Alaildo Malafaia, pescador e morador de Magé, na Baixada Fluminense–RJ – Foto: Divulgação
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Atividades de reflorestamento e disseminação de boas práticas ambientais fazem parte da rotina de Alaildo Malafaia
Neste dia 29 de junho, Dia de São Pedro, é comemorado também o Dia do Pescador. Esse profissional, que vive em constante interação com a natureza, é um importante aliado na conservação do planeta. Nesse sentido, o pescador Alaildo Malafaia, de 60 anos, morador de Magé, na Baixada Fluminense – RJ, se tornou uma referência. Há 45 anos, ele ajuda a conservar os manguezais da Baía de Guanabara, em atividades de limpeza e restauração.
Apesar de não ter formação acadêmica em Biologia, os anos de cooperação com os pesquisadores do Projeto UÇÁ — iniciativa da ONG Guardiões do Mar, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental — transformaram Malafaia em um ‘pescador-biólogo’. Essa troca entre os saberes tradicionais dos pescadores da região e o conhecimento científico dos pesquisadores vem fortalecendo a comunidade pesqueira, valorizando suas atividades econômicas, e colaborando com a conservação dos rios e manguezais da Baía de Guanabara.
Por meio desse intercâmbio entre a ciência e as comunidades tradicionais, são resgatadas ou desenvolvidas, por exemplo, técnicas de manejo sustentável, como o Transplantio. Essa é a técnica mais utilizada nos reflorestamentos de manguezais da Baía de Guanabara pelo Projeto UÇÁ e também pela Cooperativa Manguezal Fluminense, formada por catadores de caranguejo e pescadores da região, da qual Malafaia é presidente.
“Quando produzíamos mudas no viveiro, muitas eram perdidas. Então, por meio da expertise do pescador, nós começamos a transplantá-las. Passamos a tirá-las de baixo da planta mãe e as levá-las ao sol. Desta forma, ficamos dentro da margem de perdas, chegando a, no máximo, seis por cento”, conta Malafaia. “Hoje produzimos conhecimento para o Brasil todo e até mesmo para fora do país”, orgulha-se.
“Malafaia é o pescador mais biólogo que eu já conheci. Ele se apaixonou e transformou essa paixão em um trabalho”, define o presidente da ONG Guardiões do Mar, Pedro Belga, que se tornou amigo de Malafaia, após conhecê-lo durante as atividades do Projeto UÇÁ.
Atualmente, Malafaia não vive mais da pesca, apesar de carregar a profissão no sangue, como diz. No entanto, os longos anos de atuação como pescador os tornaram um profundo conhecedor dos rios e manguezais da Baía de Guanabara, que hoje ajuda a conservar.
“Antes de participar dos projetos, eu tinha uma visão de que os manguezais eram um local de lama, com muitas aranhas, insetos e cobras. Hoje, eu vejo que é um ecossistema que presta milhares de serviços para nós humanos e para os animais da biota marinha”, conta.
Malafaia trabalha atualmente como condutor de ecoturismo e aproveita os passeios para disseminar boas práticas ambientais, além de participar de palestras, em que apresenta seus conhecimentos práticos. Atividades de limpeza e reflorestamento também fazem parte da rotina do (ex) pescador.