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POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
Um estudo recente da Universidade do Havaí alerta para os efeitos do aumento da temperatura global sobre as baleias-jubarte no Oceano Pacífico, tendo impactos diretos para a população que migra anualmente para a costa da Bahia. Uma pesquisa aponta que as baleias-jubarte, conhecidas por percorrer longas distâncias em busca de águas quentes para reprodução, dependem de temperaturas próximas a 21 °C para uma migração saudável e eficiente. Com o aquecimento do oceano, a frequência e o número de baleias que podem chegar às águas baianas diminuem, o que preocupa pesquisadores e conservacionistas. Isso compromete não apenas a saúde e o ciclo reprodutivo das baleias, mas também o equilíbrio ecológico e a economia de comunidades locais que dependem do ecoturismo marinho.
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Na Bahia, o Projeto Baleias Soteropolitanas, com sede em Salvador, tem iniciativas desenvolvidas para monitorar e entender melhores resultados. Por meio do Mapa Ciência Cidadã, um levantamento colaborativo que convida a população a registrar avistamentos de baleias, o projeto monitora a chegada e o transporte das baleias-jubarte ao longo da costa baiana. Dados preliminares revelam que, embora 2022 tenha registrado o maior número de avistamentos, 2024 apresenta uma queda significativa nesses números, indicando uma possível relação entre a mudança nos padrões migratórios e o aquecimento das águas.
Outro estudo reforça a preocupação. O relatório da ONU, “Estado das Espécies Migratórias do Mundo“, destaca que 51% das principais áreas de biodiversidade para espécies migratórias, incluindo potenciais locais de reprodução, ainda não possuem proteção adequada. Entre esses locais está a Baía de Todos os Santos (BTS), uma região com águas abrigadas que cientistas do Projeto Baleias Soteropolitanas investigam como possível área de nascimento das jubartes. Essa possibilidade reforça a necessidade de proteção, visto que seguros e preservados são essenciais para a reprodução dessas baleias.
Em apoio à conservação, a Redemar Brasil, em colaboração com o programa internacional Whale Heritage Sites, atua na capacitação de comunidades costeiras para proteger as baleias e o ambiente marinho. Essa parceria visa promover um modelo de turismo sustentável, no qual a observação de baleias integra a preservação e o turismo responsável, garantindo que as baleias e a biodiversidade local prosperem de forma equilibrada com as atividades humanas. Ao educar e engajar as comunidades locais, a Redemar Brasil promove uma conexão mais profunda entre as pessoas e o ambiente marinho, buscando criar um futuro no qual a presença das jubartes nas águas da Bahia seja garantida para as próximas gerações. Segundo William Freitas, presidente da Redemar Brasil, “a ameaça do aquecimento global não se restringe às temperaturas: ela desorienta o ciclo vital das baleias-jubarte, que percorre milhares de quilômetros até a Bahia. Com oceanos mais quentes, corremos o risco de perder a presença majestosa dessas gigantes e o equilíbrio que traz ao ecossistema e à vida das comunidades costeiras.”
Essa conexão de esforços, desde a ciência cidadã até à colaboração com iniciativas internacionais, destaca a importância de proteger áreas-chave para a biodiversidade e preservação do ciclo de vida das espécies migratórias. Com o aquecimento global como uma ameaça iminente, essas ações coletivas são fundamentais para garantir que a costa baiana continue sendo um refúgio seguro para as baleias-jubarte e um ponto de referência para a conservação marinha global.