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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Ativismo ambiental no Twitter quadruplicou no Governo Bolsonaro
O Brasil produziu o maior número de assinaturas em campanhas em prol da biodiversidade e da natureza no mundo: contribuiu com 23 milhões de assinaturas online, o que representa 14% de assinaturas globais. Os tuítes relacionados a esses assuntos aumentaram 82% no período, assim como o volume de notícias (aumento de 60%). Notícias específicas sobre protestos contra a destruição da natureza atingiram o pico em 2019.
Os dados compõem o mais amplo e atual retrato do ativismo digital em escala global, relatório que acaba de ser divulgado pela Economist Intelligence Unit (EIU) nesta terça (18): “An Eco-wakening: Measuring global awareness, engagement and action for nature” – ”Um Ecodespertar: Medindo a consciência, engajamento e ação global para a natureza”, em tradução livre. Realizado a pedido do WWF, o documento engloba 54 países com 27 idiomas, onde vive 80% da população mundial, cobrindo um período de cinco anos (2016-2020). A pesquisa vem à público às vésperas do Dia Internacional da Biodiversidade, estabelecido em 22 de maio pela ONU para aumentar a compreensão e a consciência sobre as questões da biodiversidade, sugerindo que o “despertar ecológico” já é uma realidade.
Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil ressalta que os resultados da pesquisa refletem o atual cenário político do Brasil: “nunca tivemos tanto retrocesso ambiental em um período tão curto, e os números mostram a desaprovação à gestão Bolsonaro. O fato de o Brasil assumir a liderança nesse tipo de ativismo online não é surpresa”.
O Relatório indica que em todo o mundo, o interesse público e a preocupação com a natureza aumentaram 16% nos últimos cinco anos e continuam a crescer durante a pandemia da COVID – 19. Para Gabriela Yamaguchi, diretora de Sociedade Engajada do WWF-Brasil, a pesquisa mostra a centralidade do ativismo digital: “As redes digitais são o local atual do debate público, onde as pessoas expressam suas ideias e defendem suas convicções. Campanhas e abaixo-assinados virtuais são formas legítimas de expressão que tornam o exercício da cidadania mais possível e fortalecido. Mais um motivo de porque o acesso digital é uma prioridade para toda a sociedade brasileira, principalmente as populações mais fragilizadas pela pandemia”, completa.
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Meio ambiente em perigo no Brasil
Entre 2016 e 2020, um total de 159 milhões de pessoas assinaram petições online em apoio à natureza, de acordo com a Avaaz, organização sem fins lucrativos que promove o ativismo global. O maior número de assinaturas para campanhas de perda da natureza e biodiversidade veio de pessoas no Brasil (23 milhões).
No Twitter, o volume de postagens relacionadas à biodiversidade e à perda da natureza aumentou 65% desde 2016. Essa tendência é mais forte na América Latina, onde o número de mensagens relacionadas a essa temática disparou 136% entre 2016 e 2019. O crescimento de tuítes entre 2016 e 2019 que mencionam a natureza têm origem na América Latina e pode ser explicado, em parte, pelos incêndios florestais ocorridos em 2019.
O Brasil concentra o maior número de usuários do Twitter na região (12 milhões), seguido pelo México (9 milhões) e Argentina (5 milhões). A hashtag #PrayForAmazonia – que virou Trending Topic em 2019 – apareceu em mais de 3 milhões de tweets. Alguns dos tuítes mais populares, ou seja, que receberam milhares de “curtidas”, criticaram o presidente do país, Jair Bolsonaro, por não agir enquanto expressivas áreas do ambiente natural do Brasil ardiam em chamas.
Os cliques no Google também revelam uma popularidade crescente de pesquisas relacionadas à natureza, impulsionadas principalmente pela Ásia, América Latina e em países como Indonésia (53%) e Índia (190%). A pesquisa indica que o crescimento do ativismo digital é mais acentuado nas economias emergentes e em desenvolvimento. A quase totalidade (96%) dos entrevistados localizados na América Latina, região que apresentou o índice mais alto entre as pesquisadas, vê a perda da natureza como um sério problema global. Essa mudança no sentimento do público reflete uma dura realidade, já que as pessoas nos mercados emergentes têm maior probabilidade de sofrer o impacto devastador da perda da natureza.
Sobre o relatório
Intitulado “Um Ecodespertar: Medindo a consciência global, engajamento e ação pela natureza”, o relatório mostra que o ativismo digital faz parte do jogo democrático. A maior preocupação com a natureza em todo o mundo fica evidente no crescimento em menções à natureza e a biodiversidade, que passaram de 30 milhões para 50 milhões nos últimos quatro anos. Construindo uma era de protestos e petições, mais consumidores em todo o mundo estão mudando seu comportamento, por exemplo, alterando seus hábitos de compra de acordo com seus valores. A análise encontrou um aumento impressionante de 71% na popularidade das pesquisas por produtos sustentáveis desde 2016, aumentando em países de alta renda, como Reino Unido, EUA, Alemanha, Austrália e Canadá. No entanto, a tendência vai além dessas economias – na verdade, também se acelerou nas economias em desenvolvimento e emergentes, por exemplo, Indonésia (24%) e Equador (120%). Essa pressão está forçando as empresas a responder, principalmente nos setores de cosméticos, farmacêutico, moda e alimentos.