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POR – SUELMA ROSA
Vivemos em uma era de paradoxos. Nunca tivemos tanta informação, tecnologia e inovação à disposição, mas também nunca enfrentamos desafios climáticos tão urgentes e complexos. A crise climática já não é uma ameaça distante – ela se manifesta diariamente, com eventos extremos, insegurança hídrica e alimentar e o aumento das desigualdades sociais. Embora as soluções existam, elas ainda não estão sendo aplicadas em escala suficiente para enfrentar a magnitude desses desafios.
O problema não é mais o que fazer, mas como agir na velocidade e na escala necessárias. Precisamos de mudanças sistêmicas, que reestruturem os padrões de produção, consumo e desenvolvimento econômico de maneira profunda. Se não acelerarmos essa transição para um modelo sustentável, os impactos climáticos continuarão a se intensificar, ameaçando a saúde do nosso planeta.
O Papel do Setor Privado na Escalada das Soluções
O setor privado, governos, sociedade civil e instituições financeiras precisam trabalhar juntos para impulsionar iniciativas de impacto em grande escala, utilizando tecnologia, financiamento e inovação regulatória. O setor privado, com sua capacidade de inovar e operar em larga escala, tem um papel fundamental nesse processo. Não basta reduzir impactos – é necessário regenerar ecossistemas, restaurar florestas e redesenhar cadeias produtivas inteiras, de modo que operem dentro dos limites planetários.
Iniciativas como a agricultura regenerativa, a transição energética e a descarbonização das cadeias produtivas são exemplos claros de como é possível mitigar os efeitos climáticos e contribuir para a regeneração dos recursos naturais. A adoção de energias renováveis, redução de desperdícios e promoção de modelos circulares não só diminuem impacto, mas também criam mercados, geram novos empregos e garantem segurança alimentar e hídrica.
Exemplos Concretos de Mudança
Já existem exemplos de como o setor privado pode ser parte da solução:
- Modelos de financiamento climático, como mecanismos de pagamento por serviços ambientais e investimentos de impacto, que engajam o capital privado nas soluções climáticas.
- Agricultura regenerativa e cadeias produtivas descarbonizadas, que restauram o solo, protegem a biodiversidade e melhoram a produtividade, criando valor social e econômico.
- Transformação da matriz energética, com fontes renováveis e soluções descentralizadas que promovem o acesso à energia limpa, essenciais para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diminuir as emissões de CO2.
- Políticas públicas eficazes, que incentivam a economia circular e de baixo carbono, promovendo a descarbonização da indústria.
Essas iniciativas não são mais uma escolha, mas uma necessidade urgente.
Colaboração Multissetorial
A transição para um modelo econômico sustentável exige uma colaboração integrada entre todos os setores. Se os desafios climáticos são globais, nossas soluções também precisam ser. A transformação sistêmica não será alcançada por um único setor ou uma única empresa. Ela exige visão de longo prazo, coragem para reimaginar o futuro e colaboração eficaz entre governos, empresas e sociedade civil.
O Brasil e a Oportunidade de Liderar
O Brasil, com sua capacidade diplomática e seus recursos naturais, tem uma oportunidade única de liderar essa transformação. A COP30, que ocorrerá em 2025, será uma plataforma decisiva para impulsionar ações globais, onde o país poderá reforçar sua posição nas negociações climáticas e promover a colaboração entre os diferentes setores da sociedade para acelerar soluções em escala.
A Hora de Agir é Agora
A questão não é mais se as empresas e governos irão agir, mas quanto tempo mais podemos esperar para implementar mudanças reais e eficazes. O setor privado tem o poder de impulsionar inovações e gerar impactos em larga escala. Se a transformação climática precisa ser urgente e de grande escala, empresas e governos têm a chance não só de garantir sua relevância futura, mas também de liderar uma mudança de escala planetária. O tempo para agir é agora.
Suelma Rosa possui mais de duas décadas de experiência inigualável em engajamento multissetorial, gestão de riscos, reputação, sustentabilidade, impacto social, comunicação e relações institucionais e governamentais. Anteriormente na Unilever e na Dow Chemical, ela agora é Vice-Presidente de Assuntos Corporativos para a América Latina na PepsiCo. Neste papel, Suelma continua a promover impacto social, equidade, diversidade e inclusão, sustentabilidade e proteção dos direitos humanos ao longo da cadeia de valor, visando criar um impacto positivo nas comunidades e no planeta. Antes de seus papéis no setor privado, Suelma teve uma carreira distinta no setor público, incluindo funções cruciais no Ministério das Relações Exteriores e na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, além de posições significativas na Organização das Nações Unidas. No governo federal, ela foi instrumental na formação da abordagem integrada do Brasil ao comércio internacional, mudanças climáticas e políticas ambientais. Suas contribuições na ONU incluíram a coordenação de programas regionais na América Latina e no Caribe, alinhando os resultados dos projetos com os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Suelma também fez avanços significativos na conservação ambiental e proteção da biodiversidade como Representante Nacional e Diretora de Relações Externas na TNC – The Nature Conservancy. Autora publicada e figura influente, Suelma foi reconhecida como uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Linea por anos consecutivos, entre outros prêmios. Sua liderança se estende além do âmbito corporativo, em papéis de governança impactantes em conselhos de organizações globais e regionais importantes e iniciativas. Ela é reconhecida como especialista em forjar conexões entre pessoas, agendas e organizações com competência e empatia, conhecida por suas reflexões profundas sobre como as empresas podem transformar positivamente a sociedade. Com um doutorado em Ciência Política pela Universidade de Panthéon-Sorbonne em Paris e um mestrado em Política Internacional e Comparada pela Universidade de Brasília, o background multicultural de Suelma e sua proficiência em vários idiomas permitiram que ela vivesse, trabalhasse e estudasse em quatro continentes, continuando a forjar conexões e influenciar estratégias corporativas globais.