O Barclays Investment Bank posiciona-se como um dos líderes globais em adotar compromissos ambiciosos para impulsionar o financiamento sustentável – Da esquerda para a direita: Jun Wang, Alex Araujo, Oscar Ghizzi, Glauco marques, Jaclyn Grossman e Victor da Mata – Imagem: Divulgação
POR – ELENI LOPES, COO DE NEO MONDO
Especialistas discutem, em evento promovido pelo Barclays Investment Bank, com apoio da green4T, o papel estratégico do Brasil na atração de investimentos para acelerar a descarbonização
O mercado financeiro está em um momento de transição quanto à adoção de práticas sustentáveis e responsáveis. Enquanto alguns investidores e instituições continuam comprometidos com critérios ESG como parte de suas estratégias de alocação de capital, outros têm adotado uma postura mais cautelosa, influenciados por fatores políticos e econômicos. Ainda assim, em mercados emergentes como o Brasil, o interesse por soluções inovadoras e projetos voltados à descarbonização segue como um ponto de destaque para atrair investimentos.
Neste cenário de desafios e oportunidades, algumas instituições financeiras têm se destacado ao adotar compromissos ambiciosos para impulsionar o financiamento sustentável. O Barclays Investment Bank, por exemplo, posiciona-se como um dos líderes globais desse movimento. Em dezembro de 2022, o banco anunciou a meta de facilitar a injeção de US$ 1 trilhão em financiamentos sustentáveis e de transição até 2030. Para atingir esse objetivo, o Barclays estruturou uma área dedicada às Finanças Sustentáveis, com foco em monitorar e classificar iniciativas que apoiem a transição global para uma economia de baixo carbono.
Como parte de suas iniciativas, o Barclays anunciou a alocação de até £500 milhões de capital próprio para investir em tecnologias climáticas até 2027. Até o primeiro semestre de 2024, investiu £166 milhões em mais de 20 empresas inovadoras, com foco em tecnologias como hidrogênio, captura de carbono e baterias.
O Brasil, com seu potencial em energias renováveis e biodiversidade, está no radar global dos investimentos sustentáveis. Em 2023, segundo a Bloomberg, o país atraiu quase US$ 35 bilhões em capital destinado à transição energética, destacando-se como o sexto maior destino mundial e líder entre mercados emergentes fora da China. Já consolidado como o terceiro maior mercado global em energia eólica e solar, o Brasil tem um enorme potencial para novas captações que viabilizem projetos de mitigação das mudanças climáticas.
Neste cenário promissor, o Barclays Investment Bank organizou, na segunda semana de novembro, em parceria com a green4T, uma empresa líder em gerenciamento e operação de ambientes de missão crítica, um evento exclusivo para discutir finanças sustentáveis e alocação de capital com impacto positivo. Entre os palestrantes, estavam grandes líderes do setor: Maggie O’Neal, Diretora Global de Pesquisa em Investimento Sustentável do Barclays; Jaclyn Grossman, do Barclays Sustainable Banking; Glauco Marques, Head of Brazil Distribution do Barclays; Fabio Alperowitch, CFA, Fundador & CIO da fama re.capital; Gilberto Ribeiro de Oliveira Filho, Sócio & CIO da VOX Capital; e Carol Paiffer, CEO da Atom & Shark no Shark Tank Brasil.
“O mercado brasileiro tem demonstrado iniciativas promissoras em sustentabilidade, consolidando sua posição como um player cada vez mais estratégico no contexto global. Com seu potencial em energias renováveis e biodiversidade, o Brasil se destaca como um destino atraente para investimentos que impulsionem a transição para uma economia de baixo carbono,” afirmou Glauco Marques Head of Brazil Sales and Origination.
“Sediar este evento é uma extensão natural do nosso compromisso com um futuro mais sustentável”, destacou Roberta Cipoloni Tiso, diretora de Sustentabilidade e Comunicação da green4T para a América Latina. “Eventos como este destacam o poder da colaboração entre setores para impulsionar soluções inovadoras, mostrando que sustentabilidade e viabilidade econômica não são apenas compatíveis, mas essenciais para moldar o futuro”, acrescenta.
