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UM FUTURO PARA O CERRADO
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Por – Michael Becker, líder do Time de Implementação Regional – CEPF Cerrado – IEB (Instituto Internacional de Educação Ambiental)
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Principal fronteira onde avança a agropecuária desde os anos 1960, o Cerrado tem poucas chances de seguir existindo nas próximas décadas sem ações emergenciais que ampliem sua área protegida e que levem à adoção em larga escala de práticas produtivas menos danosas ao meio ambiente.
Consolidar as áreas já protegidas é fundamental, inclusive porque menos de 3% do Cerrado estão hoje efetivamente resguardados pelo poder público. A última unidade de conservação federal criada na região foi a Estação Ecológica Chapada de Nova Roma, em agosto, com aproximadamente 6 mil hectares e está localizada no município de mesmo nome. A unidade de conservação conta com grande
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importância biológica, pois abriga nascentes e corpos d’água que contribuem diretamente com o rio Paranã, além de acolher espécies endêmicas da flora e da fauna.
De acordo com a SECIMA, os levantamentos apontaram a ocorrência de espécies críticas da fauna, como o tatu-canastra, lobo-guará, onça-pintada, gato-do-mato-pequeno e a jaguatirica. A área está localizada próxima ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o que contribui na ampliação das áreas protegidas na região e na formação de corredores ecológicos. Novas metas internacionais chanceladas pelo Brasil recomendam a conservação de pelo menos 17% de cada bioma, até 2020.
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Enquanto isso, projeções mostram que a área plantada com soja pode saltar de 21 para 30 milhões de hectares na próxima década, sempre com foco nas “terras baratas” do Cerrado. E o alvo pode ser justamente os maiores remanescentes da savana brasileira, no Maranhão, Piauí e Tocantins. Além disso, a demanda interna e global por carnes cresce junto com as necessárias melhorias socioeconômicas.
Como soja e pecuária são os principais motores da destruição do Cerrado, respeitar a legislação e melhorar a eficiência da produção são atitudes indispensáveis.
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A integração de lavouras, pecuária e florestas plantadas, por exemplo, ajudaria a evitar a abertura e novas áreas e seria um sinal de que o país realmente quer fornecer itens produzidos com mais sustentabilidade aos mercados globalizados de commodities.
Afinal, se antecipar a possíveis barreiras comerciais é sempre estratégico. Inclusive porque mais de 40% dos grãos, metade do farelo e um terço do óleo de soja produzidos no Brasil são exportados. Sete em cada dez países do mundo já compraram esses itens na última década.
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Enquanto isso, projeções mostram que a área plantada com soja pode saltar de 21 para 30 milhões de hectares na próxima década, sempre com foco nas “terras baratas” do Cerrado. E o alvo pode ser justamente os maiores remanescentes da savana brasileira, no Maranhão, Piauí e Tocantins. Além disso, a demanda interna e global por carnes cresce junto com as necessárias melhorias socioeconômicas.
Como soja e pecuária são os principais motores da destruição do Cerrado, respeitar a legislação e melhorar a eficiência da produção são atitudes indispensáveis.
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A integração de lavouras, pecuária e florestas plantadas, por exemplo, ajudaria a evitar a abertura e novas áreas e seria um sinal de que o país realmente quer fornecer itens produzidos com mais sustentabilidade aos mercados globalizados de commodities.
Afinal, se antecipar a possíveis barreiras comerciais é sempre estratégico. Inclusive porque mais de 40% dos grãos, metade do farelo e um terço do óleo de soja produzidos no Brasil são exportados. Sete em cada dez países do mundo já compraram esses itens na última década.
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Estimativas oficiais apontam que até 140 milhões de hectares degradados no país, principalmente no Cerrado e na transição deste para a Amazônia. A área é duas vezes maior que a da França. Na maioria dos casos, são terras que foram desmatadas para lavouras e acabaram abandonadas pela baixa produtividade. Em seguida, viraram pastos para rebanhos até o solo se tornar imprestável economicamente pela falta de manejo adequado.
Tornar essa imensidão de terras novamente produtivas ajudaria no combate ao aquecimento do planeta, aliviaria a pressão para o desmatamento de florestas nativas e serviria à produção de commodities e alimentos.
Outra preocupação recai sobre as mudanças na legislação florestal brasileira. A destruição do Cerrado já pesa tanto quanto a da Amazônia nas emissões nacionais de gases de efeito estufa. E o bioma pode ser um dos maiores prejudicados com as mudanças que setores atrasados do ruralismo tentam impor ao Código Florestal, como admitiu o Ministério do Meio Ambiente.
Se a margem para desmatamento for ampliada, a caixa d´água do país ficará seriamente comprometida. No Cerrado nascem águas que
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abastecem aqüíferos subterrâneos e as bacias hidrográficas Amazônica, do Tocantins, do Atlântico Norte/Nordeste, do São Francisco, do Atlântico Leste e do Paraná/Paraguai. Dessa última depende a sobrevivência do Pantanal, a maior planície inundável do planeta.
Além de insumo econômico, a água que escorre por rios, córregos e veredas de beleza incomum alimenta culturas regionais muitas vezes fundadas no extrativismo sustentável, uma atividade que perpetua e valoriza a vegetação e outros recursos nativos pelas mãos de valorosos e inúmeros povos tradicionais do Cerrado.
Os índices atuais de degradação e planos desenvolvimentistas carentes de sustentabilidade ambiental projetam um futuro nada animador para um bioma que já perdeu metade da vegetação nativa, ainda não é reconhecido como patrimônio nacional pela Constituição e que sofre desnecessariamente com incêndios e queimadas cada vez mais intensos.
Mas com majestosa resistência, o Cerrado ainda segue encantando quem se atreve a conhecer esse abrigo de vida e de paisagens únicas no mundo. Manter esse patrimônio inigualável é o desafio que se impõe ao Brasil.
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