Concurso Coral Vivo de Foto Sub – Foto: Athila Bertoncini
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Coral branqueado e close em poliqueta definem ouro do Concurso Coral Vivo de Foto Sub
No final de semana chuvoso, de 21 a 23 de março, no Recife de Fora, em Porto Seguro (BA), os 20 fotógrafos e suas duplas tiveram as águas turvas como desafio para apresentar técnica e olhar artístico no Concurso Coral Vivo de Foto Sub. A dupla Luiz Fernando Cassino e Roberta Decnop se destacou com duas medalhas de ouro e uma medalha de prata, pelo júri técnico, conquistando o troféu de Primeiro Lugar Geral na divisão principal: DSLR/Mirrorless. Paralelamente, foi realizado concurso cultural nas redes sociais do Projeto Coral Vivo para saber quem levaria o troféu Melhor Fotografia Via Público. Foram 7.503 votos computados, no total, para vinte fotos. Eles também venceram, conquistando 705 votos com a imagem de colônias de coral-cérebro (Mussismilia harttii) cercada de rica biodiversidade marinha e a passagem de um cardume de cocorocas (Haemulon aurolineatum). Endêmica do Brasil e ameaçada de extinção em categoria vulnerável, as colônias dessa espécie apresentam áreas com branqueamento, por conta das águas mais aquecidas deste ano de El Niño.
Foto – Luiz Fernando Cassino e Roberta Decnop – colônias de coral-cérebro cercada de rica biodiversidade marinha e a passagem de um cardume de cocorocas
Aliás, foi com a Categoria Temática Branqueamento que a dupla ganhou medalha de ouro pelo júri técnico. Colônias de coral-de-fogo (Millepora alcicornis) com as pontas branqueadas foram registradas em primeiro plano com o peixe budião-puxê (Halichoeres poeyi). A outra medalha de ouro de Luiz e Roberta foi conquistada na Categoria Close-Up, apresentando a estrutura espiral do verme poliqueta árvore-de-natal (Spirobranchus giganteus) vista do topo. Eles ganharam medalha de prata na Categoria Peixe com o perfil de uma maria-da-toca (Parablennius marmoreus). O Concurso Coral Vivo de Foto Sub foi realizado pelos projetos patrocinados pela Petrobras, Coral Vivo e Meros do Brasil, e também pela Associação Brasileira de Imagens Subaquáticas (Abisub) e a Secretaria de Meio Ambiente de Porto Seguro. Cabe destacar que o Recife de Fora é uma unidade de conservação localizada numa das regiões de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, sendo uma das áreas prioritárias do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais).
Na Divisão DSLR/Mirrorless, em Segundo Lugar Geral ficou a dupla Álvaro Velloso e Cláudia Lomba, que ganhou medalha de prata na Categoria Grande-Angular, com fotografia que destaca colônia de coral Mussismilia harttii, e prata na Categoria Close-Up com o colorido de lírio-do-mar. Em Terceiro Lugar Geral, a dupla Marcelo Prim e Luiz Magina levou para casa ouro na Categoria Peixe com um neon-goby (Elacatinus figaro) em meio às reentrâncias do coral-vela (Mussismilia harttii), e bronze na Categoria Grande Angular com uma colônia de coral-de-fogo (Millepora alcicornis). A dupla Peu Guerbas e José Paulo ficou com o troféu de Quarto Lugar Geral, ganhando medalha de ouro na Categoria Grande Angular com uma paisagem recifal com destaque para uma colônia da gorgônia orelha-de-elefante (Phyllogorgia dilatata) junto a uma gorgônia (Plexaurella grandiflora). O troféu de Quinto Lugar Geral foi para a dupla Cleber Assumpção e Eduardo Resende, que conquistou a medalha de bronze na Categoria Close-Up com o búzio (Cyphoma macumba).
Marcelo Prim e Luiz Magina levou para casa ouro na Categoria Peixe com um neon-goby em meio às reentrâncias do coral-vela
O troféu de Primeiro Lugar Geral na Divisão Compacta foi para a dupla Fernanda Saldanha e Marcia Tancredi. Elas conquistaram medalha de ouro na Categoria Close-Up com a imagem de um polvo, e duas medalhas de bronze. Uma na Categoria Grande Angular com uma paisagem recifal com destaque para uma lagosta, e outra na Categoria Temática com uma lente especial em colônia branqueada de coral-vela (Mussismilia harttii).
“Com esse Concurso que incluímos no atual contrato com a Petrobras, conseguimos reunir os principais nomes da fotografia subaquática do Brasil para registrar o Parque Municipal do Recife de Fora, onde realizamos as pesquisas junto a 14 universidades e institutos de pesquisa”, destaca a bióloga Débora Pires, que é coordenadora de Comunicação e Sensibilização do Coral Vivo, que é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Para o coordenador do Concurso Coral Vivo de Foto Sub, Áthila Bertoncini, a fotografia documental é uma importante ferramenta para a conservação ambiental, porque sensibiliza podendo gerar mudança em valores e atitudes. “Na busca pelas imagens que melhor representem o branqueamento de corais neste ano de El Niño, os fotógrafos contribuíram para a pesquisa e a divulgação científica, atuando também como cientistas cidadãos”, avalia Bertoncini, que é bi-campeão de foto sub e coordenador do Programa de Foto-Identificação do Projeto Meros do Brasil. Uma seleção de fotografias desse concurso estará em e-book informativo, que está sendo produzido para estar disponível gratuitamente na seção Publicações do site www.coralvivo.org.br.
O que é branqueamento de corais?
Uma das principais causas do branqueamento é o aumento de temperatura da água do mar. Em anos de ocorrência do fenômeno climático El Niño as águas do mar ficam ainda mais aquecidas. Esse estresse gera a expulsão das microalgas simbiontes – chamadas de zooxantelas – do interior do coral. São elas que dão cor ao tecido quase transparente do coral, que tem o esqueleto calcário branco, assim como os ossos de humanos. Quanto mais intenso e duradouro for o evento estressante, maior é a chance da colônia de coral adoecer e morrer, porque dependem dessas microalgas para viver. Cabe destacar que os recifes de coral são ambientes frágeis, que abrigam rica biodiversidade marinha, podendo ser comparados às florestas tropicais para a manutenção da vida na Terra.