Rio Sagi, Vila de Sagi (RN) – Foto: Oscar Lopes Luiz/Neo Mondo
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Iniciativa também já retirou 44 toneladas de lixo de 36 hectares desse ecossistema por meio da Operação LimpaOca
Neste mês em que é celebrado o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais (26/07), o Projeto UÇÁ — iniciativa da ONG Guardiões do Mar, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental — comemora os seus 10 anos de atividade e os números já alcançados em defesa desse ecossistema. Até agora, são 182 mil metros quadrados de florestas de mangue restauradas na Baía de Guanabara por meio de replantio de 64 mil mudas. Além disso, já retirou 44 toneladas de lixo de 36 hectares desse ambiente através da Operação LimpaOca, uma das ações do projeto que mobiliza os catadores durante o período de defeso do caranguejo-uçá.
Para marcar a data e celebrar os resultados, o Projeto UÇÁ vem realizando e participando ao longo deste mês de uma série de atividades. No último dia 13, por exemplo, comemorou o seu aniversário de 10 anos em grande estilo com um show especial do cantor Lenine, em Niterói. A ação ocorreu durante o encerramento do Seminário de Educação Ambiental da Rede de Conservação Águas da Guanabara (REDAGUA), da qual faz parte juntamente com os projetos Coral Vivo, Guapiaçu e Meros do Brasil.
Por identificação com o manguezal, ecossistema presente em suas memórias de infância em Recife, Lenine se encantou com o Projeto UÇÁ, que conheceu em 2014, quando plantou uma árvore na lama do mangue. “Achei que poderia dividir o tipo de exposição que a música me dá com essas iniciativas e aprender com eles”, conta o cantor, que é padrinho do UÇÁ.
Além disso, para ajudar a desmistificar as percepções negativas e mostrar a relevância dos manguezais para o planeta, o Projeto estreia, em 26/07, a mostra imersiva ‘Do Mangue ao Mar’, no AquaRio.
O público também poderá conferir, até 06/08, a mostra ‘Ser do Mangue’ na Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, em Itaboraí, composta por fotografias de Rodrigo Campanário sobre os manguezais da Baía de Guanabara e seus povos.
“Lutamos diariamente para contar para as pessoas sobre a capacidade de resiliência da Baía de Guanabara que, apesar do intenso estado de degradação, pode e deve ser recuperada. A Guardiões do Mar é a organização que mais retirou resíduos sólidos no recôncavo da Baía na última década, ajudando a conservar o ecossistema e valorizar os povos tradicionais que dele vivem”, conta o presidente da ONG Guardiões do Mar e coordenador do Projeto UÇÁ, Pedro Belga.
Renda extra e empoderamento feminino
Reeditada em 2014, a Operação LimpaOca é uma ação inédita criada em 2001 pelos ONG Guardiões do Mar. Ela também garante renda extra aos povos tradicionais durante o período de defeso do caranguejo-uçá, quando é proibido coletá-lo. Os trabalhadores engajados na atividade recebem uma bolsa-auxílio para coletar os resíduos durante duas manhãs semanais, além de palestras de educação ambiental sobre o ambiente costeiro. Após desenterrar o lixo da lama, os participantes o transportam de barco até a sede do Núcleo de Gestão Integrada da Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim e Estação Ecológica da Guanabara (NGI – APA/ESEC – ICMBio), nos manguezais do Recôncavo da Guanabara, na Baixada Fluminense. Lá, é feita a triagem, pesagem e a avaliação da origem dos resíduos, permitindo identificar também possíveis principais poluidores.
Vale destacar a participação ativa de catadoras durante as ações da Operação LimpaOca, como a da pescadora artesanal e catadora de caranguejos Rita Duarte, 64 anos. “Dá um contentamento muito grande ver a vida voltar. O trabalho é imenso, sofremos. O sol castiga, os maruins nos devoram. A lama escorrega, engole. Mas quando a gente vê o mangue, vale a pena”, conta ela.
A iniciativa foi considerada referência nacional pela Plataforma EduCares do Ministério do Meio Ambiente, e visa contribuir com o empoderamento das mulheres, que historicamente enfrentam diversas situações de machismo na cadeia da pesca.