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POR – MARCUS NAKAGAWA*, PARA NEO MONDO
A cada ano, o mês do meio ambiente está sendo divulgado mais fortemente. As empresas, a mídia, as redes sociais, as marcas, todos e todas comentando sobre este importante tema para a sociedade e para a sobrevivência no planeta.
A data oficial do Dia Mundial do Meio Ambiente é 5 de junho. Neste dia, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou uma importante conferência que discutia o futuro sustentável e as relações entre os seres humanos e o planeta. Neste evento que aconteceu na Suécia, conhecido como Conferência de Estocolmo, foi criado o PNUMA, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ou em inglês o UNEP – UN Environment Programme. Um momento bem importante para lembrarmos, pensarmos e refletirmos o nosso relacionamento com a natureza e o meio em que os seres humanos vivem.
Um ponto de muita atenção é o desmatamento na Amazônia Legal, que teve recordes de alertas no primeiro trimestre de 2022, segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) baseado nas informações da plataforma Terra Brasilis, que monitora o desmatamento da região da Amazônia desde 2015. Os estados que mais desmataram foram o Mato Grosso, seguido do Amazonas, Rondônia e Pará. A análise de dados mostra alertas de desmatamentos com solo exposto, desmatamento com vegetação e mineração na região. Isso revela que é urgente verificar todos os outros locais no planeta que estão perdendo a sua mata nativa.
Outro ponto que está relacionado à emergência climática é a morte de corais, por exemplo aqui no litoral brasileiro. Os corais são considerados a floresta marinha, responsável por atrair muitos seres vivos para formar o ecossistema local. Este é um fenômeno que tem acontecido em todo o planeta que, somado à poluição marinha, traz um risco enorme a todo sistema planetário. Em 2017, a ONU declarou a “Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável”, que vai de 2021 até 2030. Para encurtar a frase, ficou conhecida como a “Década do Oceano da ONU” com o slogan “é a ciência que precisamos para o oceano que queremos”.
Citei aqui somente dois pontos dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, os ODS 14 e 15, vida na água e vida terrestre, respectivamente. Lembrando que temos mais 17 ODS e todas as suas 169 metas para buscarmos essa agenda até 2030.
Mais uma constatação que o ESG está em pauta é se colocamos o termo no Google Trends, a ferramenta que mostra as buscas nos últimos 5 anos no Brasil, vemos um crescimento a partir de junho de 2020, picos em setembro de 2021 e no começo deste ano. Por curiosidade, o termo sustentabilidade desde 2004, na análise do Google Trends, tem o seu pico inicial também no Brasil em novembro de 2010.
Deste modo, muitos governos, empresas e organizações estão trabalhando com estas temáticas, não só na data comemorativa ou no mês do meio ambiente, mas todos os dias. Nas empresas, que acompanho mais de perto, o movimento do ESG veio com toda força no meio da pandemia da covid 19 para interagir com os ODS. Para quem ainda está se familiarizando com o tema, o ESG (Environmental, Social and Governance), ou ASG (em português), ganhou destaque nos principais jornais e sites de notícias do mundo, colocando as questões Ambientais, Sociais e de Governança como um foco de atenção pelos investidores. Muitos fundos com carteira de ações de empresas que se preocupam com os temas começaram a mostrar que não é só por “ajudar” o meio ambiente ou as pessoas. Alguns executivos classificam esta área pejorativamente, mas sim, apoiam a causa como uma forma de ter mais controle, menos riscos e estar de acordo com sua missão, visão e valores.
Esta é uma nova forma de gestão, em que as empresas têm que gerar valor não só financeiramente, mas também para todos os outros stakeholders, também conhecidos como públicos de relacionamento.
No Fórum Econômico Mundial, já destacaram o termo de Capitalismo dos Stakeholders, a nova forma das empresas fazerem a gestão também dos interesses da sociedade. No caso das empresas, estes stakeholders seriam os funcionários, os acionistas, os fornecedores, os distribuidores, a comunidade no entorno, o governo, a sociedade, o meio ambiente, entre outros. Ou seja, as empresas precisam cada vez mais entender o Meio Ambiente, não só como o fornecedor de recursos para os seus processos, produtos e serviços, mas como uma das partes interessadas do seu relacionamento com os stakeholders. Sabemos que somente 100 empresas no mundo representam 70% das emissões de gases de efeito estufa, na sua grande maioria as empresas de energia não renovável, ou seja, carvão e petróleo. É neste ponto que precisamos tomar muita atenção, pois um terço do planeta já foi embora como “recurso” para as empresas, governos e consumidores. E está cada vez mais difícil a Terra se regenerar, por a mesma não possuir tempo suficiente para isso.
Espero que neste mês do Meio Ambiente, os vários movimentos apresentem e relembrem que a sustentabilidade e o ESG começam em cada escolha que fazemos para a nossa casa, para o nosso jantar, para o nosso consumo. Temos que evoluir rapidamente, senão a nossa nave mãe Terra não suportará. Temos muita inteligência e tecnologia para isso, porém temos que focar. E você está focando suas ações e atitudes para o desenvolvimento sustentável?
*Markus Nakagawa – É professor da ESPM e coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS). Idealizador e conselheiro da Abraps, idealizador da Plataforma Dias Mais Sustentáveis e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos, Administração por Competências e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019).
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