A jornalista Eleni Gritzapis e o convidado Claudinei Elias gravando para o greenTalks – Imagem: Produtora Canta
Por – Eleni Gritzapis, especial para Neo Mondo
No mais novo episódio do greenTalks, discutimos como as mudanças climáticas estão impactando os negócios, a importância da tecnologia para mitigar esses impactos e as estratégias corporativas para uma adaptação sustentável. Nosso convidado é Claudinei Elias, CEO Global da Ambipar ESG e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Capitalismo Consciente Brasil
Confira os principais trechos da entrevista e não deixe de assisti-la na íntegra abaixo, ou no canal de Neo Mondo ou da green4T no Youtube e spotify.
O greenTalks é uma iniciativa pioneira entre a green4T e NEO MONDO para discutir o papel fundamental da tecnologia na promoção de um futuro mais sustentável.
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(greenTalks) – Claudinei, você tem uma longa trajetória em governança, riscos e compliance. Na sua visão, quais são os principais impactos das mudanças climáticas nos negócios atualmente?
É muito interessante ver como a área de governança, risco e compliance tem sofrido uma grande mutação, ampliando bastante o escopo de cobertura. Antes, víamos muitas iniciativas ligadas a controles internos e regulamentações, como a SOX para empresas que têm ações nos Estados Unidos. Hoje, as regulamentações exigem uma visão mais abrangente de riscos.
As áreas de riscos estão com um arcabouço muito maior, indo além dos financeiros e regulatórios para incluir questões como cibersegurança, mudanças climáticas e riscos geopolíticos. As empresas precisam rever como posicionam a questão ESG em relação à estratégia do negócio, buscando retorno tanto no curto quanto no longo prazo. O ESG passou a ser muito menos aspiracional e mais voltado para resultados tangíveis e sustentáveis.
(greenTalks) – Você mencionou a questão do ESG. Como vê a evolução dessa agenda nas empresas brasileiras?
Setores como agronegócio, infraestrutura e energia são intrinsecamente ligados ao clima e, por isso, são os mais impactados. Seja pelo excesso de chuva em uma região, como no Rio Grande do Sul, ou pelas secas que observamos ao redor do mundo. Esses setores enfrentam uma questão de materialidade muito grande. Mas, no final, o efeito é em cadeia. Independentemente do setor, todos já estão sendo impactados. Hoje, enfrentamos situações que eram esperadas para ocorrer daqui a décadas, como o aumento da temperatura previsto no Acordo de Paris. Isso tudo vai trazer um grande é desdobramento pra todos os negócios.
(greenTalks) – Há muita discussão em torno das famosas cartas da BlackRock. Por que você acha que ainda há resistência sobre o tema ESG globalmente?
Existe uma polarização política que tornou o ESG um tema controverso, especialmente nos Estados Unidos. O termo acabou sendo usado de forma indiscriminada, gerando discussões polarizadas. No entanto, muitos fundos de investimento continuam buscando iniciativas sustentáveis com foco em retorno financeiro e inovação, como gestão de resíduos, captura de carbono e mudanças nos sistemas de produção. Embora haja críticas, o ESG é um caminho sem volta, com avanços sustentados por dados e análises.
(greenTalks) – Ainda na mesma linha, na sua visão, as empresas, de forma geral, estão preparadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas, especialmente na área de gestão de resíduos?
Acredito que ainda estamos um passo atrás. Embora existam empresas avançadas, no macro, muitas ainda precisam entender sua exposição aos riscos físicos, de transição e adaptação. Regulamentações como as da CVM e relatórios climáticos (IFRS S1 e S2) estão pressionando para que as empresas tratem o tema com mais seriedade e robustez. Contudo, a preparação ainda é desigual, e muitas organizações não compreendem totalmente os impactos em suas operações.
(greenTalks) – Em seu artigo recente no portal Neo Mondo, você destacou o papel da tecnologia para enfrentar eventos climáticos extremos. Há algum tipo de inovação ou tecnologia emergente que você acredita que será um divisor de águas para empresas que buscam se adaptar às mudanças climáticas?
A tecnologia é fundamental para acelerar processos e soluções. Não estamos falando apenas de software ou inteligência artificial, mas também de inovações em produção, como tecnologias de carbono e tratamento de resíduos. Movimentos como “lixo zero” e “aterro zero” são exemplos práticos. Além disso, a tecnologia está nos ajudando a criar sistemas mais resilientes e eficientes para lidar com desafios como mudanças climáticas extremas.
(greenTalks) – Para finalizar, como você enxerga o futuro das empresas frente aos desafios climáticos?
As empresas precisam entender que as mudanças climáticas não são mais um problema futuro, mas uma realidade presente. É essencial integrar essas questões à estratégia de negócio, seja por meio de tecnologia, inovação ou novas práticas de governança. Esse será o diferencial para sobreviver e prosperar em um cenário cada vez mais desafiador.
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