Lauro Martins (esq.) e João Santos sendo entrevistados no greenTalks – Foto: Divulgação/Produtora Canta
Por – Eleni Gritzapis, especial para Neo Mondo
No mais recente episódio do greenTalks, recebemos Lauro Martins, head of Consulting & Digital Products da WayCarbon, e João Santos, mestre em planejamento de energia e especialista em soluções tecnológicas do Instituto SiDi, para um bate-papo sobre como a tecnologia pode ajudar as cidades a se prepararem para os impactos das mudanças climáticas
Eles compartilham experiências e soluções para tornar as infraestruturas urbanas mais resilientes, destacando o papel da digitalização, da inteligência artificial e da análise de dados para o monitoramento ambiental, planejamento urbano e resposta a eventos extremos.
Lauro Martins atua com soluções estratégicas de sustentabilidade para governos e empresas, com foco em adaptação climática. João Santos trabalha no desenvolvimento de tecnologias baseadas em IA e IoT no SiDi, um dos principais institutos de ciência e tecnologia do País.
Leia e assista também: greenTalks entrevista o cientista Carlos Nobre, referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas
Leia e assista também: greenTalks entrevista Fabio Alperowitch, fundador e CIO da fama re.capital
Confira os principais trechos da entrevista e não deixe de assisti-la na íntegra no link abaixo, ou no canal de NEO MONDO ou da Green4T no YouTube.
O greenTalks é uma iniciativa pioneira entre a Green4T e NEO MONDO para discutir o papel fundamental da tecnologia na promoção de um futuro mais sustentável.
O que é infraestrutura urbana resiliente e por que esse conceito é fundamental hoje?
Lauro Martins: Infraestrutura resiliente é aquela que está preparada para suportar choques e estresses. Isso significa pensar em cidades que, além de funcionarem bem em condições normais, também sejam capazes de responder e se recuperar rapidamente de eventos extremos, como enchentes, deslizamentos ou ondas de calor. O conceito vai muito além de engenharia – envolve planejamento urbano, políticas públicas, inclusão social e uso inteligente da tecnologia.
Como a tecnologia pode apoiar na construção dessa resiliência urbana?
João Santos: A tecnologia é essencial em várias frentes: sensores para monitoramento climático, sistemas de alerta precoce, plataformas que cruzam dados para análise de risco. No SiDi, temos trabalhado com soluções que integram diferentes fontes de dados – como pluviômetros automáticos e sensores de solo – para ajudar governos a tomar decisões baseadas em evidências.
Quais são os principais gargalos para que essas soluções tecnológicas sejam mais amplamente utilizadas pelos municípios brasileiros?
Lauro Martins: A maior barreira ainda é a capacidade institucional dos municípios. Muitos não têm equipe técnica suficiente ou recursos para interpretar os dados e tomar decisões com base neles. Além disso, precisamos pensar na governança desses dados: como eles são coletados, por quem e para que finalidade.
João Santos: Complementando, há também desafios técnicos: muitas vezes os sistemas não se conversam, não há interoperabilidade. E isso dificulta o uso estratégico das informações.
Vocês podem citar exemplos de cidades que são referência em resiliência urbana e uso de tecnologia?
Lauro Martins: Nova York é um bom exemplo. Após o furacão Sandy, a cidade adotou uma estratégia robusta de adaptação, com medidas físicas, como muros contra inundações, e também sociais e digitais. Cingapura também tem um planejamento urbano altamente integrado, com uso intensivo de tecnologia para gestão hídrica e urbana.
O que é o SiDi Alerta, e como ele se diferencia de outras plataformas de monitoramento?
João Santos: O SiDi Alerta é uma plataforma que permite visualizar e cruzar dados em tempo real para diferentes públicos – desde agentes de defesa civil até gestores públicos. Nosso foco foi criar algo intuitivo, de fácil interpretação, mas também robusto o suficiente para apoiar decisões críticas em momentos de crise climática.
Como a WayCarbon tem atuado para ampliar o conceito de infraestrutura resiliente nas cidades brasileiras?
Lauro Martins: Temos trabalhado com planos municipais de adaptação e estratégias de infraestrutura verde, por exemplo. Mas mais que isso, tentamos mudar a cultura de planejamento: sair da lógica reativa e partir para uma visão preventiva, sistêmica e baseada em dados.
A colaboração entre setores é essencial para lidar com os desafios climáticos?
Lauro Martins: Sem dúvida. Nenhuma instituição sozinha vai resolver esse problema. Precisamos da academia, da iniciativa privada, do setor público e da sociedade civil trabalhando juntos. E a tecnologia pode ser a ponte entre esses atores, ajudando a alinhar esforços e prioridades.
REALIZAÇÃO
JORNALISTA RESPONSÁVEL
PRODUÇÃO