Escrito por Neo Mondo | 29 de janeiro de 2018
POR - CENTRAL PRESS / NEO MONDO
Foto Banner - Parque Estadual do Cânion do Rio Poti Devian Zutter
Espécie ameaçada e símbolo da Caatinga é encontrada no Cânion do Rio Poti, área estratégica para a preservação da Caatinga
Uma das áreas mais importantes para a conservação da Caatinga, a região do Cânion do Rio Poti, no Piauí, ganhou uma importante Unidade de Conservação (UC): o Parque Estadual do Cânion do Rio Poti. Localizado em uma região que conta com um território preservado, o local ocupa uma área de mais de 844 mil quilômetros quadrados e abriga cerca de 1.400 espécies de animais, entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e insetos - dos quais muitos só ocorrem naquela região e estão em risco de extinção -, o que o torna estrategicamente importante.
Por isso, com o objetivo de proteger esta espécie-símbolo e seu habitat, o ‘Programa de Conservação do Tatu-bola’, da Associação Caatinga, que conta com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, conduziu estudos durante o ano de 2017 que complementaram a ideia da criação do Parque Estadual do Cânion do Rio Poti. A ideia, segundo a responsável técnica do projeto, Flávia Miranda, é que o Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), sirva como uma espécie guarda-chuva, ou seja, que com esse trabalho, outras espécies como o Urubu-rei (Sarcorampus papa), o Morcego vermelho (Myotis ruber) e o Gato maracajá (Leopardos wiedii), por exemplo, sejam protegidos de forma indireta.
A área de 6.670 hectares foi apresentada inicialmente após estudos detalhados da região, incluindo os recursos hídricos, a vegetação local e o mapeamento das áreas de ocorrências de espécies ameaçadas de extinção, e ampliada em 271% após consultas públicas, resultando em uma área de 24.772,23 hectares. Além de ser um território importante para a conservação e preservação, o local também tem alto potencial turístico e engloba nascentes de cursos importantes de água, escassos em todo o Estado.
“O próximo passo será realizar mais expedições, onde até então não existem registros de Tatu-bolas, mas que as análises do bioma mostram que é possível que haja a ocorrência do animal. Assim aumentamos a área de distribuição da espécie e temos mais um subsídio para novas áreas de criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s), Áreas de Proteção Ambiental (APA’s) e reservas legais” explica a responsável técnica pelo projeto, Flávia Miranda.
A Caatinga é a região semi-árida mais rica em biodiversidade do planeta e essa riqueza é encontrada em abundância na região do Cânion do Rio Poti, motivo pelo qual a região foi escolhida para a criação do Parque Estadual. “O local é perfeito para a criação do parque, primeiro pela rica biodiversidade, mas também pela pouca diversidade populacional e pela ocorrência de inúmeras gravuras rupestres nos sítios arqueológicos encontrados por lá”, conta Flávia.
Segundo a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes, quanto mais Unidades de Conservação forem criadas, mais preservada estará a biodiversidade brasileira. “As UCs são importantíssimas não apenas para a conservação da natureza, mas também para a vida e o bem-estar dos brasileiros. São áreas protegidas que fornecem serviços ambientais essenciais como água limpa, purificação do ar, regulação do microclima e sequestro de carbono, além de representar geração de renda para milhares de brasileiros, pois muitos são importantes pontos turísticos naturais de grande beleza cênica”, avalia.
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