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Escrito por Neo Mondo | 30 de setembro de 2017
POR - WWF BRASIL
Deputados retomam ofensiva contra áreas protegidas
Um dos projetos mais polêmicos contra as áreas protegidas está prestes a ser aprovado em uma das comissões da Câmara. Nos últimos dias, deputados ligados à bancada ruralista retomaram a pressão para que seja votado o PL 3751/15, que revoga as unidades de conservação cujos moradores não sejam indenizados no período de cinco anos após sua criação.
Hoje, essas áreas são criadas e o governo não tem um prazo certo para indenizar quem teve as terras convertidas para a conservação. De acordo com o projeto, o Poder Público não mais poderá criar UCs, a não ser que disponha, no ato da criação, de orçamento para eventuais regularizações fundiárias. Este é o principal problema do projeto, pois o governo só dispõe de recursos para indenizações desse tipo depois que o Congresso Nacional aprova o Orçamento da União. Embora pareça facilitar as coisas para o governo na hora de criar UCs, o projeto é um obstáculo a mais para as áreas protegidas, pois órgãos como o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) já trabalham no limite orçamentário. Segundo nota técnica do Ministério do Meio Ambiente (MMA) ao PL 3751, "não há como fazer previsão orçamentária adequada para algo que ainda não existe. E depois que a unidade é decretada, ter orçamento para indenizar todas as terras privadas eventualmente incluídas nos seus limites depende diretamente do Congresso, que tem o poder de aprovar o orçamento".Para o MMA, a proposta também “viola os dispositivos constitucionais que visam assegurar o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e procura incorporar à legislação exigências para o Poder executivo cuja exequibilidade depende do Congresso Nacional".
Segundo cálculos do ICMBio, existem 56 mil quilômetros quadrados de terras privadas ainda não indenizadas no interior de UCs federais. Esse número poderá chegar a 100 mil quilômetros quadrados, conforme estimativas do próprio instituto. O projeto do deputado federal Toninho Pinheiro (PP/MG) está na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara (CFT) para votação a qualquer momento. Nesta quinta-feira (28), o relator Alfredo Kaefer (PSL-PR) mostrou-se favorável ao projeto, mas apresentou duas emendas – aumentando de dois para cinco anos a indenização obrigatória.Conferência dos Oceanos da ONU impulsiona ação oceânica
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