POR – REUTERS / NEO MONDO
Seis grandes traders de commodities, incluindo Cargill e Bunge, concordaram em um mecanismo comum para monitorar as cadeias de fornecimento de soja para o desmatamento na vasta savana do Cerrado
O Cerrado cobre cerca de um quarto do território brasileiro, o segundo maior bioma do país depois da floresta amazônica. Suas plantas afundam profundamente no solo, muitas vezes comparadas a uma floresta de cabeça para baixo, formando um grande sumidouro de carbono cuja preservação é vital para a luta contra o aquecimento global.
Empresas pertencentes à rede do Soft Commodities Forum que assinaram o acordo para monitorar suas cadeias de fornecimento de soja no Cerrado incluem a Archer Daniels Midland, a COFCO International, a unidade agrícola da Glencore Plc e a Louis Dreyfus Company, segundo um comunicado do Fórum.
As empresas concordaram em detalhar quanto de soja vem do Cerrado e compras feitas em municípios com maior risco de desmatamento. As primeiras descobertas serão apresentadas em junho.
O comunicado não diz que as empresas concordaram em acabar com o desmatamento no Cerrado.
“Estamos continuamente buscando enfrentar o desafio de alimentar a população mundial em crescimento de maneira sustentável”, disse o presidente-executivo da Louis Dreyfus, Ian McIntosh, segundo o comunicado.
“Isso significa estar atento para preservar o meio ambiente, incluindo áreas de importância para sua biodiversidade. O Bioma Cerrado do Brasil é uma dessas áreas, onde todo esforço deve ser feito para garantir que qualquer expansão agrícola ocorra de mãos dadas com a preservação da vegetação nativa. ”
Aproximadamente metade da floresta nativa do bioma e outras vegetações foram destruídas nos últimos 50 anos, com terras recém-desmatadas alimentando o boom da soja no Brasil. O país é o maior exportador mundial de soja.
No ano passado, a Louis Dreyfus se tornou a primeira grande trader a se comprometer especificamente a não comprar soja de terras recém-desmatadas no Cerrado, embora não tenha dado um prazo específico para isso.
Embora muitas outras empresas comerciais tenham se comprometido a atingir o desmatamento líquido zero em suas cadeias de fornecimento globalmente em determinadas datas, elas ainda não fizeram promessas específicas para acabar com a destruição na savana brasileira.