Gestão correta da terra é um recurso crítico para combater as mudanças climáticas, diz o IPCC
Mais recente relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas mostra que há limites para a contribuição da terra para enfrentar as mudanças climáticas.
Por ELENI LOPES, DIRETORA DE REDAÇÃO DE NEO MONDO
A terra já está sob crescente pressão humana e as mudanças climáticas são um fator adicional de influência. Ao mesmo tempo, manter o aquecimento global bem abaixo de 2 graus Celsius pode ser alcançado apenas com a redução das emissões de gases de efeito estufa de todos os setores, incluindo terra e alimentos. Esta é a conclusão do mais recente relatório divulgado pelo IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, divulgado em agosto.
O documento mostra ainda que uma melhor gestão da terra pode contribuir para combater as mudanças climáticas, mas não é a única solução. A saída mais indicada é união de esforços dos mais diversos setores para reduzir as emissões de gases de efeito estufa para bem abaixo de 2 graus Celsius, sendo 1,5 graus Celsius o valor mais indicado.
O relatório do IPCC se firma como uma contribuição científica essencial para as próximas negociações sobre clima e meio ambiente, como a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação (COP14) em Nova Délhi, na Índia, e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP25), em Santiago, no Chile.
“Os governos desafiaram o IPCC examinar de forma abrangente todo o sistema climático terrestre. Fizemos isso através de muitas contribuições de especialistas e governos em todo o mundo. Esta é a primeira vez na história do relatório do IPCC que a maioria dos autores – 53% – são de países em desenvolvimento”, disse Hoesung Lee, presidente do IPCC.
Para o IPCC, a terra deve permanecer produtiva para manter a segurança alimentar à medida que simultaneamente ocorre o aumento da população mundial e os impactos negativos das mudanças climáticas sobre a vegetação. Isso significa que há limites para a contribuição da terra para enfrentar as mudanças climáticas. O Painel também alerta que também leva tempo para que as árvores e os solos armazenem carbono de maneira eficaz. A bioenergia precisa ser cuidadosamente gerenciada para evitar riscos à segurança alimentar, biodiversidade e degradação do solo. Os resultados desejáveis dependerão de políticas e sistemas de governança apropriados.
“Agricultura, silvicultura e diversos outros tipos de uso da terra são responsáveis por 23% das emissões de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, os processos naturais da terra absorvem dióxido de carbono equivalente a quase um terço das emissões dos combustíveis fósseis e da indústria”, afirma Jim Skea, copresidente do Grupo de Trabalho do IPCC. “As terras já em uso podem alimentar o mundo em um clima em mudança e fornecer biomassa para energia renovável, mas são necessárias ações rápidas e de longo alcance em várias áreas, sem deixar de lado as medidas para a conservação e restauração de ecossistemas e biodiversidade”, completa.
O relatório completo pode ser acessado pelo link https://www.ipcc.ch/report/srccl/