O veleiro Kat, escolhido para essa iniciativa que conta com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, foi construído em 2014 – Foto: Voice of the Ocean
POR – ONU NEWS / NEO MONDO
Velejadores brasileiros dão volta ao mundo promovendo combate à poluição plástica, proteção de ecossistemas e reaproveitamento; projeto Voz dos Oceanos é apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnuma
Em expedição pela América do Norte, a família Schurmann deixou Nova Iorque, na quarta-feira, a caminho de Boston como parte do projeto Voz dos Oceanos pelo fim da poluição plástica.
Em entrevista à ONU News, Heloísa Schurmann, a mãe da família, e Erika Cembe Ternex contaram como a tripulação do veleiro Kat adotou fontes limpas de energia e processo de dessalinização para água potável.
Sustentabilidade à vista
Velejando há quase um ano por mares livres de resíduos plásticos, os Schurmann idealizaram uma embarcação sustentável e com ferramentas para que eles pudessem produzir pouco lixo e reaproveitar tudo que fosse possível.
O veleiro Kat, escolhido para essa iniciativa que conta com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, foi construído em 2014.
Foi a bordo dele, que a família já chegou aos quatro cantos do mundo. Numa dessas paradas, na Nova Zelândia, o Kat ganhou outra integrante, a italiana Erika Cembe Ternex.
Responsável pela cozinha e logística da expedição, ela afirma que é possível e simples viver de forma mais sustentável.
Duas pequenas hortas e uma máquina que quebra vidro
“A gente quer mostrar que é possível fazer mesmo no cantinho da sua casa, sabe? Você consegue se organizar de um jeito sustentável. A gente também tem duas pequenas hortas […] a gente faz compostagem… É um sistema super fácil e como é anaeróbico, não faz cheiro nenhum. Está na nossa mesa principal e é super prática. Realizamos o sonho de ter um ‘glass crusher’, uma máquina que quebra vidro. Ela quebra de um tamanho tal que você pode até botar a mão, vira areia mesmo.”
Durante a passagem da tripulação por Nova Iorque, eles levaram o vidro triturado de 250 garrafas para um projeto no Instituto de Tecnologia de Nova Jérsei que mistura vidro e plástico para ser usado como concreto.
Uma baita ajuda
Além disso, Erika Cembe Ternex explica que todos os resíduos são separados para que tenham um fim adequado.
“A gente separa até remédio. A gente separa o nosso lixo em papel, plástico e lata e temos também uma compactadora. Depois de separar, a gente consegue compactar em até 80%, porque no barco o desafio do espaço é muito grande, e às vezes, a gente não espera. A gente está no mar por 15 dias seguidos, não tem um lugar para onde você levar o seu lixo, sabe? Então, compactar 80% dá uma baita de uma ajuda.”
A energia utilizada a bordo também vem de fontes limpas, com painéis solares e eólicos. Todas as lâmpadas instaladas no veleiro são LED e as baterias de lítio.
Inovações verdes
Já a velejadora Heloísa Schurmann conta sobre outro processo inovador que a família faz dentro do Kat. O amor pelo oceano é tão grande, que eles buscaram uma tecnologia para poder transformar a água salgada em água potável enquanto navegam.
“Toda a nossa água potável é através de um dessalinizador. Nós bebemos água do oceano, gente! Além disso, toda a nossa água de esgoto […] é tratada. Ela é tratada por um equipamento que foi construído no Brasil e que provou e testou toda a água tratada. Depois que ela passa por esse processo de tratamento sem nenhuma química, ela passa por lâmpadas ultravioletas”
De acordo com informações disponibilizadas no portal da família, o nome do barco é uma homenagem à Kat Schurmann.
A neo-zelandesa foi adotada por eles aos três anos e morreu em 2006, aos 13 anos de idade, devido a complicações decorrentes do vírus HIV com o qual convivia desde seu nascimento.
Além de Heloísa e Erika, a tripulação do veleiro Kat conta com os filhos de Vilfredo e Heloísa Schurmann: David, Wilhelm e Pierre.