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ARTIGO
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POR – ELLEN CARBONARI*, PARA NEO MONDO
O investimento social privado – ou seja, o repasse voluntário de recursos privados para projetos sociais, ambientais, culturais e científicos de interesse público – atingiu, no ano de 2021, o valor de R$ 7 bilhões para o enfrentamento à crise sanitária e econômica brasileira, segundo números do Monitor de Doações da Convis-19 da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos). O valor foi categorizado como a maior destinação de recursos à uma causa única pela ABCR e aponta para uma mudança na forma como o setor privado aporta recursos para a transformação social: se na década de 90 e anos 2000 os valores eram destinados a institutos e fundações próprios, as organizações agora buscam inovadores que realmente sofrem com o problema.
Esta mudança de paradigma sobre o investimento social foi uma das provocações realizadas pelo Prof. Dr. Clayton Christensen em 2006, em artigo para a Harvard Business Review, no qual o economista americano aponta os volumes elevados de investimento para educação e saúde norte-americanas em contraponto a resultados sistematicamente ineficazes. Na pesquisa, Christensen chega a conclusão que, mais do que aumentar o volume de investimento, é preciso verificar o direcionamento dos mesmos.
Tradicionalmente, os investimentos sociais são feitos de forma sistemática em soluções relativamente específicas ou que servem a um grupo reduzido de pessoas; em sua abordagem via inovação disruptiva, o acadêmico sugere um olhar para aquelas organizações inovadoras que abordam os problemas sociais de forma escalável, sustentável e capazes de alterar paradigmas de mercado.
A inovação Catalítica, como denominada pelo professor, é aquela capaz de alterar o status quo de um problema social através de soluções mais simples e baratas do que aquelas existentes. Elas são capazes de criar mudança social sistêmica via escala e replicação, respondem a um problema que possui uma solução muito complexa (e pode ser simplificada) ou que não é atendido pelo mercado; tende a ofertar serviços mais simples e baratos que os existentes e pode ser, por vezes, ignorado pelo segmento de mercado ao qual responde por parecer, em um primeiro momento, não lucrativo.
Foi essa a estratégia adotada pelo investimento social privado em 2021 ao investir em startups sociais ou ONGs que estão desenhando funis de inovação para ampliar o impacto socioambiental gerado por sua atuação. Educação, saúde, segurança alimentar e soluções para a matriz energética nacional são alguns dos mercados nacionais aquecidos e que aguardam tanto a continuidade de investimentos quanto o direcionamento destes para uma inovação assertiva e escalável.
Nesta via de oportunidades para a mudança social, aceleradoras, fundos de investimento, incubadoras e outros agentes estão se associando cada vez mais com institutos e fundações para que, juntas, possam mapear e fomentar iniciativas feitas por pessoas e para pessoas que sofrem com os problemas adereçados e que proponham soluções próprias daqueles que o vivem.