O maior esforço global para mitigar mudanças climáticas já idealizado por um estado subnacional.
O Estado de Mato Grosso por meio de seu governador lançou na Convenção do Clima (COP 21) realizada em Paris em dezembro de 2015, a “Estratégia: Produzir, Conservar e Incluir”, com o objetivo de captar recursos para o Estado de Mato Grosso objetivando a expansão e aumento da eficiência da produção agropecuária e florestal, a conservação dos remanescentes de vegetação nativa, recomposição dos passivos ambientais e a inclusão socioeconômica da agricultura familiar e gerar a redução de emissões e sequestro de carbono de 6 GTonCO2, mediante o controle do desmatamento e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.
A referida estratégia surgiu de uma construção coletiva e participativa envolvendo diferentes secretarias de estado, representantes de organizações não governamentais, empresas privadas e entidades representativas de setores da economia do Estado, partindo do pressuposto que o Estado poderia obter melhores resultados de sua atuação com o estabelecimento de parceria entre o setor público, o setor privado e o terceiro setor, buscando atender ao interesse social.
A Estratégia: Produzir, Conservar e Incluir constitui um conjunto de metas para auxiliar no cumprimento de seus objetivos.
Para a implementação da estratégia, foi criado o Comitê Estadual da Estratégia: Produzir, Conservar e Incluir – CEEPCI e sua estrutura organizacional, por meio do Decreto n° 468, de 31 de março de 2016. O Comitê tem como atribuição aprovar o planejamento das ações elaboradas pelas secretarias coordenadoras dos eixos temáticos, realizar o acompanhamento da implementação da estratégia e do cumprimento das metas, bem como a definição de sua estrutura de governança e mecanismos de captação de recursos.
METAS
PRODUZIR
Expansão e aumento da eficiência da produção agropecuária e florestal
Pecuária Bovina
Recuperar 2,5 Mha de áreas de pastagem de baixa produtividade até 2030
Aumentar a produtividade de 50 para 95 kgcw/ha/ano até 2030
Agricultura (soja, milho e algodão)
Ampliar a área de grãos em áreas de pastagem degradada de 9,5 para 12,5 milhões de hectares até 2030
Aumentar a produção de grãos de 50 para 92 Mton até 2030
Floresta Nativa
Ampliar a área sob manejo florestal sustentável de 2,8 para 6Mha até 2030
Floresta Plantada
Ampliar a área de florestas plantadas em áreas já abertas de 317 mil para 800 mil ha até 2030
Aumentar a produção de madeira plantada de 4,9 Mm3 para 11,75 Mm3 até 2030
CONSERVAR
Conservação da vegetação nativa e recomposição dos passivos
Desmatamento
Manter 60% da cobertura de vegetação nativa do Estado de Mato Grosso
Reduzir em 90% o desmatamento na floresta tendo como referência a linha de base: 2001-2010 (PRODES) de 5.714 km², alcançando 571km²/ano até 2030
Reduzir em 95% o desmatamento no cerrado tendo como referência a linha de base de 3.016 km² (SEMA), alcançando 150 km²/ano até 2030
Eliminar o desmatamento ilegal até 2020
Compensar 1M ha de área passível de desmatamento legal
Regularização Ambiental (Código Florestal)
Cadastrar 90% dos imóveis rurais (CAR) até 2016
Validar 100% dos CAR até 2018
Recompor 1M ha (100%) de APP degradada até 2030
Regularizar 5,8M ha (100%) de Reserva Legal, sendo 1,9 M ha por recomposição, até 2030
INCLUIR
Inclusão socioeconômica da agricultura familiar e populações tradicionais
Produção e Inclusão no Mercado
Ampliar o atendimento de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) da agricultura familiar de 30% para 100% das famílias até 2030
Aumentar participação da agricultura familiar no mercado interno de 20% para 70% até 2030
Ampliar participação dos produtos de agricultura familiar nos mercados institucionais de 15% para 30% até 2030
Aumentar o acesso a crédito de R$411 milhões para R$1,3 bilhões/ano até 2030
Regularização Fundiária
Realizar a regularização fundiária de 70% dos lotes de agricultura familiar até 2030
OFICINA (PCI)
Integrantes da Estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI) participaram de uma oficina em que foram apresentados os dados do mapeamento da situação para a implantação da iniciativa.
Conforme o diagnóstico, foram identificadas 204 ações em andamento no Estado executadas ou financiadas por 381 instituições públicas ou privadas que vão ao encontro dos objetivos da PCI. O levantamento apontou ainda seis temas chaves transversais entre os três eixos da Estratégia que podem ser convertidos em fatores habilitados para atingir as 21 metas estabelecidas.
O mapeamento foi realizado pela empresa de consultoria Trama, contratada pela Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH), entidade financiada e dirigida pelos governos dos Países Baixos, Dinamarca, Suíça e Noruega. O IDH é um dos 43 membros da PCI. O diretor-executivo do Comitê Estadual da Estratégia PCI, Fernando Sampaio, explica que o diagnóstico é a primeira fase do planejamento das ações. O próximo passo será a construção do mapa do caminho.
Conforme Sampaio, o mapa do caminho será desenhado com base nos seis temas chaves identificadas pelo mapeamento, sendo eles: mecanismos de financiamento; regularização ambiental e restauração florestal; regularização fundiária; mercados regionais e da sociobiodiversidade; agregação de valor e mercados internacionais e difusão de tecnologias e boas práticas. “A estratégia prevê até o ano de 2030 o alcance de um conjunto de metas e para atingi-las temos que desenhar esse mapa. Então, a nossa didática será apontar as ações prioritárias e resolver os gargalos”.
Para o secretário executivo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), André Torres Baby, o trabalho participativo é importante nessa etapa das discussões. Ele avalia que ao avançar nesses temas transversais automaticamente as metas ficam mais fáceis de serem alcançadas. “Assim conseguimos encontrar as soluções para as problemáticas de cada um dos eixos”.
Jean Campos, secretário do Gabinete de Assuntos Estratégicos (GAE), pasta responsável pela coordenação geral da Estratégia PCI, acredita que nunca foi tão importante a conjunção de esforços na tentativa de minimizar os danos ambientais causados pelas atividades econômicas, levando-se em conta os impactos sociais. “É preciso pensar em todos esses aspectos simultaneamente para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, e a Estratégia PCI responde a este desafio”, ressalta Jean.