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ARTIGO
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Por – Carolina da Costa*, articulista de Neo Mondo
É quase sempre previsível que todo movimento excessivamente a favor de uma agenda, gere, na sequência, seu contra movimento. Lógicas pendulares são inerentes à construção da nossa história. É no movimento de um polo a outro que avançamos para patamares mais equilibrados. Quando o equilíbrio não é mais possível, novos movimentos nos ajudam a alcançar outras perspectivas. E assim buscamos avançar.
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Há alguns anos, estamos vivendo exatamente essa dinâmica com a agenda de sustentabilidade. Mais recentemente, o pêndulo do lado do contra movimento, levou empresas a encerrarem departamentos relacionados ao tema, cortarem patrocínios e demitirem pessoas; fundos também mexeram em seus portfólios e investimentos; e novas narrativas surgiram. Posicionamentos são reflexos de como indivíduos e grupos demonstram, publicamente, o entendimento de determinado assunto.
Ao invés de simplesmente debatermos ou rechaçarmos o que é contraditório, precisamos nos questionar se falhamos na mensagem do nosso próprio posicionamento. Nesse sentido, vejo várias oportunidades de melhoria e elenco algumas que ajudariam a fortalecer a agenda de Sustentabilidade perante as críticas:
- Sustentabilidade não é meio, é consequência. É todo e não parte. O mesmo se aplica à diversidade. É consequência de um modo de pensar e fazer negócios e de se relacionar com todos os seus públicos e o meio ambiente.
- Se uma empresa criou um departamento como meio para realizar a agenda, já errou na partida. Esses departamentos ajudam a coordenar e impulsionar projetos que representam a essência do negócio.
- Convencimento não vale. Sustentabilidade deve ser parte do código de valores de um grupo. Não tem debate nisso. Se não é, muda-se de grupo.
- Na mesma linha, não se escolhe a sustentabilidade para gerar lucro. Escolhe-se por ser parte dos valores do grupo. Lucro e perenidade do negócio são consequências de muitas outras variáveis (ainda que o código de valores daquele grupo seja determinante).
- Conheço líderes que deliberadamente abriram mão de ganhos materiais por ser a coisa certa a se fazer por seus clientes, colaboradores e sociedade. Bem aventuradas as empresas que os têm.
- Quem julga se você é sustentável não é você. São aqueles que você afeta. O holofote da comunicação deveria estar nos afetados.
- Não é sobre apenas gerar empregos e remunerar pessoas. É sobre prosperidade compartilhada, proporcional ao risco assumido. Quando só um lado prospera e o outro não, isso tem nome na Biologia.
Consigo identificar várias empresas e pessoas críticas ao tema Sustentabilidade que, na prática, estão em concordância com vários dos pontos elencados anteriormente. O contrário também é verdade. Pessoas que se dizem a favor dos pontos e não os realizam. Entre os dois tipos, prefiro o primeiro. Fiquemos atentos, portanto, às obras no lugar das narrativas.
*Carolina da Costa é chief impact officer na StoneCo., formada em Administração Pública, com mestrado pela Fundação Getúlio Vargas e Ph.D Cognição pela Rutgers University, nos Estados Unidos.