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Escrito por Neo Mondo | 14 de novembro de 2017
POR - FERNANDA DINIZ
Iniciativa garante confiabilidade e rastreabilidade à produção vegetal, desde os bancos genéticos até o produto final
O banco de caju, mantido pela Embrapa Agroindústria Tropical no Campo Experimental de Pacajus, CE, guarda espécies coletadas há mais de 60 anos
Especialistas de seis unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se reuniram na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília nos dias 8 e 9 de novembro de 2017 para trocar experiências sobre a implementação da gestão da qualidade em seis bancos vegetais mantidos pela Empresa em diferentes regiões: Arroz e Feijão (Goiânia, GO); Abacaxi e Mandioca (Cruz das Almas, BA); Caju (Fortaleza, CE), Capsicum (pimentas e pimentões) e o Banco Genético da Embrapa, em Brasília, DF. Esses bancos foram selecionados como pilotos para a adequação dos cerca de 150 bancos genéticos de plantas de importância para agricultura e alimentação geridos pela Embrapa em todo o Território Nacional, com o objetivo de adequá-los às normas de qualidade internacionais. A iniciativa é decorrente do Projeto QUALIVEG – Implementação e Monitoramento de Sistemas da Qualidade na Vertente Vegetal, iniciado em 2016 com o objetivo de mapear as condições atuais desses acervos genéticos e definir requisitos corporativos de qualidade para a sua operacionalização. Segundo a líder do Projeto QUALIVEG, Clarissa Castro, não existem no Brasil normas para a gestão da qualidade em coleções vegetais, e, por isso, os requisitos foram selecionados com base em normas internacionais (ABNT ISO/IEC 17025, ABNT ISO GUIA 34 e Versão Brasileira do Documento Diretrizes da OCDE de Boas Práticas para Centros de Recursos Biológicos) para definir um padrão único e internacional de qualidade a ser adotado. A implementação da gestão da qualidade nas coleções vegetais da Embrapa padroniza as atividades relacionadas a recursos genéticos, conferindo rastreabilidade aos resultados e agregando valor a esses locais. Esse processo envolve os seguintes requisitos: documentos (externos e internos, com destaque para a padronização de procedimentos); registros (impressos e eletrônicos); pessoal (capacitação e supervisão de empregados e colaboradores); instalações de campo e laboratoriais (adequações, manutenções e padronizações); condições ambientais (adequações e controles) e equipamentos e rastreabilidade de medição (manutenções, verificações e calibrações). Banco de pimentas e pimentões comemora avanço na gestão da qualidade Para a curadora do Banco de Capsicum da Embrapa Hortaliças, Sabrina Carvalho, a gestão da qualidade nos Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) da Embrapa é muito importante porque promove o desenvolvimento e a padronização das atividades relacionadas a recursos genéticos com qualidade e credibilidade de resultados. Segundo ela, a implantação da gestão da qualidade no BAG de Capsicum já está impactando positivamente a rotina de trabalho, especialmente no que se refere à organização da documentação para o atendimento das normas e a legislação vigente; ao controle de registros (pessoal, equipamentos e condições ambientais); à padronização de procedimentos para as atividades de enriquecimento, registro, multiplicação, caracterização morfológica, conservação, documentação, transferência, descarte de amostras e utilização de equipamentos; e à adequação física das instalações, além de capacitar os empregados. Hoje o BAG Capsicum da Embrapa Hortaliças com 36 anos possui cerca de 2.000 acessos, representados principalmente pelas cinco espécies domesticadas (C. annuum var.annuum, C. baccatum var.pendulum, C. chinense, C. frutescens e C. pubescens), dezenas de espécies semi-domesticadas e silvestres, provenientes de vários países e regiões brasileiras. A caracterização das espécies vem sendo feita com o apoio do pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Luciano Bianchetti, desde 1998. O material genético é armazenado em câmaras frias a 10°C e cópias são enviadas para o Banco Genético da Embrapa. Sabrina explica que a implantação do sistema da qualidade agrega valor ao BAG porque todas as atividades executadas no banco Capsicum estão sendo desenvolvidas com padrão único, com base nas normas internacionais de qualidade, garantindo o enriquecimento, multiplicação, caracterização, conservação, documentação, para uso do germoplasma nos intercâmbios e nos programas de melhoramento genético e processos agroindustriais. "No projeto QUALIVEG, o BAG Capsicum juntamente com o BAG Arroz e Feijão (semente) são pilotos e a expectativa é que sejam modelos para outros BAGs", comemora.Conferência dos Oceanos da ONU impulsiona ação oceânica
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