POR – SILVIA SIBALDE, PARA COALIZÃO VERDE (CENÁRIO AGRO, 1 PAPO RETO e NEO MONDO)
Debate realizado em São Paulo coloca em pauta o que propõem para a Economia os principais candidatos à presidência da República
Há menos de quinze dias das eleições presidenciais, a Conferência Ethos 20 anos trouxe como painel de abertura o tema “A agenda econômica e as eleições 2018: o que esperar para o desenvolvimento sustentável?” Foram convidados para o debate Elena Landau, economista, advogada e presidente do Conselho Acadêmico do Livres; Marcos Lisboa, presidente do Insper; Clemente Ganz Lúcio, sociólogo, professor e diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, que mediou a conversa.
Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo (foto-Clovis Fabiano)
Abrahão iniciou a discussão falando a respeito da desigualdade do País e sobre a necessidade de políticas públicas que revertam este quadro. “Temos muitas dificuldades na construção de um projeto para o Brasil, muito por conta dessa triste realidade”, disse.
“Acho importante falarmos aqui sobre o Plano Real, que trouxe a possibilidade de um salário real para as pessoas; dos programas sociais do governo Lula. Mas também da frustração que estamos vivendo hoje decorrente dos dois últimos anos do governo Dilma, que nos fez retroceder uma década”, disse Elena Landau. “O que vamos fazer para melhorar; para a Economia voltar a crescer? O debate eleitoral não nos mostra caminho algum. Nenhum dos dois candidatos que lideram as pesquisas apontam isso. Haddad aposta no que já deu errado e Bolsonaro não tem nenhuma experiência”, completou.
Elena Landau, economista, advogada e presidente do Conselho Acadêmico do Livres (foto-Clovis Fabiano)
“O Brasil é um país pobre. E é disso que precisamos nos conscientizar. 40% da população vive com um salário mínimo. Estamos ficando para trás por conta de políticas incompetentes”, disse Marcos Lisboa. “Nos últimos 40 anos, tivemos um crescimento medíocre. Algo deu errado. De 2011 pra cá, nosso desenvolvimento está atrás até da América Latina”, enfatizou Lisboa.
Fazendo uso de um discurso mais otimista, Clemente Ganz Lúcio falou sobre a oportunidade de um processo de diálogo aliado ao desenvolvimento tecnológico. “Temos de olhar para a frente e com o desafio de enfrentar esta crise política, que exige abertura e processo de diálogo num contexto mundial de profundo desenvolvimento tecnológico permeando todas as áreas”, disse. “Temos enormes dificuldades de estabelecer espaços de diálogos. Não é simples. Precisamos qualificar o debate político da esquerda e da direita”, ponderou.
Marcos Lisboa (centro), presidente do Insper (foto-Clovis Fabiano)
“O que foi que a esquerda fez com esse país?”, questionou Lisboa. “Nossa previdência é profundamente desigual. Onde é que estava a esquerda que não fez a Reforma? Inventamos umas fantasias… mas a verdade é que somos metade do Chile. Nossa política protecionista dificulta a chegada de novas tecnologias. Então, a origem de tudo é a política. O que enxergo hoje é que os grupos que deveriam estar à esquerda só reforçam essa política concentradora em que vivemos”, disse.
“Não somos um país pobre à toa. Trabalhamos muito forte para isso. E não há qualquer debate ou proposta de projeto econômico sério. É tudo muito superficial”, lamentou Lisboa.
Clemente Ganz Lúcio, sociólogo, professor e diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)-Foto Clovis Fabiano