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Os desafios da ONU para implementar as mudanças até 2030
Por – Ana Fontes*
Se você é mulher e está no mercado de trabalho há algum tempo, conseguiu notar algumas mudanças ao longo da última década. Mais mulheres em cargos de liderança, equiparação salarial para mulheres que ocupam o mesmo cargo e funções que um homem e mais. Mas esse cenário está longe de ser o ideal e isso não é uma percepção só minha.
De acordo com os dados do último levantamento feito pela ONU, no ritmo atual, vamos demorar séculos para mudar esses cenários absurdos, como o casamento infantil. A estimativa é de 300 anos para que possamos erradicar essa prática lastimável. Para eliminar as leis discriminatórias, 186 anos; 140 anos para que as mulheres alcancem a igualdade em espaços de liderança e mais 47 anos para ocupar espaços nos parlamentos nacionais.
Com um cenário pouco positivo, em 2015 a ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu criar os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), que pretendem cumprir 17 objetivos nas áreas sociais e ambientais. Entre esses 17 objetivos, está o ODS 5, que visa colocar em prática iniciativas para alcançar a igualdade de gênero e empoderar meninas e mulheres.
As metas do ODS 5
Entre as metas do ODS 5, está a de acabar com todas as formas de discriminação, eliminar todo e qualquer tipo de violência (nas esferas públicas e privadas), garantir igualdade de oportunidades em cargos de liderança em diferentes níveis, assegurar a participação efetiva e plena das mulheres, proporcionar acesso à saúde sexual e reprodutiva e fortalecer políticas que promovam a equidade de gênero. O objetivo da ONU é cumprir essa agenda até 2030.
Para tanto, seria necessário um investimento de cerca de 360 bilhões de dólares anualmente. Para muitos, esse pode parecer um valor exorbitante, mas o reflexo que essa mudança teria na sociedade toda é imaginável, principalmente se pararmos para pensar que as mulheres representam metade da população e cerca de 10 milhões estão à frente de seus próprios negócios. Uma pesquisa da Mckinsey mostra que a equidade de gêneros traria mais de 3 trilhões a economia do planeta.
Sei que parece injusto usar o argumento financeiro para mostrar como essas mudanças beneficiaram a todos, principalmente as mulheres, mas essa é a única língua que o sistema capitalista parece entender. A verdade é que todo mundo sairia ganhando e ainda por cima o sonho de uma sociedade melhor para as mulheres do futuro estaria cada vez mais próximo de se tornar realidade. E, claro, também teríamos a chance de viver em um mundo onde não seria mais necessário ‘matar um leão por dia’ para termos acesso a direitos básicos.
O meu desejo para o futuro é que as mulheres se preocupem em onde estudar, em qual bairro/país morar, se querem ou não ter filhos, e não mais em lutar por acesso básico à educação, saúde ou ter seus corpos entregues a um homem quando elas nem têm idade para saber diferenciar o certo do errado.
*Ana Fontes é empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselhão da Presidência da República – CDESS.
Delegada líder do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da Seguros Unimed, do Instituto Avon e da UAM/Grupo Anima.
Vencedora dos Prêmios: Empreendedor Social 2023, na categoria Inclusão Social e Produtiva, e do Executivo de Valor 2023, na Categoria Empreendedorismo Social. Foi eleita uma das mulheres mais poderosas do Brasil pela Revista Forbes Brasil, em 2019, e capa da edição sobre diversidade, inclusão e equidade, em 2022. Em março de 2022, lançou seu primeiro livro, “Negócios: um assunto de mulheres – A força transformadora do empreendedorismo feminino”.
**As opiniões expressas no artigo não necessariamente expressam a posição de NEO MONDO.