Rio Sena foi palco da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 – Imagem: Reprodução / Twitter
ARTIGO
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Por – Leo Cesar Melo*, especial para Neo Mondo
Com a chegada das Olimpíadas de Paris, as atenções se voltaram, além das competições esportivas, para iniciativas que deixarão um legado para o planeta, como a despoluição dos rios urbanos e as questões ambientais, já que um dos pontos mais importantes da cidade, o Rio Sena, passou por um complexo processo de revitalização para garantir que suas águas estejam adequadas para sediar o evento.
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Ao longo dos séculos, com a industrialização, o crescimento urbano e a falta de tratamento correto de esgoto doméstico, o rio foi se degradando e atingiu níveis extremos de poluição. Contudo, desde quando a região foi anunciada como sede dos Jogos Olímpicos de 2024 (Olimpíadas de Paris), os trabalhos para recuperação do corpo d’água foram reforçados.
Os métodos utilizados para despoluição de rios urbanos podem variar para cada caso, com técnicas de dragagem, gradeamento, flotação e até mesmo soluções nucleares ou baseadas na natureza. Em Paris, contaram com o tratamento de águas pluviais e afastamento dos esgotos, assim como os “jardins filtrantes”, que utilizam plantas aquáticas para separar as impurezas da água.
Entre os processos, existem importantes marcos de sucesso, alguns bem conhecidos como o rio Tâmisa, na Inglaterra, que foi considerado “biologicamente morto”, mas está recuperado. Outro bom resultado é a transformação do rio Han, na Coreia do Sul, que, após um plano de desenvolvimento e implementação de gestão da qualidade da água, está em boas condições.
Despoluição do rio Pinheiros
Mais próximo de nós, no Brasil, temos diversos desafios, principalmente em grandes e populosas metrópoles como São Paulo. O rio Pinheiros, por exemplo, tem passado por um extenso projeto de despoluição, com um processo que conta com técnicas de ligação e afastamento de esgoto, tratando problemas que atingem a população e a biodiversidade do rio. Nos últimos anos, os investimentos foram direcionados para a ligação de 650 mil imóveis à rede de tratamento de esgoto, tratamento de córregos da bacia do Pinheiros, e desassoreamento do leito do rio. Nesse período, mais de 80 mil toneladas de lixo foram removidas, além do foco na recuperação das margens, que beneficia toda a população local.
Atualmente, com a evolução do processo de despoluição realizado em toda a bacia, até mesmo uma grande empresa de transporte urbano tem colocado em prática um projeto de navegação no rio Pinheiros. A iniciativa pode ser um primeiro passo para a realização do transporte público no rio, o que contribuiria para mobilidade na cidade, melhoria no trânsito e na diminuição da poluição sonora e atmosférica na cidade.
Criação de áreas verdes nas margens dos rios
Outro aspecto fundamental na despoluição de rios urbanos é a restauração e preservação das áreas ao redor dos corpos d’água, como margens e áreas de vegetação nativa. A recuperação de regiões degradadas e a criação de zonas de proteção podem ajudar a reduzir a quantidade de poluentes que chegam aos rios e a promover a biodiversidade. Projetos de revitalização que incluem a criação de espaços públicos, parques e trilhas ao longo dos rios, como o parque linear Bruno Covas, não só ajudam na recuperação ecológica, mas também oferecem benefícios sociais e recreativos para a população urbana. Essas ações combinadas contribuem significativamente para a melhoria da qualidade dos rios e para o bem-estar das comunidades que dependem deles.
A despoluição de rios urbanos envolve trabalhos complexos que exigem investimentos e colaboração entre os governos, setores privados e a comunidade, com um planejamento amplo e adaptado para cada situação. Porém, à medida que grandes centros estão cada vez mais populosos e a indústria segue crescendo, é preciso contar com tecnologias que auxiliem com a recuperação do meio ambiente, mas que, principalmente, previnam os demais danos.
*Leo Cesar Melo é CEO da Allonda, empresa especializada em soluções sustentáveis para a indústria e o setor de infraestrutura e que contribui, por meio de obras de desassoreamento e ligação de esgoto, para o processo de despoluição do rio Pinheiros.