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ARTIGO
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Por – Aurélien Maudonnet (CEO da Helexia Brasil)*, especial para Neo Mondo
Nós brasileiros – digo “nós” porque, nascido na França, me naturalizei em 2017 – temos por hábito enxergar o país com as lentes do pessimismo e do derrotismo. Claro que impressionam a organização urbana da Europa, os pontos turísticos carregados de História e os serviços muitas vezes impecáveis, mas nem sempre. É justamente sobre um serviço prestado por lá (e aqui), um bem a cada dia mais presente e fundamental à vida moderna, que quero tratar neste texto. Uma reflexão, na verdade, sobre o quanto a América Latina e o Brasil, em especial, estão à frente no setor de energia, numa comparação com diversos países da Europa, em grande parte, graças às renováveis.
Por lá, a crise energética causada pela interrupção do fornecimento do gás russo preocupa governos, que se veem forçados a repensar suas estratégias relacionadas ao tema, como é o caso Alemanha, até então totalmente dependente da Rússia. Outros, que utilizam energia nuclear, caso da França, conseguem se virar melhor, mas ainda assim sentem os reflexos da guerra na Ucrânia. Afetados pelo conflito, os preços têm chegado a um absurdo tal que esses países e o Reino Unido, por exemplo, têm revisto completamente suas políticas energéticas, uma vez que as pessoas simplesmente não conseguem pagar a conta de luz. Governos estão desenhando programas de subsídio para garantir a manutenção das tarifas.
Já esperávamos um crescimento das energias renováveis, por conta do aquecimento global, que afeta e preocupa a todos, mas, com a crise energética causada pela guerra, a expectativa é de que esse crescimento seja muito mais acentuado do que o inicialmente previsto pela International Renewable Energy Agency (IRENA). Devem representar 89% do mix elétrico global até 2050, segundo a IRENA, mas, como um bom otimista, arrisco dizer que essa marca será batida dez anos antes. Além da necessidade urgente em diversificar, as energias renováveis estão se tornando cada vez mais competitivas e se apresentando como o caminho mais assertivo para esses países, que têm muito a aprender com a nossa expertise, muito a correr atrás do tempo perdido e muito a buscar fazer o melhor possível com condições climáticas, de certa forma, adversas ou não tão propícias. É o caráter geopolítico do setor forçando uma franca mudança de postura.
Já a oferta energética por aqui é de dar inveja, pelo número de opções e mais ainda pela qualidade. América Latina e, em destaque, o Brasil têm um cenário extremamente favorável, devido ao espaço físico disponível, ao conhecimento e, principalmente, à capacidade de produção local – eólica e solar, que temos em abundância – muito superior à Europa. E dentro de toda essa expectativa de crescimento, me permito colocar a lupa na produção fotovoltaica, que costumo chamar de “novo ouro do Brasil”, por conta de todos os atributos já destacados e ainda somados às políticas públicas, como o marco regulatório de geração distribuída e licenciamentos ambientais de uma forma geral.
Fundos de investimento estrangeiros interessados em apostar em energia limpa olham para o Brasil como a melhor opção porque é muito mais rápido tocar um projeto solar no país do que na Europa, com um custo de investimento mais baixo, um contexto político estável e livre de conflitos bélicos, além do efeito escala, com a possibilidade de abraçar vários projetos simultaneamente. Sem contar que é uma forma de diversificarem geograficamente suas carteiras. Então, são muitas as vantagens apresentadas no Brasil em relação aos países europeus. Estamos tocando o setor certo, no país certo, na hora certa. Esse mercado vai experimentar um crescimento exponencial, uma vez que se enxergar efetivamente o potencial da energia solar, que se destaca ainda mais no espectro das renováveis. Temos um cenário promissor, que precisa ser ainda estimulado, mas falta pouco.