Mais de 110 mil km2 de UCs estão ameaçados no Brasil

As áreas de conservação podem ser economicamente importantes para a economia do nosso país – Foto: © Adriano Gambarini/ WWF-Brasil

POR – RENATA ANDRADA (WWF-BRASIL) / NEO MONDO

Essa área é alvo de ataques do Congresso Nacional e assembleias legislativas estaduais. As pressões são causadas por projetos de infraestrutura, mineração e pelo agronegócio

As Unidades de Conservação (UCs) vêm sofrendo crescentes ataques nos últimos anos no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas estaduais, com uma série de tentativas de diminuição de tamanho, redução no grau de proteção ou sua total eliminação. Esses eventos são motivados por projetos de infraestrutura, mineração e agronegócio. Atualmente, 90 eventos desse tipo já ocorreram, afetando uma área total de mais de 116 mil km²; outros mais de 250 mil km² estão diretamente ameaçados.

Também têm sido registradas taxas crescentes e alarmantes de desmatamentos e de queimadas no país, especialmente em áreas protegidas da Amazônia. Os alertas de desmatamento dentro dos limites das UCs na Amazônia entre janeiro e setembro saltaram de 441 km², em 2018, para 953 km² neste ano – um aumento de mais de 110% (com base em dados do Deter/Inpe) nas perdas florestais em áreas dedicadas à conservação da vida selvagem, de paisagens naturais e de serviços ecossistêmicos.

Um exemplo de redução ocorre no Mato Grosso do Sul em que uma ação judicial movida por antigos proprietários que ainda não foram indenizados pode reduzir a área do Parque Nacional da Bodoquena, em Mato Grosso do Sul, de 76 mil hectares, para 20% disso (cerca de 15 mil ha). O parque abriga mais de 170 tipos diferentes de árvores e fauna ameaçada de extinção. Além disso, é o local onde nascem alguns dos rios mais importantes para as atividades que fazem de Bonito um dos principais destinos de ecoturismo do país.

Outros exemplos dos ataques que essas áreas vêm sofrendo atualmente no Brasil estão detalhados na coleção sobre as Unidades de Conservação que o WWF-Brasil acaba de lançar.

Por que vale a pena manter as UCs?

As publicações também revelam dados importantes sobre os benefícios gerados pelas unidades de conservação, como a oferta e energia e água, além de seu importante papel para as condições de vida no planeta.

Além disso, explicam como essas áreas podem ser economicamente importantes para a economia do nosso país. Um exemplo: um incremento de 20% na visitação (mais 3,4 milhões de visitantes anuais) resultaria em um impacto econômico entre R$ 500 milhões e R$ 1,2 bilhão, coma criação de 15 mil a 42 mil novos postos de trabalho.

O que são as Unidades de Conservação?

São áreas de proteção ambiental. As unidades de conservação (UCs) são legalmente instituídas pelo poder público, nas suas três esferas (municipal, estadual e federal). Elas são reguladas pela Leo nº 9.985, de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Estão divididas em dois grupos: as de proteção integral e as de uso sustentável.  O Brasil tem 18% de seu território coberto por elas, o que representa cerca de 1,6 milhão de km², mas apenas 6% dessa tem proteção integral. Os outros 12% são unidades de uso sustentável que permitem atividades econômicas.

Bonito um dos principais destinos de ecoturismo do país – Foto: © Michel Gunther / WWF