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POR – AGÊNCIA CONVERSION, PARA NEO MONDO
O PFA está presente em diversos tipos de produtos de uso diário, e sua produção desenfreada e difícil decomposição contaminam os biomas
O uso indiscriminado e excessivo de produtos químicos por décadas faz pagar seu preço até os dias atuais. É o que reporta uma série de estudos e levantamentos feitos na Europa, que indicam que os “químicos eternos”, nome pelo qual são conhecidas as substâncias per e polifluor alquil, também chamadas de PFA, estão espalhados por todos os continentes.
Essas substâncias carregam um risco potencial gigantesco à saúde humana, animal e ambiental, o que inclui câncer, disfunções hormonais, alterações metabólicas, entre outros problemas. Sua ação no meio ambiente tem um efeito em cadeia, passando de animal para animal, além de se acumularem nos solos e na água, uma vez que se trata de um composto químico muito forte e de baixa decomposição, daí derivando sua qualidade de “eterno”.
Sua grande aplicação nas mais diversas indústrias é a principal causa da sua disseminação. O PFA tem características antiaderentes e impermeáveis, e pode ser encontrado em panelas – no caso, o teflon –, roupas, embalagens, ceras e também em cosméticos, totalizando mais de 4.700 produtos que utilizam o composto.
A Europa é o continente mais atingido pela PFA. Segundo um consórcio de jornalistas oriundos de diversos países europeus, existem mais de 17 mil áreas onde a presença da substância apresenta níveis preocupantes de contaminação, sendo que uma fração significativa delas traz riscos reais para a saúde humana.
Por conta disso, autoridades ao redor do mundo têm se movimentado para regulamentar e tentar diminuir pelas vias legais o uso dos químicos eternos. No entanto, ainda esbarram no lobby das empresas que utilizam o PFA. A queixa principal é a diminuição na produção dos bens de consumo, aumento nos custos de produção e impacto nas cadeias de valor.
A União Europeia está mais avançada neste debate, abarcando até mesmo países que não fazem parte do bloco, caso da Noruega. Em declaração uníssona, tentam emplacar uma lei que venha a banir definitivamente o uso da substância. Neste caso, a opinião pública tem um peso especial: investidores, ONGs e consumidores estão cobrando a extinção e a subsequente substituição do químico por outras substâncias menos perigosas.
As grandes empresas, por sua vez, pedem um pouco mais de tempo. Enquanto gigantes como 3M se comprometem em parar de produzir PFA ainda nesta metade de década, outras, como as representadas pelo grupo FPP4EU, que reúne 14 fabricantes do produto, pedem tempo e isenções. O fato é que ações serão necessárias para driblar essa dependência, vigente desde os anos 1940.
Enquanto o que se convencionou chamar de a “maior regulamentação da indústria química europeia” não vem, continua-se a observar os impactos negativos da contaminação. Animais ao redor de todo o globo já foram diagnosticados com contaminação com PFA, com exceção feita apenas à Antártida. Os animais podem ainda ser bioacumuladores, ou seja, carregarem consigo o químico por toda a cadeia alimentar.
A cobrança por mais sustentabilidade ambiental é, portanto, uma necessidade para a manutenção da vida com qualidade. A busca por um consumo mais consciente e menos prejudicial ao meio ambiente é um direito e também um dever de todas as pessoas, por mais difícil que seja o processo de reversão das consequências do mau uso de substâncias tóxicas.