma Teté.
Para Mônica Guimarães, da coordenação do Documenta, este título traz à tona um Pantanal de grande beleza e história intrincada, pouco conhecida até dos brasileiros. Ainda de acordo com ela, “retraçá-la minimamente, a partir do fio condutor da descendência de um pioneiro não teria sido possível sem a colaboração preciosa dos netos e bisnetos de Cyríaco Rondon, que se dispuseram a compartilhar as memórias de família”.
Nesse cenário, a saga pantaneira se revela desde a busca de ouro e prata dos primeiros tempos até o combate atual ao risco de desertificação da maior área alagável do planeta. “Tão intrigantes quanto personagens ficcionais, como o José Leôncio das duas versões da telenovela que ajudou a popularizar a região, pessoas reais como Cyríaco Rondon e a mulher, Thomázia, contribuem para mapear as raízes do Pantanal contemporâneo”, afirma a autora.
“Memórias de Um Pantanal: Histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro” foi realizado via Lei de Incentivo à Cultura e contou com o patrocínio da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e da Rodobens. Toda a renda obtida com a aquisição da obra será revertida para a manutenção das Brigadas Pantaneiras e Brigada do Alto Pantanal, que atuam na prevenção e combate aos incêndios em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.