Ilustração de uma máquina da indústria de mineração em águas profundas – Foto: Jack Cowley / Greenpeace
Por – Lu Sudré, Greenpeace Brasil / Neo Mondo
A regulamentação dessa indústria está sendo analisada pelos líderes globais; entenda os riscos
A regulamentação da mineração em águas profundas está sendo discutida em reuniões da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), na Jamaica, neste mês de julho. Os governos globais estão diante de um momento-chave para frear o avanço desta indústria, extremamente nociva à vida marinha.
A mineração no mar profundo consiste em enviar máquinas para o fundo do oceano, onde elas irão escavar, dragar e minerar em busca de metais e minérios. O Brasil já fez sua parte e recentemente se posicionou a favor de uma pausa preventiva de 10 anos, até que mais informações sobre os impactos da atividade sejam conhecidos.
Confira alguns dos principais motivos para que o mundo diga não à mineração em águas profundas:
1. É um grande perigo para a vida nos oceanos
Explorar o fundo do mar com máquinas monstruosas pode trazer riscos graves e irreversíveis aos oceanos e à vida marinha. Habitats inteiros podem ser destruídos e uma infinidade de espécies impactadas.
2. Agrava a crise climática
As profundezas dos oceanos são depósitos importantes de “carbono azul” – o carbono que é naturalmente absorvido pela vida marinha e que permanece armazenado nos sedimentos do fundo do mar por milhares de anos, ajudando a desacelerar as mudanças climáticas.
3. Ameaça criaturas marinhas que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta
Estamos falando de uma biodiversidade única, ainda pouco conhecida pela ciência. Os mares profundos estão cheios de criaturas “estranhas” e encantadoras.
4. Impacta comunidades costeiras
A mineração em águas profundas também coloca em risco os meios de subsistência das comunidades costeiras e pesqueiras das ilhas do Pacífico, onde estão sendo realizados testes de exploração, mais precisamente na Zona Clarion-Clipperton.
Caso os estoques pesqueiros, por exemplo, sejam afetados pela atividade, a segurança alimentar dessas populações estaria comprometida. Além disso, plumas de sedimentos que resultam do próprio processo de extração e vazamentos de substâncias potencialmente tóxicas dos navios podem atingir espécies para além das que vivem no mar profundo.
5. Interfere na comunicação e no deslocamento das baleias
O barulho que as gigantescas máquinas da indústria de mineração em águas profundas produzem podem atrapalhar a comunicação e o deslocamento das baleias nos oceanos, segundo estudo publicado na revista Frontiers in Marine Science em fevereiro deste ano.
Os pesquisadores apontaram que são necessárias mais estudos para avaliar o risco que essa atividade pode representar aos grandes mamíferos marinhos. Além disso, a mineração também gera uma poluição luminosa que pode impactar a vida de animais acostumados com a escuridão do mar profundo.
6. Ainda conhecemos muito pouco do mar profundo
Conhecemos mais sobre a superfície da Lua do que sobre as profundezas dos oceanos. Permitir que a ciência estude e conheça mais dessa biodiversidade, é essencial para protegê-la.
Há ainda um outro aspecto que deve ser considerado: Pesquisadores alemães do Alfred Wegener Institute (AWI) publicaram um estudo em março deste ano, no qual apontaram que nódulos de manganês podem apresentar altos níveis de radiação. Um risco para os trabalhadores que irão lidar com esse material durante e após o processamento.
Participe do nosso abaixo-assinado contra a mineração em águas profundas