Mataraca (guariba) na caixa de transporte, momentos antes da soltura – Foto: Gabriela Ludwig
POR – ICMBio / NEO MONDO
Primata foi encontrado e capturado por trabalhadores rurais em uma área de plantação de feijão e cana-de-açúcar, no município de Mataraca, norte da Paraíba
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) soltou um guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul). Os pesquisadores recolheram o animal que foi encontrado e capturado por trabalhadores rurais em uma área de plantação de feijão e cana-de-açúcar, no município de Mataraca, norte da Paraíba. O macaco foi encaminhado ao Cetas/Ibama/PB.
No período de julho de 2011 a abril de 2019, foram registrados 37 casos de guaribas-de-mãos-ruivas em dispersão ou situação de risco (como cativeiros ilegais), dos quais 26 foram diretamente avaliados pela equipe do CPB e 14 foram reintroduzidos na Rebio Guaribas.
Momentos antes da soltura na Rebio Guaribas – Foto: Gerson Bus
Após 19 anos de pesquisas e ações de manejo de A. belzebul na Rebio Guaribas, realizadas principalmente pelo CPB, 29 animais foram reintroduzidos (19 fêmeas e 10 machos) e a população atual estimada para a espécie na área é de 40 a 50 indivíduos, considerada demograficamente viável a partir de resultados de modelagens de análise de viabilidade populacional.
Desde sua criação em 2001, o CPB assumiu a coordenação do “Projeto Guaribas do Nordeste”, que teve início em 1998 com o objetivo de repovoar a Rebio Guaribas com o guariba-de-mãos-ruivas. Em seguida, a partir de 2011, quando o PAN PRINE começou a ser implementado, o CPB passou a executar, de forma sistemática, ações de manejo de indivíduos e populações de A. belzebul para manutenção e estabelecimento de populações viáveis na natureza. As ações de manejo deste tipo consideram a ecologia da espécie, em que indivíduos maduros sexualmente, de ambos os sexos, deixam seus grupos de nascimento e se deslocam para novas áreas, a fim de criarem seus próprios grupos.
Perda do habitat e pressão de caça
O guariba-de-mãos-ruivas é um primata endêmico ao Brasil, o qual apresenta distribuição disjunta, com populações na porção oriental da Floresta Amazônica e outras na Floresta Atlântica, no Centro de Endemismo Pernambuco (CEP). Apesar da espécie ser considerada tolerante a perturbações e modificações ambientais, a maior parte das populações amazônicas está inclusa na região do Arco do Desmatamento e as populações nordestinas encontram-se em situação crítica, devido à perda e à fragmentação de seu habitat, além de forte pressão de caça.