Papel relevante para o Brasil
A América Latina é ampla e diversa, com distintos cenários socioeconômicos, sendo, no entanto, a desigualdade um denominador comum, assim como o potencial de contribuir com sua rica biodiversidade para o combate à emergência climática. Neste cenário, o Barclays enxerga três focos prioritários para direcionar recursos para investimentos responsáveis na região: promover a descarbonização com uma transição justa, avançar em carbono e produtos ambientais, e fomentar uma agricultura sustentável e regenerativa que respeite a natureza de forma holística.
As questões abordadas no evento exploraram amplamente os temas ESG, indo além das metas de descarbonização e financiamento. As discussões sobre sustentabilidade incluíram também aspectos sociais, como a geração de empregos por meio de investimentos em energias renováveis e a importância de uma transição justa que promova benefícios para as comunidades locais.
Governança
Gilberto Ribeiro de Oliveira Filho, da VOX Capital, refletiu sobre sua jornada no investimento de impacto, mencionando a importância de buscar além do lucro e investir em negócios que geram benefícios sociais e ambientais. “Na Vox, o impacto está no cerne de cada decisão. Nossa abordagem é investir em negócios cujo core business contribui diretamente para melhorar a vida das pessoas. Estamos comprometidos não apenas com o retorno financeiro, mas com o impacto socioambiental que cada empresa pode gerar,” disse.
Ele destacou também que a dimensão de governança permeia 100% do seu processo de investimento em uma empresa. “Pela primeira vez numa discussão, estou levando em consideração não só o quanto aquilo vai me pagar em termos de retorno, mas também qual a missão e qual o propósito daquele negócio. Estou preocupado se a teoria de mudança daquele negócio está formalizada, se existem nos contratos de investimento formas de proteger a missão, se a remuneração dos executivos tem indicadores de performance associados ao desempenho socioambiental,” explicou.
Para o executivo, a governança tem que refletir o posicionamento público e a proposta socioambiental do negócio. “Ela acaba sendo a cola que segura a estrutura junta,” ressaltou.
Meio ambiente
Fábio Alperowitch compartilhou sua experiência e ressaltou que, embora o acrônimo ESG tenha ajudado a dar visibilidade ao conceito, é essencial ver sustentabilidade de forma integrada. Ele enfatizou que questões ambientais também são sociais e que o mercado financeiro deve incorporar esses aspectos como parte de uma economia moderna. “Temos que entender que as questões ambientais estão totalmente ligadas à economia. Hoje, existem barreiras comerciais na Europa, por exemplo, que afetam exportadores que não seguem práticas sustentáveis. Para aqueles que produzem de maneira responsável, o mercado já oferece prêmios. Há um enorme potencial de risco e oportunidade, e o mercado precisa incorporar isso”, destacou.
Alperowitch observou ainda que uma abordagem pragmática é fundamental: quando as empresas enxergam a sustentabilidade como um investimento com retorno, o engajamento aumenta. “Com o tempo, percebi que o melhor caminho para envolver empresas é mostrar o valor econômico das práticas sustentáveis. Quando você apresenta um plano de descarbonização como um investimento rentável, o interesse aumenta. A sustentabilidade deve ser abordada com pragmatismo, indo além do discurso moralista.”
Social
Carol Paiffer, por sua vez, trouxe um olhar focado em educação financeira e inclusão social. Ela reforçou a importância de uma abordagem prática para promover a educação financeira, um tema que ela vê como fundamental para abrir possibilidades e melhorar a vida das pessoas. “Impacto social hoje não é um diferencial; é uma obrigação. Cada empresa precisa implementar isso de forma genuína, começando de dentro. Na Atom, priorizamos o mérito das pessoas, independentemente de onde vêm ou de sua aparência. Acredito que criar um ambiente inclusivo e meritocrático é essencial para um impacto real,” afirmou.
Eventos como este, promovido pelo Barclays Investment Bank em parceria com a green4T, são plataformas essenciais para a troca de conhecimentos e o fortalecimento de redes que podem impulsionar a inovação sustentável. Eles oferecem um espaço para debater estratégias, compartilhar melhores práticas e identificar oportunidades de financiamento que são cruciais para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.