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Escrito por Neo Mondo | 25 de julho de 2022
O veleiro Kat, escolhido para essa iniciativa que conta com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, foi construído em 2014 - Foto: Voice of the Ocean
POR - ONU NEWS / NEO MONDO
Velejadores brasileiros dão volta ao mundo promovendo combate à poluição plástica, proteção de ecossistemas e reaproveitamento; projeto Voz dos Oceanos é apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnuma
Em expedição pela América do Norte, a família Schurmann deixou Nova Iorque, na quarta-feira, a caminho de Boston como parte do projeto Voz dos Oceanos pelo fim da poluição plástica.
Em entrevista à ONU News, Heloísa Schurmann, a mãe da família, e Erika Cembe Ternex contaram como a tripulação do veleiro Kat adotou fontes limpas de energia e processo de dessalinização para água potável.
Velejando há quase um ano por mares livres de resíduos plásticos, os Schurmann idealizaram uma embarcação sustentável e com ferramentas para que eles pudessem produzir pouco lixo e reaproveitar tudo que fosse possível.
O veleiro Kat, escolhido para essa iniciativa que conta com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, foi construído em 2014.
Foi a bordo dele, que a família já chegou aos quatro cantos do mundo. Numa dessas paradas, na Nova Zelândia, o Kat ganhou outra integrante, a italiana Erika Cembe Ternex.
Responsável pela cozinha e logística da expedição, ela afirma que é possível e simples viver de forma mais sustentável.
“A gente quer mostrar que é possível fazer mesmo no cantinho da sua casa, sabe? Você consegue se organizar de um jeito sustentável. A gente também tem duas pequenas hortas [...] a gente faz compostagem... É um sistema super fácil e como é anaeróbico, não faz cheiro nenhum. Está na nossa mesa principal e é super prática. Realizamos o sonho de ter um ‘glass crusher’, uma máquina que quebra vidro. Ela quebra de um tamanho tal que você pode até botar a mão, vira areia mesmo.”
Durante a passagem da tripulação por Nova Iorque, eles levaram o vidro triturado de 250 garrafas para um projeto no Instituto de Tecnologia de Nova Jérsei que mistura vidro e plástico para ser usado como concreto.
Além disso, Erika Cembe Ternex explica que todos os resíduos são separados para que tenham um fim adequado.
“A gente separa até remédio. A gente separa o nosso lixo em papel, plástico e lata e temos também uma compactadora. Depois de separar, a gente consegue compactar em até 80%, porque no barco o desafio do espaço é muito grande, e às vezes, a gente não espera. A gente está no mar por 15 dias seguidos, não tem um lugar para onde você levar o seu lixo, sabe? Então, compactar 80% dá uma baita de uma ajuda.”
A energia utilizada a bordo também vem de fontes limpas, com painéis solares e eólicos. Todas as lâmpadas instaladas no veleiro são LED e as baterias de lítio.
Já a velejadora Heloísa Schurmann conta sobre outro processo inovador que a família faz dentro do Kat. O amor pelo oceano é tão grande, que eles buscaram uma tecnologia para poder transformar a água salgada em água potável enquanto navegam.
“Toda a nossa água potável é através de um dessalinizador. Nós bebemos água do oceano, gente! Além disso, toda a nossa água de esgoto [...] é tratada. Ela é tratada por um equipamento que foi construído no Brasil e que provou e testou toda a água tratada. Depois que ela passa por esse processo de tratamento sem nenhuma química, ela passa por lâmpadas ultravioletas”
De acordo com informações disponibilizadas no portal da família, o nome do barco é uma homenagem à Kat Schurmann.
A neo-zelandesa foi adotada por eles aos três anos e morreu em 2006, aos 13 anos de idade, devido a complicações decorrentes do vírus HIV com o qual convivia desde seu nascimento.
Além de Heloísa e Erika, a tripulação do veleiro Kat conta com os filhos de Vilfredo e Heloísa Schurmann: David, Wilhelm e Pierre.
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