Foto – Divulgação
ARTIGO
Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição de NEO MONDO e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo sem prévia autorização
Por – Cláudia Abdul Ahad Securato*, especial para Neo Mondo
O ESG é a sigla para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança), que diz respeito à integração da geração de valor econômico aliado à preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa, por parte das empresas.
O eixo “S”, dos critérios sociais, tem um leque muito amplo de questões a serem consideradas: respeito aos direitos humanos, trabalho decente, salário digno, empregabilidade, adoção de políticas de diversidade, combate ao trabalho infantil e às formas análogas da escravidão, assegurar privacidade e segurança física e de dados de clientes e funcionários, gestão de riscos na cadeia de suprimentos e fornecedores, proteção dos clientes e consumidores e consumo consciente, além da preocupação com as comunidades de entorno. Por isso, há uma dificuldade das empresas em mensurar os resultados objetivos, já que não existem manuais do que fazer pra implementar o “S” corretamente.
Algumas certificações são importantes que as empresas obtenham e apesar de abarcarem apenas um pedaço do “S” podem servir de baliza para o cumprimento das obrigações das empresas com as pessoas. Em primeiro lugar, é imprescindível que a empresa esteja em conformidade com a legislação de seu país, é importante também aderir aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do pacto Global da ONU (ODS), aderir às Diretrizes da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conhecer da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância (Decreto 10932/2022), obter as certificações de sistema de gestão em saúde e segurança do trabalho, ex. ISO45.001 e certificações de ambientes de trabalho atrativos e respeitosos, ex. SA 8000 e Great Place to Work.
A empresa Danone, por exemplo, já se manifestou no sentido de que tem metas ambiciosas relacionadas às práticas ESG, como por exemplo, ser zero carbono até 2050 e ter 30% de seus cargos de liderança ocupados por profissionais negros e pardos até 2030. Ainda, no âmbito social, a empresa possui um projeto denominado “kiteiras” que consiste em 5.400 mulheres que recebem kits da Danone e revendem esses produtos em suas comunidades. O intuito da empresa é desenvolver o empreendedorismo e o empoderamento econômico feminino, fazendo com que essas mulheres tenham uma renda, que varia de R$ 700,00 a R$ 1.000,00 por mês. Quanto aos seus cargos de liderança, 52% já são ocupados por mulheres e não há diferença salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função.
Nos últimos tempos tem havido alta rotatividade nos postos de trabalho, impulsionada por movimentos que desafiam a noção tradicional de trabalho. Esses movimentos, como o chamado “antitrabalho”, refletem uma realidade em que há vagas de sobra, mas não há trabalhadores que aceitem baixos salários e ausência de garantias trabalhistas. Existem alguns movimentos, como é o caso do denominado “Great Resignation”, que resume a tendência de demissões voluntárias, sendo que os principais motivos são a busca por vagas no modelo híbrido; a fuga de uma “cultura corporativa tóxica”, baseada na ausência de diversidade, equidade e inclusão nas companhias, além de uma sensação de desrespeito com os funcionários.
Assim, diante desses diversos movimentos “antitrabalho”, fica cada dia mais evidente que as empresas precisam se preocupar em construir um ambiente de trabalho saudável, para atrair e reter talentos, tendo em vista que mais pessoas buscam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Essa melhoria pode ser feita através de implantação de normas e políticas internas que proíbam atitudes preconceituosas, abusos hierárquicos, assédios (sexuais ou morais), microagressões; precisa existir critérios objetivos para contratações, desligamentos e no trato entre colegas de trabalho; nas contratações, é necessário que se faça análise do histórico profissional e pessoal do potencial empregado, se ele se adequa aos procedimentos e normas previstos no Código de Conduta e Ética estabelecido; é indicado que a empresa tenha programas de cargos e salários; que se preocupe com a saúde e segurança do trabalho, meio ambiente do trabalho (NRs, SESMT, CIPA, PCMSO, PPRA) e que implante cláusulas de confidencialidade, não competição, não aliciamento, bom uso de equipamentos e ferramentas fornecidas pelo empregador, além de se preocupar com diversidade étnica, racial, etária, sexual, religiosa, cultural e de gênero.
No mais, em casos de terceirização, a empresa deve atuar na investigação prévia às contratações de potenciais organizações prestadoras de serviços, de forma a garantir que as organizações contratadas tenham condições de se manterem no mercado de trabalho, com capital e bens e que se adequem as normas de segurança, higiene e salubridade exigidas pelas regras trabalhistas.
Para que não seja surpreendida negativamente no futuro com inúmeras reclamações trabalhistas, cabe ao setor de Compliance da Tomadora de Serviços exigir da Prestadora dos Serviços Terceirizados documentações de regularidades econômicas, jurídicas e fiscais; bem como analisar os riscos quanto ao local, tipo de atividade e tipo de serviços. Todas essas atitudes colaboram para que a empresa implante o ESG com foco no “S”.
O ESG é mais do que apenas um conjunto de critérios, é um convite para que a empresa se mova junto com a coletividade. É a oportunidade de olhar além dos acionistas e investidores, e se preocupar genuinamente com o impacto positivo na sociedade. Significa adotar uma liderança generosa e integra, valorizando colaboradores, clientes, fornecedores e a comunidade em geral. É sobre criar uma sinergia com os fornecedores, abandonando a mentalidade de “um ganha, outro perde”. Trata-se de equilibrar as necessidades de todas as partes envolvidas, impulsionando o crescimento e a prosperidade da empresa.