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POR – AGÊNCIA CONVERSION, ESPECIAL PARA NEO MONDO
Estudos apontam a redução dos rios em 35% até 2050
O Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) apoiou um estudo, lançado neste ano, que aponta a perda de até 35% do volume de águas do cerrado brasileiro até 2050. Segundo o pesquisador Yuri Salmona, o estudo foi realizado através de análise sobre a vazão dos rios e cobertura vegetal de 85 bacias hidrográficas do cerrado entre os anos de 1981 e 2021.
A pesquisa explica que as mudanças climáticas fizeram com que o bioma tenha períodos maiores de estiagem, enquanto o volume de chuva esperado por um longo período de tempo chega concentrado em forma de curtos períodos de chuva torrencial. Isso faz com que o solo não consiga absorver o nível de água necessário para suprir os rios.
De acordo com os pesquisadores, mudar essa situação é complexo, porém pode trazer inúmeros resultados para o bioma. A principal forma seria reduzir os impactos da intervenção humana na região, causada pelo agronegócio, e garantir o cumprimento das legislações que determinam a preservação de áreas de vegetação nativa e nascentes.
Essa lei foi alterada recentemente no 1º Seminário Técnico-Científico de análise do desmatamento e queimadas do cerrado, realizado no dia 11 de julho deste ano, pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, onde mais de dez especialistas ministraram palestras sobre os mais recentes dados estudados sobre o assunto e as iniciativas já existentes para evitar os danos ao bioma.
O seminário foi realizado com o objetivo de gerar discussões que irão subsidiar a formulação do Plano de Ação Para Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no bioma (PPCerrado). As principais propostas de ação apresentadas foram o aprimoramento no sistema de Autorização de Supressão Vegetal (ASV) e o aumento da porcentagem de área que precisa ser preservada dentro de propriedades rurais.
O PPCerrado já está em vigor desde 2011, sendo essa a 4ª etapa do plano a ser analisada. A primeira fase do processo resultou em uma queda de 9% no índice de desmatamento no cerrado. A segunda e a terceira fases ocorreram entre os anos de 2014 e 2019; já nos últimos anos o plano de ação foi descontinuado pelo governo Bolsonaro.
A execução do plano de prevenção pode ser uma forma de reduzir os impactos contínuos sofridos pelo cerrado brasileiro, responsável pela regulação do clima também de outras regiões e pelo abastecimento de importantes rios que movimentam a economia brasileira.
Além de iniciativas governamentais, existem também ações privadas que podem ser realizadas pelo agronegócio brasileiro, a fim de tornar este mercado menos catastrófico para a fauna e a flora brasileira. O uso de energias limpas, como a energia solar por assinatura, e a preservação de parte da vegetação, através de multiculturas de alimentos, são formas de a iniciativa privada contribuir também para reduzir seus próprios impactos.
A formatação final do PPCerrado será lançada neste mês de outubro, após uma audiência pública para discussão do problema com a população.