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ARTIGO
Por – Luiz Antonio dos Santos Pinto*, especial para Neo Mondo
O cenário econômico preocupante no Brasil e no mundo, a insegurança dos brasileiros em relação aos investimentos em um ano de eleições federais e estaduais e as políticas públicas que eram esperadas, mas não se concretizaram em 2022, foram determinantes para que a produção brasileira de aquecedores solares tivesse um decréscimo de -2,1% no ano passado em relação a 2021, somando 1,78 milhão de metros quadrados. Os dados são da Pesquisa de Produção e Vendas de Sistemas de Aquecimento Solar 2023 (base 2022), realizada pela ABRASOL — Associação Brasileira de Energia Solar Térmica.
Muito embora se trate de uma fonte de energia limpa, e de baixo custo, no acumulado dos últimos 25 anos, foram instalados apenas 22,8 milhões de metros quadrados de aquecedores no país, número bem inferior aos 500 milhões de metros quadrados instalados, por exemplo, pela China em apenas 20 anos.
Tais números, infelizmente, traduzem as oportunidades perdidas com o não incentivo à energia termossolar no Brasil. Trata-se de tecnologia que gera empregos — a atividade mantém atualmente 50 mil postos de trabalho no país –, renda e investimentos, e contribui muito para a solução dos nossos desafios energéticos.
Num país como o nosso, com luz solar praticamente o ano inteiro em todo o seu território, o sistema é alternativa concreta, segura e viável. Atende a uma grande parcela da demanda energética, a partir de uma fonte perene e absolutamente limpa e sustentável, e proporciona ganhos econômicos e ambientais significativos. O uso da energia solar térmica evita anualmente a emissão de mais de 4,5 milhões de toneladas de CO₂ no meio ambiente brasileiro.
A pesquisa aponta também a disparidade do uso da tecnologia em termos regionais e nos segmentos de mercado. O Sudeste continua na liderança com 53% das vendas, seguido do Sul com 23%. Nordeste e Norte representaram 7% e 3% respectivamente. O maior crescimento na comparação com 2021 registrou-se no Centro-Oeste, com 14%. Com relação à distribuição das vendas nos segmentos de mercado, o setor mais significativo continua sendo o residencial com 73%, seguido pelo comercial/serviços com 19%. Já o setor industrial representou 6% e os projetos sociais ficaram com percentual equivalente a 2%.
Apesar disso, a expectativa do mercado para 2023 é de um aumento de 16%. Devem contribuir para esse crescimento a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, com a inclusão de aquecedores solares no projeto; o aumento das obras da construção civil; e programas nas esferas federais, estaduais e municipais de políticas públicas de fomento ao uso da Energia Solar Térmica, que devem ter início neste ano e terem continuidade nos próximos.
Se essas expectativas se concretizarem, vamos deixar de acumular oportunidades perdidas e passar a utilizar todo o potencial da energia termossolar, usufruindo seus benefícios para o meio ambiente e a matriz energética nacional.
*Luiz Antonio dos Santos Pinto, presidente da ABRASOL — Associação Brasileira de Energia Solar Térmica.