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ARTIGO
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Por – Caio Zaio*, especial para Neo Mondo
Coldplay passou pelo Brasil e, mais uma vez, deixou fãs alucinados pela qualidade de seus shows e performances únicas. Mas, talvez, o legado mais importante dessa vinda tenha sido o protagonismo da diversidade.
Com o público em foco, o grupo britânico teve a preocupação de tornar o show acessível para todos e levantou a importante discussão sobre acessibilidade, inclusão e diversidade. Não me lembro de ver antes uma turnê que ganhasse tanto destaque na imprensa por isso.
Fãs com deficiências auditivas tiveram uma experiência para além de intérprete de Libras. Receberam subpacs – coletes sensoriais que vibram com a frequência da música – e também fones de ouvido especiais, que amplificam os sons, no caso de quem tem audição residual, ou abafam os sons, para quem tem hipersensibilidade sonora.
Pessoas cegas viveram visitas sensoriais guiadas, enquanto as com mobilidade reduzida contaram com espaço diferenciado para curtir o show. Em uma parceria com a organização SP Invisível, Coldplay também levou moradores de rua para assistir à apresentação, com foco em humanizar o olhar da sociedade em relação à população de rua. Isso sem falar na emocionante história de Murilo Leal Rezende, autista e diagnosticado com a rara síndrome de Bardet-Biedl, que foi convidado pelo próprio Chris Martin para um dos shows.
Mas, por que as ações inclusivas, que já são de praxe da banda, ganharam tanto destaque no Brasil? Simplesmente porque estamos longe de ser uma sociedade que aceita a diversidade de fato e que possibilita a inclusão. Exemplos como esses citados, ainda são raros em eventos como festas e shows.
O problema é maior quando saímos do entretenimento e olhamos para outras pontas. No mercado de trabalho, por exemplo, vemos inúmeras empresas abrirem processos de recrutamento e seleção com vagas para pessoas negras, pessoas com deficiências, pessoas da comunidade LGBTQIA+, de periferias e outros tantos grupos minorizados. Mas, o quão preparadas estão essas organizações para receber esses profissionais, aceitá-los, fazê-los se sentirem acolhidos e permitirem que essas pessoas pertençam, de verdade, a essa comunidade? E não só que pertençam, mas também cresçam na corporação e na carreira?
Não basta ser diversa, é importante incluir realmente e, para isso, apenas contratar não é o suficiente. Nos shows do Coldplay, por exemplo, além das ações inclusivas que já existiam, a produção abriu um canal de comunicação com o público, onde as pessoas puderam solicitar o que precisavam no que tange à acessibilidade, para que a participação no evento ocorresse da melhor forma possível.
Tratar os processos como um organismo vivo é o mínimo a ser feito pelas empresas, já que elas são uma das bases essenciais das transformações na sociedade, uma vez que é o que permite que elas não vivam apenas do que dá e sim tenham condições financeiras para mudar sua vida.
Para além de querer uma sociedade onde todos tenham boas oportunidades, é necessário ouvir as pessoas que pertencem aos grupos minorizados sobre como podemos fazer isso. E mais que debater sobre Diversidade e Inclusão, é urgente colocar em prática tudo o que já sabemos que pode ser feito, além de tomar medidas ousadas e transformadoras para acelerar essa jornada.
*Caio Zaio, cofundador e diretor de Diversidade & Inclusão da Korú, Co-fundador da Escola Korú e atual diretor de Diversidade & Inclusão, fundador do Mogno – um fundo de endowment da Universidade Federal de São Carlos, além de mentor na Gerando Falcões.