Para a maior parte da população, os combustíveis fósseis estão diretamente associadas ao agravamento da crise climática – Imagem: Freepik
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Estudo encomendado pelo Instituto Pólis ao IPEC revela que 98% dos brasileiros afirmam estar preocupados com nova ocorrência de pelo menos um evento extremo
Pesquisa inédita do Instituto Pólis realizada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) em todo o território nacional mostra o tamanho do impacto das mudanças climáticas na população brasileira. Segundo os números, 7 em cada 10 pessoas já vivenciaram pelo menos um evento extremo associado às mudanças climáticas. Frente ao novo cenário da questão climática no país – fortes chuvas, falta d’água, ondas de calor extremo, ciclones e queimadas – os brasileiros (84%) demonstram preocupação com o futuro e apoiam o investimento em fontes renováveis de energia.
Para a maior parte da população, as fontes não-renováveis de energia estão diretamente associadas ao agravamento da crise climática: petróleo (73%), carvão mineral (72%) e gás fóssil (67%) são considerados os principais culpados.
A pesquisa foi realizada presencialmente em todas as regiões do país entre 22 e 26 de julho de 2023. A amostra tem 2 mil respostas e intervalo de confiança de 95%, com margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Os dados completos estão disponíveis no site do Pólis.
Segundo Henrique Frota, diretor-executivo do Instituto Pólis, “a pesquisa indica, de forma inédita, que há uma tendência de custo político cada vez mais elevado se o caminho das decisões governamentais continuar sendo no investimento de fontes não-renováveis”. Além disso, “os números mostram que os brasileiros querem investimento prioritário em fontes renováveis e entendem essa decisão como fundamental para o combate às mudanças climáticas”.
Crise climática já é uma realidade fortemente sentida pela população brasileira
A pesquisa revela que os impactos negativos das mudanças do clima estão afetando um número cada vez maior de pessoas e tendem a fazer parte do cotidiano com mais frequência: 7 em cada 10 pessoas já vivenciaram pelo menos um evento extremo associado às mudanças climáticas.
Dentre os eventos que mais atingiram a população, estão: chuvas muito fortes (20%); seca e escassez de água (20%); alagamentos, inundações e enchentes (18%); temperaturas extremas (10%); apagão de energia (7%); ciclones e tempestades de vento (6%); e queimadas e incêndios (5%).
Preocupação com o futuro
Segundo os dados, a grande maioria da sociedade brasileira entende que os eventos extremos continuarão ocorrendo. Há alto grau de preocupação com a hipótese de serem impactadas: 98% das pessoas declararam estar preocupadas com nova ocorrência de pelo menos um evento extremo.
Os eventos associados à crise climática que mais causam sensação de alerta e preocupação entre a população são: falta d’água ou seca (34%); alagamentos, inundações e enchentes (23%); queimadas e incêndios (18%); chuvas muito fortes (17%); temperaturas extremas (16%); deslizamentos de terra (14%); escassez de alimentos e fome (14%); ciclones e tempestades de vento (13%); e ocorrência de novas pandemias sanitárias (13%).
Diferenças regionais e por grupo social
A maior incidência de certos eventos por região do país, ou seu impacto desproporcional sobre alguns grupos sociais, faz com que o grau de alerta e preocupação varie. Ciclones e tempestades de vento, por exemplo, preocupam proporcionalmente mais a população da região Sul (29% frente à média nacional de 13%). Já alagamentos, inundações e enchentes (23% nacionalmente) preocupam mais as classes D/E (25%) do que as classes A/B (19%).
Transição energética é percebida como fundamental
Os brasileiros entendem que o investimento em fontes renováveis é chave para o combate às mudanças climáticas. A população defende a diversificação da matriz energética brasileira por meio de mais investimentos em fontes renováveis, em detrimento da continuidade de subsídios aos fósseis. Para a grande maioria dos entrevistados (84%), as prioridades de investimento do país devem ser centradas na energia solar (57%), hídrica (14%) e eólica (13%).