Aquecimento global ameaça o abastecimento de água para bilhões de pessoas – Imagem: iStock
POR – AGÊNCIA CONVERSION, PARA NEO MONDO
Perda de volume de geleiras pode afetar abastecimento de água, energia elétrica e produção agropecuária
As mudanças climáticas e aquecimento global já estão em pautas de discussão desde, pelo menos, o final do século XX. E cada vez mais podemos sentir na pele as consequências desses fenômenos causados por ação antrópica – temperaturas extremas, catástrofes naturais e o derretimento das geleiras do Himalaia.
Neste último, em específico, há uma ameaça ainda maior de cessar o abastecimento de água para bilhões de pessoas, por conta do derretimento da geleira que está acelerado, de acordo com um estudo científico do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas (ICIMOD).
Consequências humanitárias
O estudo mostra que entre 2011 e 2020, as geleiras derreteram em uma velocidade 65% mais rápida do que entre 2001 e 2010, o que pode impactar o fornecimento de água das regiões de Hindu Kush e Himalaia.
Mais de 240 milhões de pessoas vivem nas regiões montanhosas, e outras 1,65 bilhão moram nas regiões dos vales que se localizam logo abaixo. Isso significa 20% da população mundial, o que torna tudo ainda muito mais grave.
Na prática, são necessárias 10 bacias hidrográficas para o abastecimento de água, renda e energia elétrica para estas pessoas, além da população localizada em Indo, Rio Amarelo, Mekong, Ganges e Irrawaddy, nas regiões de Índia, China e Tailândia.
Segundo Philippus Wester, o principal autor do estudo, “o que era inesperado e muito preocupante é a velocidade [do derretimento]. (…) Está indo muito mais rápido do que pensávamos”.
Ainda, o estudo identifica a probabilidade de as geleiras perderem até 80% do volume total até o final do século 21. Izabella Koziell, diretora do ICIMOD, destacou que “as consequências de perder essa criosfera [todos os elementos em água sólida no sistema terrestre] são muito vastas para se contemplar”.
E, ainda que a temperatura global se mantenha abaixo dos 2ºC em relação ao século passado, as geleiras ainda podem perder 55% de seu volume.
Com todo o impacto ambiental e humanitário, isso significa, inclusive, que os animais (tanto os silvestres e voltados para agricultura quanto os de estimação) também estão ameaçados pelas mudanças climáticas. Nesse caso, faz-se necessário o apoio de profissionais formados em medicina veterinária e ciências biológicas para a preservação da vida nesses locais.
Outras geleiras afetadas
Além do Himalaia, o Monte Everest também está sofrendo com o aquecimento global. Alguns relatórios científicos mostram que o Monte já perdeu volume, em três décadas, o equivalente a 2000 anos.
Da mesma forma, as geleiras suecas também já perderam mais da metade de seu volume desde os primeiros registros, em 1930.
Para reverter essa situação, é necessário que todas as entidades governamentais e sócio-ambientais estejam envolvidas para reduzir danos para limitar o aquecimento global a 1,5ºC (que foi determinado pelo Acordo de Paris).