Restaurante O Pasquim Bar e prosa – Foto: Divulgação
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Com a redução de horários e o fechamento aos finais de semana, demissões e até fechamento definitivos de bares e restaurantes são algumas das consequências desse endurecimento
As mudanças de fases do Plano São Paulo de combate à Covid-19, em todo o Estado, têm gerado muitos impactos negativos no setor de comércios e serviços. Diante da inconstância de um funcionamento estável, muitos comerciantes e colaboradores, especialmente de bares e restaurantes, que passaram meses tentando se manter ou mesmo se reerguer, foram obrigados a recorrer a maiores reduções de salário, demissões e enfrentam até mesmo a falência desde o início da pandemia.
De acordo com dados da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR), desde março de 2020, 10 mil estabelecimentos já encerraram suas atividades, só na capital. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), das 300 mil empresas do Estado, 90 mil deixaram de existir, desde então, e mais de 400 mil trabalhadores, dos mais de 1,8 milhão do setor, já foram demitidos. Estima-se, ainda, que entre os que conseguiram retomar, com o aumento da carga tributária, de 10% a 15% irá colapsar.
Sócio da holding Turn the Table, detentora de três espaços em São Paulo – A Ventana Bar & Café,Vero! Coquetelaria e Cozinha e O Pasquim Bar e Prosa -, Humberto Munhoz está entre os milhares de comerciantes que apelam pela estabilidade e pelo retorno do horário normal de funcionamento dos seus estabelecimentos. Entre outras ações pedidas pelo empresário, estão incentivos fiscais, novas linhas de financiamento e moratória de impostos e até mesmo uma fiscalização mais rígida aos que não cumprem com os protocolos estabelecidos, ao contrário dos seus estabelecimentos, que prezam pelo distanciamento social e por todas as medidas de segurança necessárias para o combate da Covid-19.
Diante da inconstância do plano e da despreocupação do governo no final de janeiro, 15 colaboradores foram desligados na última semana, dos cerca de 120 de toda a holding. “Ficamos 11 meses tentando segurar, ao máximo, essas pessoas. Porém, nesses últimos tempos, infelizmente, não conseguimos mais e tivemos que dispensá-las”, lamenta Humberto. O empresário, junto aos outros sócios da Turn the Table, já buscaram todas as alternativas possíveis para enfrentar a crise, desde o uso da MP 936/2020, que prevê a possibilidade de redução dos salários de trabalhadores durante a pandemia, até busca de crédito em bancos privados e agências de fomento do governo, medidas de prorrogação de impostos do Governo Federal e redução de jornada de trabalho, mas elas não têm sido suficientes para manter os negócios em pé.
Também no final do mês passado, o Vero! Coquetelaria e Cozinha e O Pasquim Bar e Prosa, dois dos três estabelecimentos da holding, tiveram de ser fechados, pelo menos por ora, já que seus maiores faturamentos estão atrelados aos finais de semana e à noite. “A Ventana não fechamos, ainda, pois seu faturamento é, majoritariamente, durante a semana e durante o dia. Porém, se o governo não voltar atrás nessa medida de restrição de horários e dias da semana, teremos que fechar essa casa também, pois não temos muito o que fazer a respeito”, explica Humberto. “Se a gente não puder trabalhar, pelo menos, até às 22h ou 23h, todos os dias, incluindo os finais de semana, aguentaremos mais pouquíssimos meses”, completa.
A partir das demissões, fechamentos e escassez, cada vez maior, de público e faturamento, os três estabelecimentos da holding estão com cartazes em suas fachadas, a fim de chamar a atenção da mídia e das pessoas sobre o número de pessoas afetadas pelas novas diretrizes e fazê-las enxergar o setor não só como lugares para happy hours e festas, mas sim como geradores de empregos e impostos para o Estado. “Por meio dos cartazes, queremos sensibilizar a opinião pública e mostrar que somos, de fato, o segundo setor que mais entrega no Brasil, só perdendo para a construção civil. Não dá mais para ficarmos fechados. São famílias perdendo emprego, não são pessoas que não conseguiram fazer happy hour”, apela Humberto Munhoz.
Apesar das necessidades de dispensas e do faturamento da holding ter sido reduzido em 90% durante a fase vermelha e em torno de 50% a 60% na fase amarela do Plano São Paulo, Humberto comenta que todos os colaboradores estão ao seu lado e entendem que o que tem acontecido foge de seu controle diante das medidas implantadas pelo Estado. “Eles veem a nossa batalha diária, sabem que estamos lutando, todos os dias, por eles e que quem está fazendo esse mal não somos nós, mas, sim, o Governo e suas medidas arbitrárias e sem nenhum fundamento científico”, pondera. E apela: “Mais do que qualquer outra ajuda, o Governo tem o papel de liberar a atividade econômica e de deixar a gente voltar trabalhar à noite e aos finais de semana. Não estamos pedindo nada demais, não queremos esmola. Queremos, apenas, trabalhar”, finaliza.