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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Sem uma cooperação global, as interconexões entre as crises de aumento do custo de vida, déficits de oferta de energia e alimentos, falhas na mitigação e adaptação climática, rivalidades geopolíticas e ataques cibernéticos podem gerar um cenário de crise múltipla sem paralelo, segundo o documento
A Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial começa hoje (16.01) em Davos, na Suíça, com um alerta. Sem uma cooperação global entre países e, principalmente, entre os setores público e privado, o mundo pode entrar num cenário de “policrises”, com um aglomerado de problemas globais de impactos combinados e consequências imprevisíveis. A constatação está no 18ª Global Risks Report (Relatório de Riscos Globais), produzido pela consultoria de riscos e corretora Marsh e a Seguradora Zurich, em parceria com o Fórum Econômico Mundial.
O relatório ressalta que o esperado fim da pandemia abriria caminhos para a volta à normalidade, mas foi marcado pela deflagração da guerra na Ucrânia, gerando uma série adicional de crises, que provavelmente persistirão nos próximos dois anos. Os conflitos e tensões geoeconômicas desencadearam uma série de riscos globais interconectados que inclui crises de fornecimento de energia e alimentos.
Essas crises fizeram retornar riscos considerados “mais antigos” como inflação, aumento do custo de vida, guerras comerciais, saídas de capital de mercados emergentes, tumulto social generalizado, confrontos geopolíticos e ameaças de um conflito nuclear – que poucos líderes empresariais e formuladores de políticas públicas desta geração já vivenciaram.
Isso vem sendo ampliado por desenvolvimentos comparativamente novos no cenário de riscos globais, incluindo níveis insustentáveis de dívida, uma nova era de baixo crescimento, baixo investimento global e desglobalização, um declínio no desenvolvimento humano após décadas de progresso, além da crescente pressão dos impactos da mudança climática.
De acordo com Carolina Klint, líder de gerenciamento de riscos da Marsh para a Europa Continental, 2023 está marcado por riscos crescentes relacionados a alimentos, energia, matérias-primas e cibersegurança, trazendo novos prejuízos às cadeias de abastecimento globais e causando impacto nas decisões sobre investimento. “Em um momento em que países e organizações deverão estar incrementando esforços de resiliência, os obstáculos econômicos restringirão a sua capacidade de fazer isso. Deparadas com as condições geoeconômicas mais difíceis em uma geração, as empresas deverão se voltar não somente aos cuidados com as preocupações no curto prazo, mas também com as estratégias de desenvolvimento que as posicionarão bem para os riscos de longo prazo e a mudança estrutural”, diz.
Mudanças climáticas e perda da biodiversidade
Em tempo recorde o mundo vive uma série de choques e as crises de curto prazo podem prejudicar os esforços para enfrentar os riscos de longo prazo, principalmente os relacionados ao meio ambiente. Segundo o documento, se a crise do custo de vida é o maior risco de curto prazo, o fracasso da mitigação climática e da adaptação climática são as maiores preocupações na próxima década.
Entre os riscos ambientais no longo prazo estão, falha na mitigação da mudança climática, falha na adaptação à mudança climática, desastres naturais e eventos climáticos extremos, perda da biodiversidade e colapso do ecossistema e crise de recursos naturais. A “perda da biodiversidade e colapso do ecossistema” é vista como um dos riscos globais mais rapidamente acelerados durante a próxima década. Para John Scott, chefe de risco de sustentabilidade do Zurich Insurance Group, a interação entre impactos da mudança climática, perda de biodiversidade, segurança alimentar e consumo de recursos naturais é um coquetel perigoso. Sem uma mudança política significativa ou investimentos, esta combinação apressará o colapso do ecossistema, ameaçará as ofertas de alimentos, amplificará os impactos dos desastres naturais e limitará novo progresso da mitigação climática.” Se acelerarmos a ação, ainda existe uma oportunidade, no final da década, de alcançar uma trajetória de 1,5ᵒC e abordar a emergência da natureza. O recente avanço na implantação de tecnologias de energia renovável e veículos elétricos nos fornece bons motivos para sermos otimistas”, afirma.
Confira AQUI o Relatório de Riscos Globais.