Guerra interior, a reflexão milenar de Paulo de Tarso nunca foi tão atual – Imagem: Freepik
ARTIGO
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Por- Conrado Santos*, articulista de Neo Mondo
“Pois não faço o bem que desejo, mas continuo praticando o mal que não desejo.” (Romanos 7:19)
Essa reflexão milenar de Paulo de Tarso ecoa com força na atualidade, convidando-nos a ponderar sobre as razões que nos impedem de agir de acordo com nossos melhores valores (guerra interior).
A crise climática e a desigualdade social, cada vez mais urgentes, expõem as falhas de um sistema que prioriza o lucro em detrimento do bem comum. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, lançados em 2015 e com prazo para alcance até 2030, são uma iniciativa ambiciosa que busca enfrentar esses desafios globais. Infelizmente, o progresso tem sido lento. Um relatório recente da ONU revelou que, a apenas seis anos do prazo final, alcançamos somente 17% das metas. Ainda mais preocupante, o mesmo relatório indica que mais de 23 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza extrema no último ano.
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O ESG, como marco regulatório para práticas sustentáveis nas empresas, surge como uma esperança de mudança. No entanto, o greenwashing e a falta de comprometimento genuíno por parte de muitas corporações minam a credibilidade desse conceito e dificultam o progresso. Um exemplo recente dessa problemática foi retratado no documentário “Quem matou a festa ESG?” do Financial Times. O documentário investiga a diminuição de investimentos em práticas sustentáveis, que ocorre em grande parte devido ao greenwashing, que é a prática de empresas que utilizam o discurso da sustentabilidade apenas como uma ferramenta de marketing, sem realmente implementar ações sustentáveis. Isso pode acontecer por meio da divulgação de informações falsas, ocultação de dados ou omissão de práticas pouco sustentáveis.
Por que, mesmo diante da evidência dos desafios globais, insistimos em comportamentos que agravam a crise? A resposta reside, em grande parte, na nossa própria natureza. O egoísmo, o individualismo exacerbado e a busca incessante por poder e riqueza obscurecem nossa capacidade de empatia e nos impedem de enxergar a interconexão entre todos os seres vivos e o planeta.
A transformação que buscamos não se limita a mudanças nas políticas públicas ou nas práticas corporativas. Ela exige, antes de tudo, uma profunda mudança interior. É preciso cultivar valores como compaixão, solidariedade e respeito pela natureza. É preciso reconhecer que somos parte de um todo e que nossas ações têm consequências para todos e para as futuras gerações.
A espiritualidade, entendida como a busca por um significado mais profundo para a vida, pode ser um guia nesse processo. Ao nos conectarmos com algo maior do que nós mesmos, expandimos nossa consciência e nos abrimos para novas possibilidades. A espiritualidade não se restringe a crenças religiosas, mas abarca todas as práticas que nos ajudam a cultivar a compaixão, a gratidão e a conexão com a natureza.
Um mundo mais justo e sustentável só será possível quando cada um de nós se comprometer com essa transformação interior. Ao cultivarmos valores mais elevados e agirmos de acordo com eles, estaremos contribuindo para a construção de um futuro mais promissor para todos.
*Conrado Santos é um entusiasta na busca pela Espiritualidade na vida e nos negócios. Empresário, profissional de marketing e voluntário no Grupo Espírita Cairbar Schutel, Folha Espírita e AME-SP.